Aécio Neves – Entrevista em Maceió

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, hoje (09/05), em Maceió (AL), onde realizou palestra no Ciclo de Debates para o Crescimento de Alagoas. Aécio Neves falou sobre a visita à Maceió, o resultado da última pesquisa Datafolha, a dívida dos Estados, a crise do etanol e sobre a carga tributária no país.

 

Leia a transcrição da entrevista do senador:

Sobre o que os alagoanos podem esperar da candidatura do PSDB à Presidência da República?

Estou muito feliz de, mais uma vez, estar em Alagoas ao lado do meu amigo e grande governador, Teotônio Vilela, ao lado do meu também grande companheiro Eduardo Tavares, em uma expectativa de construção de mais uma etapa no desenvolvimento de Alagoas.

Sabemos que hoje a Federação está fragilizada, os estados cada vez mais dependentes da União. O que queremos é construir uma parceria diferente da parceria atual, onde os estados possam eles próprios ter capacidade para enfrentar as suas dificuldades.

Eu, por onde tenho andado no Brasil, tenho dito que o Brasil está se transformando em um Estado unitário. Não somos mais uma Federação. Para isso, é preciso que os recursos sejam distribuídos de formas equânimes para estados e municípios.

 

Sobre a dívida dos estados. 

Em respeito à dívida dos estados para com a União, e tenho conversado muito com o governador Teotônio Vilela, não é justo que um estado, apesar do esforço do governador e de toda a população, que ainda tem carências muito grandes, como Alagoas, pague R$ 50 milhões por mês à União. Teremos que construir um caminho onde esses recursos possam ficar no Estado para investimento na segurança pública, na saúde e na educação. A base de toda a nossa proposta vai ser essa: a refundação da Federação, garantindo que em cada estado, a partir da sua realidade, os problemas centrais possam ser enfrentados.

Tenho acompanhado aqui o esforço do governador na busca de investimentos para o estado, na diversificação da sua base econômica. Há um esforço enorme do governador, que já conseguiu isso em boa parte. Mas é preciso que, de um lado, fortaleçamos aqueles setores da economia tradicionais no estado, como, por exemplo, o setor sucroenergético.

 

Sobre o Etanol.

Há hoje uma ação do governo que eu chamaria quase de criminosa, que já levou ao fechamento, ao longo de dois anos, de 40 usinas em todo o Brasil. Algumas delas inclusive aqui no estado de Alagoas. Temos que ter uma política que compreenda a importância estratégica do etanol para o desenvolvimento da economia, para a questão ambiental. Ontem mesmo em São Paulo, onde fiz uma palestra, eu dizia do compromisso que temos de resgate desse setor com políticas de longo prazo, com crédito, com preço, enfim, impedindo que a Petrobras continue sendo utilizada como instrumento de política econômica e tendo como consequência mais perversa dessa utilização a fragilização desse setor.

 

Sobre Alagoas. 

Inúmeros outros investimentos  Alagoas tem buscado, e, vencendo as eleições, espero que isso possa ocorrer, estaremos permanentemente atentos, seja à integração, por exemplo, do estado de Alagoas à Transnordestina, mas, mais do que isso. Queremos um governo, onde as obras comecem bem planejadas e possam terminar nos prazos e nos custos pré-estabelecidos.

O Brasil é hoje um grande cemitério de obras inacabadas por toda a parte. Aqui na região vemos isso com muita clareza. Podia falar da transposição do rio São Francisco, ali em Pernambuco, na refinaria Abreu e Lima, a própria BR-101, sempre com problemas pontuais que impedem a conclusão da sua duplicação como deveria já ter acontecido.

Oque precisamos no Brasil é de uma gestão que concilie ética com eficiência, e emoldurando tudo isso, sensibilidade para com as regiões que mais precisam da ajuda do governo federal.

 

Sobre o que o Brasil pode esperar de Aécio Neves nas áreas de saúde e educação.

Em primeiro lugar, gestão. Gestão é o que falta hoje ao governo federal. O financiamento é essencial, mas esse financiamento, tanto da saúde como educação, se não vem acompanhado de instrumentos de gestão, que na ponta qualifiquem os resultados, o esforço não terá o resultado adequado.

Governei por oito anos um dos mais populosos estados brasileiros, não o mais rico, nem o mais homogêneo, que é Minas Gerais, e conseguimos levar Minas a ter a melhor educação fundamental do Brasil. Como? Com avaliação, com métodos, premiando aqueles que apresentam melhores resultados. Também na questão da saúde é preciso que haja generosidade do poder central. Falava do Estado unitário. O governo central hoje se apropria de quase 70% de toda a renda, de todos os tributos nacionais. E, em relação à Saúde, quando o governo do PT assumiu há 11 anos 54% de tudo que se gastava em saúde pública vinham da União. Hoje, apenas 45% vêm da União. Hoje apenas 45% vêm para a União. Quem paga essa diferença? Principalmente os municípios e uma parcela os estados. Não há hoje no poder central uma visão generosa em relação aos municípios e aos estados.

É o que pretendemos reintroduzir no Brasil, uma visão federativa, seja na saúde, seja na segurança pública, que será outra prioridade na nossa caminhada. Hoje 87% de tudo que se gasta em segurança pública no Brasil vêm dos estados e dos municípios. Vejo o esforço do governador Teotônio Vilela, do meu companheiro, espero, futuro governador, Eduardo Tavares, na área de segurança, mas é impossível com os recursos que nos temos hoje, sem que haja uma política nacional de segurança, com os recursos dos fundos, seja fundo de segurança, seja fundo penitenciário, permanentemente contingenciados, não há como estabelecer uma política de segurança de longo prazo.

Alagoas já vem, com todo esforço, melhorando alguns indicadores, mas sabemos que esse é um desafio que solitariamente os estados não poderão enfrentar. O nosso compromisso é esse, tanto no ponto de vista do financiamento, quanto de uma profunda reforma no código penal e no código de processo penal.  A grande verdade é que hoje o cidadão que tem posses ou um bom advogado tem que fazer um esforço enorme, depois de cometer um crime, para ficar preso. Temos que ter um código penal atualizado em razão inclusive da evolução da sociedade. Hoje temos aí essa tragédia da epidemia do crack, algo avassalador que atinge a todos os municípios do Brasil e nós não temos respostas, seja nas estratégias, seja na inteligência das nossas policias e também no seu financiamento.

 

Sobre pesquisa Datafolha.

Alagoas me dá sorte, eu cheguei aqui, deu uma melhorada. O que tenho dito em relação a pesquisas é que há um indicador nesse momento que é relevante. Os [índices] das pesquisas, é claro que quando você sobe, você acha melhor do que quando você cai. Mas não acho que esses sejam ainda os indicadores mais relevantes, porque o nível de conhecimento dos candidatos é muito pouco isonômico. Você tem uma presidente que tem 100% de conhecimento e outros candidatos, por não terem disputado uma eleição nacional, tem [índices de conhecimento] muito menores. O dado relevante é que em todas as pesquisas isso é apontado, mais de 70% da população quer mudanças. E mudanças profundas.  Estamos caminhando para mostrar aos brasileiros e aos alagoanos aqui hoje, em especial, que temos as propostas que mostram que  somos a mudança segura que o Brasil precisa viver. Mudança com responsabilidade, com quadros extremamente qualificados e uma mudança que incorpora algo que para mim, pela minha formação, pelas minhas origens, é essencial: ética na vida pública. Precisamos de um governo que concilie ética com eficiência. Essa é a proposta do PSDB.

 

Sobre carga tributária.

Tenho dito que um dos compromissos que assumi perante os brasileiros, em primeiro lugar, assumindo a presidência da República, no primeiro dia, acabar com a metade desses ministérios. É um acinte, é uma vergonha o governo se colocar como instrumento apenas do interesse de uma base aliada, sem qualquer conexão com os resultados, sem qualquer conexão com as demandas da sociedade brasileira. E trocarei a metade desses ministérios por uma secretaria extraordinária que, em um primeiro momento, vai apresentar um projeto de simplificação do sistema tributário para, em um momento seguinte, abrirmos espaço para que possa haver uma desoneração, possa haver uma diminuição da carga tributária horizontal para toda a economia.

Disse ontem em São Paulo, repito aqui em Alagoas, vamos decretar uma guerra total ao Custo Brasil. Hoje, a perda de competitividade de  quem produz no Brasil é crescente. É preciso que, do ponto de vista da logística, do ponto de vista da carga tributária, atuemos de forma conjunta para que quem investe, quem produz no Brasil, possa ter competitividade, para avançar mais, gerando mais renda e mais emprego. Mas sempre com um olhar muito claro, um olhar direto nessa região.

Aécio Neves – Entrevista em Ribeirão Preto (SP)

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta quarta-feira (30/04), em Ribeirão Preto (SP), onde participou da Agrishow 2014, maior feira do agronegócio na América Latina. Aécio Neves falou sobre a visita à Agrishow, a queda de popularidade da presidente Dilma e a a crise no setor de sucroalcooleiro.

 

Confira os principais trechos da entrevista do senador:

Sobre visita à Agrishow e proposta de reformas.

É com muita alegria que estou aqui hoje a convite do Maurílio Biagi, dos homens que vêm fazendo do campo o instrumento mais vigoroso, o pilar mais estratégico de desenvolvimento, de crescimento, de geração de renda, de empregos, do Brasil. Um conjunto de lideranças do setor, do campo, da indústria do campo, o que é uma demonstração clara de que estamos sintonizados com esse Brasil. Um Brasil que vem se desenvolvendo e que vem, infelizmente, pagando um altíssimo preço pela ausência de planejamento do governo federal no que diz respeito à logística. As demandas que temos hoje, infelizmente, são as mesmas de dez anos atrás, no que diz respeito a ferrovias, hidrovias, rodovias, portos e aeroportos.

Passaram-se praticamente dois anos do atual grupo no poder e as demandas continuam sendo as mesmas. Isso tira a competitividade de quem produz no Brasil, agravado e vou à indagação, também pela escorchante carga tributária que temos no Brasil. Mas temos que construir os caminhos para que possa haver, efetivamente, uma redução de carga tributária. O que assistimos ao longo dos últimos anos foram setores beneficiados por uma opção que fez o governo, um BNDES que atende determinados conglomerados, em uma visão, a meu ver, que foi equivocada, porque não trouxe reflexo inclusive na melhora do crescimento da economia brasileira. Gosto muito dos juros do BNDES, mas quero juros do BNDES para todo o conjunto da economia. O que temos que fazer, e esse é um compromisso que tenho externado nos vários eventos dos quais tenho participado, é resgatar a capacidade de gestão do governo federal.

No nosso governo vamos cortar pela metade o atual número de ministérios e vamos criar uma secretaria especial, com prazo de validade de seis meses, para apresentar um projeto de simplificação do sistema tributário, que é o primeiro passo para abrirmos o espaço fiscal e avançarmos na direção da diminuição da carga tributária. Temos de ter sempre um cuidado com o crescimento quase sem controle dos gastos correntes, os investimentos em custeio, porque temos de, ao longo do tempo, buscar encaixá-los no crescimento da economia. É um trabalho árduo pela frente, mas ninguém tem as melhores condições de enfrentar as dificuldades que temos hoje do que o grupo político com os aliados que nós estamos apresentando.

O perverso legado do atual partido e do atual grupo que governa o Brasil é inflação saindo de controle, crescimento pífio da economia – crescemos no último ano mais apenas que a Venezuela – talvez isso se repita esse ano. No ano de 2012, mais apenas que o Paraguai. Na média dos últimos 12 anos, desde 2003, já contabilizando este ano, o Brasil terá o menor crescimento médio entre todos os países da América do Sul e da América Latina. Essa é uma conta que não fecha. É uma equação que não serve aos interesses brasileiros. O que queremos é um governo que seja parceiro de quem produz, que dê segurança jurídica a quem queira correr riscos. O Brasil é a terra das incertezas. As intervenções permanentes do governo federal em setores como o de energia, por exemplo, vêm custando muito à sociedade brasileira porque, a pretexto de medida meramente populista, de se reduzir a tarifa de energia, e gosto muito de tarifas mais baixas, mas pela via que foi feita, já vem custando aos cofres públicos, ao Tesouro Nacional, algo em torno de R$ 30 bilhões. Isso não se justifica.

 

PPPs

Represento um grupo de pensamento na sociedade, não apenas partidário, que estimula as parcerias com o setor privado, que acha que devemos superar este período de demonização da participação do setor privado, seja em PPPs, seja em concessões, seja em privatizações, mas resgatando a capacidade do Estado de enfrentar as questões sociais de forma muito mais qualificada do que o atual governo vem enfrentando. Teremos tempo para debater durante a campanha cada um dos temas, mas em linhas gerais, o que sintetiza, o que resume o nosso pensamento é exatamente a nossa confiança nas parcerias com o setor privado, nossa garantia de regras absolutamente claras que estimulem o investimento, o resgate das agências reguladoras como instrumento de defesa da sociedade brasileira em relação ao mau uso do Estado, dos ministérios ou dos bancos público, é algo absolutamente essencial. Mas, por outro lado, uma solidariedade maior também com os estados e com os municípios, já que o Brasil vem deixando de viver em uma Federação para viver apenas, unicamente, em um Estado unitário, onde o poder central tudo tem, tudo pode e todos dele dependem.

 

Sobre a queda de popularidade da presidente Dilma e o movimento pró- Lula.

Devemos ter sempre muita cautela ao avaliarmos pesquisas com esta antecedência das eleições.  Mesmo aquelas que possam não nos parecer favoráveis, e mesmo estas últimas que nos parecem favoráveis, avalio da mesma forma como imensa serenidade. E o dado que me parece relevante nesse instante, e este sim é um dado consistente que os analistas e cientistas políticos e os cidadãos em geral devem estar atentos a ele, é o dado que aparece em todas as pesquisas já há algum tempo, que é o desejo profundo de mudança dos brasileiros. Cerca de 70% ou mais, me parece que são 72% da população querem mudanças profundas no Brasil.

Isso é um diagnóstico em relação a um governo que falhou. Falhou na condução da economia, nos trouxe de volta uma agenda que havíamos superado há cerca de 15 anos atrás. Falhou na gestão do Estado com um cemitério de obras inacabadas soltas pelo Brasil com sobrepreço em todas elas. Falhou na condução das nossas políticas sociais. Na saúde é uma tragédia, o governo federal gasta hoje 10% a menos do que gastava do que quando assumiu o governo no conjunto dos investimentos em saúde. Falhou na educação, onde estamos lá no final da fila, inclusive na região dos grandes indicadores internacionais. Tem falhado criminosamente na questão da segurança pública. Acho que a permear, infelizmente, isso, uma falha absolutamente indesculpável que é do comportamento ético e moral dos agentes públicos.

Tudo isso, o conjunto da obra, é que faz com que hoje hajam indicadores decrescentes de avaliação da presidente da República. E olha que isso não é obra do acaso. Precisou de muito esforço. Eu diria que essa é uma obra lenta e gradual, que nos legou, hoje, um Brasil com as dificuldades que temos.

E, obviamente, indo aqui mais objetivamente à sua pergunta, essa é uma questão do campo adversário. Para nós do PSDB e dos partidos que nos acompanham nessa caminhada é indiferente quem seja o candidato do campo governista. Estamos nos apresentando, ou apresentando uma proposta de confronto com o atual modelo que governa o Brasil, do aparelhamento, de uma visão ideológica atrasada em relação ao mundo, que também tem desconectado as empresas brasileiras das cadeias globais de produção, uma visão unitária e não federalista do Estado, e a incompetência, ineficiência e os desvios. É contra isso que estamos nos colocando.

Caberá ao governo escolher quem é o melhor candidato. Qualquer que seja ele, acho que temos todas as condições de enfrentar e de vencer.

 

Quem é melhor enfrentar?

Eu sou de Minas Gerais, lá de São João del Rei. Você não vai tirar uma resposta dessas… Discordo do modelo que está aí. Discordo da visão equivocada de gestão pública, desse gigantismo do Estado brasileiro, do aniquilamento das agências reguladoras, como falei aqui, desse alinhamento ideológico que nos levou a sermos caudatários de nações vizinhas que têm muito pouco apreço pela democracia, um valor que, para mim pessoalmente, pelas razões de onde venho, mas para todos os brasileiros, extremamente alto. Então, para mim não importa. Cada vez o que vejo são pessoas de altíssima qualidade, de todas as áreas, cidadãos comuns, lideranças políticas, setoriais, do empresariado, de organizações sociais, querendo mudança. O nosso desafio, o meu, quanto do governador Eduardo Campos, que também se coloca como candidato da oposição, é sermos essa nova expectativa, essa nova esperança que as pessoas buscam. E temos que fazer um esforço enorme para fazer uma mudança profunda na operação política do Brasil. Não podemos assistir mais um governo refém de uma armadilha que ele próprio montou, onde o aparelhamento cada vez custa mais caro ao Estado brasileiro porque traz consigo ineficiência e corrupção.

 

Sobre compromissos assumidos de corte dos ministérios e anúncio de nomes durante a campanha.

Vamos apresentar um projeto com começo, meio e fim. Racional, de gestão do Estado brasileiro, com autoridade de que fizemos isso em Minas Gerais. Em Minas, fizemos um corte profundo do número de secretárias de Estado, de empresas que não tinham o menor sentido, de cargos comissionados. Não se justifica o Brasil ter hoje 25 mil cargos comissionados de livre nomeação, 39 ministérios. Acho que isso é até um acinte, pela baixíssima qualidade do serviço que é prestado. Mas essa é uma questão que não pode ser solta, feita por etapas, porque não se explicaria. Vamos apresentar no momento certo, na campanha eleitoral, a nova estrutura do Estado que defendemos, e o que eu posso antecipar, com o fortalecimento das agências reguladoras que serão ocupadas por pessoas  qualificadas que conheçam do ramo aonde vão efetivamente atuar.

Pretendo sim, a partir do mês de agosto, obviamente, não montar um governo, porque seria algo até pretensioso, que estaremos disputando as eleições, mas sinalizar de forma muito clara em algumas áreas de administração pública quem serão aquelas pessoas que vão nos acompanhar. E faço isso no sentido de mostrar que o enfrentamento dos problemas brasileiros é uma obra coletiva, não uma obra solitária. Acho mais do que nunca, é uma obra solidária. Precisamos buscar e convocar as melhores figuras, independente do partido político. Não vou fazer o governo do PSDB se eu vencer as eleições. Vou fazer o governo das melhores cabeças do Brasil, que olhem para o futuro, que tenha o que agregar ao Estado, que tem que ser moderno, que tem que olhar para o mundo desenvolvido e fazer parcerias que nos permitam superar, por exemplo, um gargalo da perda de presença da indústria de manufaturados na formação do nosso PIB. Estamos voltando ao que éramos na década de 1950, exportador de commodities apenas. Isso é muito relevante, isso é vital para o Brasil. Mas podemos muito mais. Temos hoje apenas 13% do nosso PIB constituído pela indústria de manufaturado. É muito pouco para o Brasil com grande potencial que nós temos em inúmeras áreas.

Tenho absoluta certeza que no momento que o monologo do governo for substituído por um debate, por um enfrentamento de ideias, pelo confronto de posições, de visão, vai ficar muito claro o que representamos. A minha experiência em Minas, a experiência do governador Geraldo Alckmin, grande governador dos paulistas, que estará conosco, ao nosso lado nessa caminhada, além de vários outros, como o próprio governador Anastasia, que recentemente deixou o governo de Minas, serão muito valiosas para introduzirmos de novo a gestão de qualidade, a solidariedade e generosidade com as pessoas que vivem nos estados e nos municípios, principalmente nas áreas de saúde, educação, de segurança. Tudo isso será debatido amplamente. O que não vai haver da nossa parte é ilusionismo. Vamos dizer sempre, com muita clareza, o que pretendemos fazer e de que forma, e o que não é possível fazer e porque não é possível fazer.

 

Sobre a crise no setor de sucroalcooleiro.

Essa é uma preocupação que trago comigo, crescente. Tenho conversado com inúmeras lideranças do setor, e precisamos ter uma agenda para o setor. A culpa do fracasso hoje – não é fracasso, porque falar em fracasso no setor sucroalcooleiro não é adequado pelo esforço, pelo talento e, sobretudo, pelas fronteiras de tecnologia que foram ultrapassadas nos últimos anos. Agora, precisamos de linhas de crédito que funcionem, precisamos ter uma política de preços clara e transparente, e garantias de estímulo a quem venha empreender. Não pode haver insegurança, sazonalidade, a utilização de empresas públicas para fazer política econômica, para de alguma forma superar o fracasso que o governo teve na questão econômica. Acho que vamos poder, até do ponto de vista das nossas primeiras iniciativas no campo fiscal, com a absoluta transparência, com foco no centro da meta inflacionária, e não no teto da meta, como estamos assistindo, tudo isso vai nos permitir a criação de um ambiente mais propício a que as prioridades claramente sejam estabelecidas e externadas.

O setor sucroalcooleiro é uma prioridade para um Brasil que não pode mais depender apenas de combustível fóssil. Tem ganho em todas as áreas. Tem ganho do ponto de vista ambiental, do ponto de vista econômico e até mesmo do ponto de vista das nossas divisas, porque é algo impensável o Brasil hoje estar importando etanol como acontece. Tenho conversado muito com o ministro Alysson Paulinelli, estamos falando da questão do seguro rural, que é também um desafio novo que nós temos pela frente, fazer algo que efetivamente funcione no Brasil. A minha tranquilidade nesse campo, e quero encerrar centrando a minha palavra na questão do agronegócio, é que terei ao meu lado, na formulação dessas nossas propostas, as mais qualificadas lideranças do setor. O apoio que busco, repito para encerrar, não é um apoio eleitoral apenas. Esse pode até eventualmente ser uma consequência do que estamos fazendo, ficarei muito feliz se puder ser.

Mas o apoio que eu quero é o da experiência, é o das pessoas que estão aí com a mão na terra, sofrendo de sol a sol, já há tanto tempo sem enxergar perspectivas, sem ver o Estado e o governo como um parceiro no desenvolvimento da sua atividade. O grande desafio é resgatar a confiança que hoje também anda distante para que o homem do campo também volte a empreender e a investir cada vez com melhor esperança em relação ao futuro.

 

Sobre a interlocução do setor sucroalcooleiro com um possível governo.

Em relação ao setor sucroalcooleiro, o interlocutor direto será o próximo presidente da República, se vencermos as eleições. Será uma política da Presidência da República.

 

Sobre ida da presidente da Petrobras à Câmara.

A CPI, a partir de terça-feira, vai explicar de forma mais clara e transparente tudo que vem acontecendo na Petrobras, em relação à Pasadena, em relação a complexos de refinaria como Comperj, no Rio de Janeiro, ou Abreu e Lima, em Pernambuco. Quanto à questão da percepção que houve ou das denúncias de que houve pagamento de propina a servidores da Petrobras. Quero dizer o seguinte, na terça-feira, estaremos instalando a CPI da Petrobras no Congresso Nacional. Se depender de nós, uma CPMI – uma CPI Mista, com participação do Senado e da Câmara dos Deputados. As pessoas que estão preocupadas, e têm muitas pessoas que estão preocupadas, devem aquietar-se, devem ter serenidade. A CPI não vai pré-julgar ou pré-condenar ninguém.

O que vamos é querer saber exatamente em cada processo qual é o modus governandis da empresa? Qual é a autonomia de um diretor? Quais os órgãos que, efetivamente, participam de uma decisão de tamanha importância como essa, por exemplo, de Pasadena e algumas outras? Repito, não vamos ficar apenas nessa. Temos recebido sucessivamente informações em relação à Petrobras, muitas delas vindas de funcionários da Petrobras que estão também indignados com o que vem acontecendo com a maior empresa brasileira, que, hoje, depois do governo da presidente Dilma, vale metade do que valia. Ela, hoje, se transformou na empresa não financeira mais endividada do mundo. Tem o seu mais importante diretor preso hoje, gerando aí uma inquietação em muita gente. O que queremos é, com serenidade, investigar. E aí, vamos saber quem estava com a razão, porque o governo não se entendeu até hoje. Um disse que era boa, outro disse que era ruim porque o relatório era falho. Outro disse que era o mercado na época. Outro disse que foi um benefício a uma empresa belga. Vamos ter uma oportunidade com muita serenidade agora de ver quem está com a razão.

 

Sobre integrantes do PSDB na CPI.

Vamos definir na terça de manhã. Temos uma reunião 9h para definir os representantes do PSDB, mas como o governo tem maioria, e o governo vai usar essa maioria, vai indicar o presidente e o relator. Não vamos abrir mão do nosso papel de questionar, de convocar pessoas para depor e, obviamente, investigar.

Aécio Neves: no agronegócio está o Brasil que dá certo

O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), conversou e debateu problemas e soluções do setor rural com produtores, nesta quarta-feira, durante a Agrishow 2014. Realizada em Ribeirão Preto, no estado de São Paulo, a Agrishow é a maior feira do agronegócio da América Latina. Aécio disse que no agronegócio está o Brasil que dá certo.

 

Fala do senador Aécio Neves

Essa feira é o retrato do Brasil que dá certo. Do Brasil que empreende, que arrisca e que sustenta outros setores extremamente eficientes da economia brasileira. Se o Brasil é hoje um Brasil que ainda cresce, mesmo que a indicadores extremamente baixos, cresce em razão do vigor do agronegócio. Costumo dizer e quero repetir aqui na Agrishow, a mais importante feita do setor que acontece no Brasil, que da porteira para dentro não existe ninguém mais preparado, mais qualificado e mais produtivo que o brasileiro. Nossos problemas começam da porteira para fora. Na ausência de logística, de rodovias, de ferrovias, de hidrovias, de portos competitivos. Eles se agravam na questão tributária, passa pela questão do financiamento e também do seguro.

 

Boletim

Sonora

Aécio Neves debate com produtores soluções e desafios do agronegócio

O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), conversou e debateu problemas e soluções do setor rural com produtores, nesta quarta-feira (30/04), durante a Agrishow 2014. Realizada em Ribeirão Preto (SP), a Agrishow é a maior feira do agronegócio realizada na América Latina.

Aécio Neves destacou a eficiência dos produtores rurais do país, responsáveis por importante parcela do crescimento do PIB brasileiro, mesmo enfrentando problemas graves de logística de rodovias, portos, hidrovias e ferrovias. Para o senador, a Agrishow mostra um Brasil que funciona: o do agronegócio.

“Essa feira é o retrato do Brasil que dá certo. Do Brasil que empreende, que arrisca e que sustenta outros setores extremamente deficientes da economia brasileira. Se o Brasil é hoje um Brasil que ainda cresce, mesmo que a indicadores extremamente baixos, cresce em razão do vigor do agronegócio. Costumo dizer, e quero repetir aqui, na Agrishow, a maior feira do setor que acontece no Brasil, que da porteira para dentro não existe ninguém mais preparado, mais qualificado e mais produtivo que o brasileiro. Nossos problemas começam da porteira para fora. Na ausência de logística, de rodovias, de ferrovias, de hidrovias, de portos competitivos. Eles se agravam na questão tributária, passa pela questão do financiamento e também do seguro”, disse Aécio, em entrevista à imprensa.

 

Crise do etanol

O senador Aécio Neves defendeu também a recuperação do setor sucroalcooleiro, que passa pela mais grave crise de sua história. Para ele, nesse momento é importante ouvir os empresários e trabalhadores para buscar soluções e a superação das dificuldades que enfrentam com o abandono do setor pelo governo federal .

“O setor sucroalcooleiro precisa ser recuperado no Brasil. Foram cerca de 40 usinas que fecharam, temos mais de uma dezena com enormes dificuldades. Precisamos recuperar esse setor porque é um setor amplamente gerador de empregos, e 100 mil já se foram, com políticas de estabilidade, com políticas de preços, com políticas de financiamento. Minha visita à Agrishow tem como objetivo também não apenas falar daquilo que pretendemos fazer, mas ouvir. Ouvir das principais lideranças do setor, ouvir daqueles que têm empreendido em uma indústria que também passa por dificuldades, mas que ajuda efetivamente o Brasil a crescer. É uma oportunidade de falar, mas, sobretudo, de ouvir”, afirmou Aécio Neves.

Etanol: Até quando?

Pare para pensar: quantas vezes, nos últimos tempos, você passou num posto de combustíveis e abasteceu seu carro flex com etanol? Se você considera apenas o bolso, e é natural que seja assim, é provável que pouquíssimas vezes não tenha enchido o tanque com gasolina. Não é um contrassenso num país como o Brasil?

A mais verde e amarela das tecnologias alternativas, muito menos poluente e danosa ao ambiente e à saúde das pessoas, e uma das mais eficazes opções à queima do combustível fóssil, vive crise sem precedentes no país.

 

Leia mais: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/aecioneves/2014/04/1446371-etanol-ate-quando.shtml.