Aécio destaca qualidade e firmeza da acusação de Dilma por crime fiscal

REPÓRTER:

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, destacou, em pronunciamento, no plenário do Senado, nesta terça-feira, a qualidade e firmeza dos advogados responsáveis pela acusação da presidente afastada Dilma Rousseff, por crime fiscal. O jurista Miguel Reale Jr e a advogada Janaina Paschoal, falaram hoje aos senadores na etapa final do processo de impeachment da presidente.

SONORA DO SENADOR AÉCIO NEVES

“O que nós assistimos nos encheu de orgulho doutora Janaína, doutor Miguel Reale, e falo tenho certeza em nome de milhões de brasileiros que estão nos assistindo e querem ver essa página triste da nossa história ser definitivamente virada. Os depoimentos dos advogados, esse libelo final da acusação, é uma peça que a história irá revisitar por muitos e muitos anos.”

REPÓRTER:

O senador criticou a declaração da senadora do PT Gleisi Roffmann, que atacou os advogados e, mais uma vez, atacou os colegas do Senado com ofensas pessoais. Aécio rebateu a senadora e disse que ela não pode ofender o Senado nem advogados da “dimensão moral e intelectual” como Janaína Paschoal e Miguel Reale Júnior.

SONORA DO SENADOR AÉCIO NEVES

“Não é atacando, ofendendo esta Casa e ofendendo aqueles que aqui cumprem o seu papel, defendem as suas convicções, que V. Exa. vai ajudar a causa que defende. Eu a respeito, pela luta, pela bravura com que defende o indefensável, mas tudo tem um limite. V. Exa. não pode continuar ofendendo o Senado Federal dele participando.”

REPÓRTER:

O julgamento do impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff, foi retomado na manhã desta terça-feira com a fase de debates entre acusação e defesa. Agora à tarde começaram os pronunciamentos dos parlamentares.

De Brasília, Shirley Loiola.

Aécio Neves – Pronunciamento no Senado Federal

“O que assistimos nos encheu de orgulho doutora Janaína, doutor Miguel Reale, e falo, tenho certeza em nome de milhões de brasileiros que estão nos assistindo e querem ver essa página triste da nossa história ser definitivamente virada. Os depoimentos dos advogados, esse libelo, disse o senador Aécio Neves ao cumprimentar, no final desta manhã, os juristas responsáveis pela acusação da presidente afastada Dilma Rousseff de infringir a lei de responsabilidade fiscal e a constituição brasileira.

Em seu pronunciamento, Aécio criticou a senadora Gleisi Hoffmann pelos ataques feitos aos juristas e aos colegas do Senado Federal.

“Faço a V. Exa. um apelo: as nossas relações têm que continuar. Não é atacando, ofendendo esta Casa e ofendendo aqueles que aqui cumprem o seu papel, defendem as suas convicções, que V. Exa. vai ajudar a causa que defende. Eu a respeito, pela luta, pela bravura com que defende o indefensável, mas tudo tem um limite. V. Exa. não pode continuar ofendendo o Senado Federal dele participando”, disse Aécio Neves.

Leia aqui o pronunciamento do senador Aécio Neves

“Senhor presidente, é lamentável, mas ao mesmo tempo compreensível, que esta senadora que vem se especializando nos últimos dias em ofender essa Casa, tenha, agora, assumido o papel de censora do Senado Federal e dos advogados da acusação. É também compreensível, senhor presidente, ao mesmo tempo que patético, que incomode, e incomode profundamente a defesa, a consistência, o brilhantismo e a coragem das argumentações feitas aqui pela acusação. Não apenas neste instante, mas em todo o processo.

O que assistimos nos encheu de orgulho doutora Janaína, doutor Miguel Reale, e falo, tenho certeza em nome de milhões de brasileiros que estão nos assistindo e querem ver essa página triste da nossa história ser definitivamente virada. Os depoimentos dos advogados, esse libelo final da acusação, é uma peça que a história irá revisitar por muitos e muitos anos. Nós, ilustre senadora, vamos vencer essa etapa.

E faço a V. Exa. um apelo: as nossas relações têm que continuar. Não é atacando, ofendendo esta Casa e ofendendo aqueles que aqui cumprem o seu papel, defendem as suas convicções, que V. Exa. vai ajudar a causa que defende. Eu a respeito, pela luta, pela bravura com que defende o indefensável, mas tudo tem um limite.

V. Exa. não pode continuar ofendendo o Senado Federal dele participando. E ao mesmo tempo, não tem V. Exa. o direito de ofender advogados da qualidade, da dimensão moral e intelectual desses que aqui estão, porque da nossa parte, mesmo com o discurso eminentemente político do advogado de defesa, nós o respeitaremos, nós o respeitamos e continuaremos a respeitar, em benefício do Brasil.

Senhoras senadoras, senhores senadores, amanhã o Brasil se dará uma nova chance. Essa página será virada, e nós temos que estar à altura desse momento, e o respeito entre nós e o respeito àqueles que aqui fazem o seu papel é absolutamente fundamental para que o dia de amanhã comece dando aos brasileiros novamente a possibilidade de ter esperança, de sonhar com um futuro melhor: tudo aquilo que o seu partido tirou dos brasileiros nos últimos anos.”

Resposta à senadora Gleisi Hoffmann

“Não é atacando, ofendendo esta Casa e ofendendo aqueles que aqui cumprem o seu papel, defendem as suas convicções, que V. Exa. vai ajudar a causa que defende. Eu a respeito, pela luta, pela bravura com que defende o indefensável, mas tudo tem um limite. V. Exa. não pode continuar ofendendo o Senado Federal dele participando”, afirmou o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, ao criticar as novas ofensas e acusações feitas, em plenário, esta manhã pela senadora Gleisi Hoffmann do PT, e que vem ocorrendo ao longo de todo o processo de impeachment, aos colegas senadores e aos defensores do afastamento da presidente Dilma. Em seu pronunciamento no plenário hoje (30/08), Aécio destacou a consistência das acusações preparadas pelo jurista Miguel Reale Jr. e pela advogada Janaína Paschoal.

Aécio Neves – Entrevista coletiva sobre o depoimento da presidente Dilma

Qual avaliação do dia de ontem e sobre esse embate do Sr. como adversário da presidente na última eleição.

Em primeiro lugar, acho que o aspecto positivo da sessão de ontem foi que ela se deu com respeito entre todas as partes. Ali não era um ringue como alguns esperavam que o Senado pudesse se transformar. É uma sessão histórica, dolorosa, em especial para aqueles que estão prestes a perder o poder. Acho que o Senado, na média, se comportou de forma adequada.

Coube a mim, em razão inclusive do pronunciamento inicial da presidente da República, ao referir-se às eleições de 2014, como se os derrotados tivessem o poder de desestabilizar e de afastar a presidente da República. Na verdade, uma estratégia da defesa para fugir de respostas objetivas àquilo que realmente pode levar ao afastamento da presidente, que são os crimes de responsabilidade cometidos.

A presidente fez uma tentativa, a meu ver, pouco eficiente de transferir essa responsabilidade às oposições. Eu disse a ela que não é desonra nenhuma perder eleições quando se age dentro da lei, defendendo ideias, um projeto para o país como fizemos. E disse que não considero da mesma forma aqueles que vencem as eleições cometendo ilegalidades e fugindo com a verdade. Disse isso à presidente.

Mas acho que a presidente respondeu de forma respeitosa e agora estamos vivendo os estertores de um governo que falseou a verdade durante todo o tempo, achou-se acima de qualquer punibilidade e achava que poderia continuar agindo à revelia do Congresso Nacional e acima das leis. Paga hoje um preço realmente alto, mas é aquele que determina a Constituição. Quando se comete crime de responsabilidade, a sanção não é a cadeia para quem o comete, mas a perda dos direitos políticos e a perda do mandato. É isso que está prestes a ocorrer com a presidente da República.

Conversei hoje cedo com o presidente Michel Temer e meu sentimento agora é que devemos tirar os olhos do retrovisor da história e olharmos para o futuro. O Brasil terá ainda dias difíceis pela frente. Temos uma agenda que não será simples de reformas estruturais agravadas pela atuação do governo que conclui agora, que vê seu mandato interrompido. É hora de centrarmos forças nessa agenda. Reformas estruturais, a reorganização do Estado, uma reforma política que ordene o processo legislativo. É a isso que nós devemos nos dedicar a partir de amanhã, quando, eu acredito, a presidente será definitivamente afastada, não por uma vingança política como ela quis fazer crer em determinados momentos em seu pronunciamento, mas pelos crimes cometidos. O Brasil e a democracia saem mais fortes.

A senadora Gleisi Hoffmann disse que o Parlamento passa por um momento cretino e repetiu que ninguém tem moral para julgar a presidente. Queria que o Sr. comentasse a declaração dela.

Acho que ela deve estar se referindo a si própria.