E os Correios?

Aécio Neves – Folha de S. Paulo – 27/04/2015

Dias atrás, a Justiça atendeu ao pedido da Associação dos Profissionais dos Correios e suspendeu o pagamento das contribuições extras de participantes do fundo de pensão Postalis como forma de equacionar o enorme rombo existente, resultado da negligência e da crônica má gestão.

Revisito a matéria porque, com todas as atenções voltadas para os graves desdobramentos do escândalo da Petrobras, outras situações não menos graves vão se diluindo sem conseguir mobilizar o país.

É exatamente o que acontece com a crise dos Correios, outra empresa que se transmudou em uma espécie de resumo das mazelas que ocorrem no país: corrupção, compadrio, ineficiência e uso vergonhoso do Estado em favor de um partido político.

Nos últimos anos, os Correios, assim como outras empresas públicas e seus fundos de pensão, foram ocupados pelo PT. Na campanha eleitoral do ano passado, a estatal foi instrumento de graves irregularidades.

A propaganda da candidata oficial à época foi distribuída sem o devido e necessário controle. A consequência foi que milhões de peças podem ter sido encaminhadas sem o pagamento correspondente. Recentemente, o TCU concluiu que a empresa agiu de forma irregular. Até aqui, pelo que se sabe, ficou por isso mesmo.

Mas não foi só isso. Além de fazer o que não podiam, os Correios não fizeram sua obrigação: deixaram de entregar correspondências eleitorais pagas pelos partidos de oposição. Ação na Justiça denuncia que correspondências de partidos com críticas ao PT simplesmente nunca chegaram aos seus destinatários.

Some-se a isso o escândalo do vídeo gravado durante uma reunião, no qual um deputado petista cumprimenta funcionários da empresa e, sem nenhum pudor, reconhece o uso político dos Correios. Diz ele: “Se hoje nós estamos com 40% [de votos] em Minas Gerais, tem dedo forte dos petistas dos Correios”.

Denúncias como essas foram feitas por funcionários da estatal indignados não só com o prejuízo financeiro, mas com o comprometimento da imagem de uma empresa que até pouco tempo atrás tinha a confiança de todos os brasileiros. A conta é alta: o rombo do Postalis pode ser de R$ 5,6 bilhões.

O que vem ocorrendo no fundo de pensão dos Correios não é diferente do que acontece nos demais fundos, tomados, de uma forma ou de outra, pela doença do aparelhamento e da má gestão, com prejuízos incalculáveis aos trabalhadores e ao país.

O Brasil aguarda e exige que investigações rigorosas alcancem também as autênticas caixas-pretas em que esses fundos se transformaram e que resumem o que há de pior na vida pública brasileira. É hora de cobrar responsabilidades e transparência.

 

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Geração de energia por hidrelétricas é a menor dos últimos nove anos

Com cerca de quarenta mil megawatts de energia injetados no sistema elétrico em agosto, a geração de energia por meio de hidrelétricas foi a pior dos últimos nove anos. De acordo com informações do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o resultado mais fraco do que esse só foi registrado em julho de 2005, quando pouco mais de trinta mil megawatts foram entregues. De acordo com o doutor em economia aplicada em energia da Universidade de Brasília (UnB), Juan José Verdésio, a ineficiência do governo em fazer planejamentos a longo prazo é responsável pelos problemas na geração de energia por hidrelétricas.

 

Sonora Juan José Verdésio, doutor em economia da UnB

Pela pressão dos ambientalistas e pela incapacidade do governo de negociar com ambientalistas, cada vez mais, tem sido construído usinas que não tem reservatórios, que ocupa menos e inunda menos, esse tipo de usina chama-se fio d’água. E o tempo meio de reserva atualmente está em três meses, quatro meses. Se faltar água nos próximos três meses não tem como gerar, porque não tem água estocada. Isso criou um problema sério de que, bom de algum lugar tem que criar energia elétrica e está sendo criada de usinas térmicas que são muito mais caras e muito mais poluentes.

 

Para o candidato à presidência da República, senador Aécio Neves, a geração hidrelétrica está no limite e o atual governo não se preparou para outros meios de geração de energia.

 

Sonora Aécio Neves

O Brasil tem hoje, na sua matriz energética, uma participação da matriz hídrica, das hidrelétricas, da energia vinda da água, em torno de 75 por cento do seu conjunto, isso é um privilégio do Brasil, muitos países do mundo gostariam de ter. Mas, nós sabemos que nós estamos no limite das nossas grandes usinas, das nossas grandes geradoras, e precisamos diversificar a nossa matriz. A nossa matriz eólica existe um potencial enorme de crescimento ainda grande no Brasil. Infelizmente, esse governo que pouco planejou ainda nos permite conviver com algo inusitado que são parques eólicos prontos, alguns até se deteriorando, sem que as vias de transmissão possam ligá-los a rede geral de transmissão. Isso é algo absolutamente impensável.

 

Boletim

Aécio Neves critica ineficiência do governo federal e aponta PSDB como principal alternativa ao país

“O Brasil precisa do PSDB unido, cobrando ações do governo, fazendo aquilo que o governo não tem feito, ajudando o Congresso a impor uma agenda”, diz Aécio

O senador Aécio Neves afirmou, nesta terça-feira (31/05), que o PSDB ganhou mais força para cobrar as ações do governo federal para o desenvolvimento do Brasil e corrigir distorções como o uso abusivo das medidas provisórias (MPs). Aécio Neves disse que a Convenção Nacional do partido, realizada no último sábado, fortaleceu o PSDB como principal alternativa no país ao governo do PT.

“Foi uma grande convenção. Saímos todos comprometidos com o grande projeto de apresentar ao Brasil uma alternativa ao governo do aparelhamento da máquina pública e da ineficiência que é o governo do PT. O Brasil precisa do PSDB unido, ativo, cobrando ações do governo, corrigindo rumos do governo e fazendo aquilo que o governo não tem feito, ajudando o Congresso Nacional a impor uma agenda. Em especial, esta que inibe a utilização de medidas provisórias para que abra este espaço para que o Poder Legislativo volte a atuar”, afirmou Aécio Neves.

O senador  criticou a postura do governo federal que, depois de 151 dias do governo Dilma Rousseff, ainda não apresentou ao país uma agenda de desenvolvimento.

“É um governo do improviso, que apenas reage às crises e que, infelizmente, não apresentou ao Brasil ainda uma agenda de ação administrativa. Infelizmente, é um governo omisso e que não apresentou ainda vigor. Vigor de uma liderança que seria necessária para estabelecer uma agenda necessária para o Brasil. É um governo reativo, não é um governo propositivo”, disse.

O ex-governador de Minas Gerais lembrou que a ineficiência do governo federal está cada vez mais clara para a população brasileira que tem acompanhado surpresa à paralisação de obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), uma das principais promessas do governo federal. Além disso, o governo federal tem deixado de investir nas áreas de infraestrutura, educação e saúde.

“Estamos aí com as obras do PAC, grande parte delas interrompidas. O programa Minha Casa, Minha Vida com problemas gravíssimos, inclusive para a população de zero a três salários mínimos ele praticamente não existe. Os investimentos nos aeroportos estão ai como sabemos, com gargalos enormes. Além de todas as graves incorreções na área da educação, parecendo que o objetivo do governo é desinformar, deseducar e não educar. A saúde ainda um caos no país”, completou.

Segurança púbica

Aécio Neves afirmou que o governo federal tem sido omisso também em relação aos investimentos na área de segurança, deixando aos estados e municípios a responsabilidade de garantir sozinhos os investimentos necessários ao combate à criminalidade e a defesa das fronteiras e da população.

“A posição do governo federal, ao longo de todos esses últimos anos, tem sido de uma omissão absoluta no que diz respeito à questão de segurança pública. Seja nas parcerias com os estados, que praticamente inexistem e, principalmente, na sua responsabilidade constitucional, que é em relação às fronteiras. O que percebemos é que não há estratégia para o enfrentamento dessa questão, como não há, de fato, estratégia para o enfrentamento de nada no país”, afirmou Aécio Neves.