Aécio Neves – Entrevista em Brasília

O presidente do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta terça-feira (28/04), em Brasília (DF), onde se reuniu com líderes de quatro partidos na Câmara dos Deputados para avaliar as últimas denúncias contra o governo da presidente Dilma Rousseff.

 

Leia a transcrição da entrevista do senador:

Recebo com muita alegria, mais uma vez, a presença de líderes que têm dado o tom da oposição no Brasil. Compreendo que a Câmara dos Deputados tenha agido de forma extremamente vigorosa a partir das lideranças de oposição para cobrar do governo compromissos que assumiu com os brasileiros, todos eles descumpridos até aqui. E até mesmo na imposição de uma agenda que seja de interesse do país. Poucas vezes assistimos no Parlamento uma oposição tão vigorosa atuando de forma tão bem articulada como assistimos hoje.

Recebo. portanto, os nossos companheiros da Câmara dos Deputados, ao lado do líder do meu partido, o senador Cássio Cunha Lima, outro bravo porta-voz dos anseios de grande parte da sociedade brasileira hoje para dizer que a manifestação das nossas bancadas na Câmara dos Deputados é extremamente relevante. A Câmara tem a capacidade de ouvir mais de perto, até pelo pluralismo da sua representação, e por extremamente estratificada, portanto, representando setores mais diversos da vida nacional, tem a capacidade de estar permanentemente próxima ao sentimento de grande parte da sociedade brasileira. Portanto, a manifestação que me traz, não apenas o líder do meu partido, mas os outros líderes, da oposição é extremamente relevante. Mas numa matéria de tamanha importância, que tem sido discutida por nós com a responsabilidade de sempre, mas também com a coragem necessária, é importante que continuemos a manter esta articulação.

Estou convidando para, na próxima quarta-feira, às 15 horas, uma nova reunião com a presença dos presidentes dos partidos de oposição, com os líderes dos partidos de oposição no Senado para, com base em tudo aquilo que foi levantado, com as denúncias novas que surgem a cada dia,. Com base nisso, e com extrema serenidade e responsabilidade, definirmos, como disse o líder Carlos Sampaio, os passos que daremos a seguir. Nenhum está descartado.

Repito que o papel da oposição é fiscalizar, denunciar e garantir as investigações sobre aqueles crimes que eventualmente tenham sido cometidos pelo atual governo e pela própria presidente da República.

 

Sobre a presidente Dilma Rousseff. 

Me permito, e peço licença aos líderes, dizer que o Brasil tem hoje uma não presidente da República. Não comanda a área econômica, não comanda a política. E uma presidente que não dialogou com o Brasil durante os primeiros quatro anos de seu mandato, agora, não tem sequer condições de estabelecer um monólogo com os brasileiros, sequer condições de ir à televisão falar aos brasileiros ela tem. Certamente, envergonhada pelas mentiras que produziu durante a campanha eleitoral e que puniram e continuam a punir principalmente os trabalhadores brasileiros. Infelizmente essa foi uma vitória de Pirro.

Não temos hoje uma presidente da República com autoridade sequer para dizer aos brasileiros o que pensa, até porque o que ela pensa, lamentavelmente, acaba sendo a cada dia mais desimportante para o conjunto dos brasileiros.

 

O PSDB ouvirá novos juristas sobre impeachment ?

Temos várias ações em curso, inclusive através de juristas, alguns já se manifestando positivamente ao cometimento de crime de responsabilidade ou crime comum, e outros ainda avaliando essas notícias que surgem a cada dia.

Vamos agir, repito, e esse é o grande fato que eu queria aqui ressaltar hoje, de forma articulada. Os partidos de oposição, no momento em que definirem qual será o próximo passo, farão isso de forma conjunta e acho que o ideal é que não seja apenas manifestação, seja da bancada da Câmara, do Senado ou de instâncias regionais, seja de todo o partido.

Por isso estou convidando para essa reunião na próxima semana os presidentes nacionais dos partidos de oposição. E vamos com a coragem necessária, mas com a responsabilidade devida, tratar dessa questão no bojo do conjunto das forças de oposição no Brasil.

 

Falta consenso?

Estamos trabalhando para que ele ocorra.

Oposição agirá de forma articulada e com responsabilidade, afirma Aécio Neves sobre denúncias do governo Dilma

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, se reuniu, nesta terça-feira (28/04), com líderes do partido e de outras três siglas na Câmara dos Deputados para discutir uma ação conjunta da oposição em relação a um eventual pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff.

Aécio Neves afirmou que a oposição age de forma articulada e com responsabilidade na investigação das denúncias que pesam contra o governo federal e também contra o PT nas novas revelações feitas no escândalo da Petrobras. Ele anunciou uma nova reunião com os presidentes dos partidos de oposição para a próxima semana.

“Vamos agir, repito, e esse é o grande fato que eu queria aqui ressaltar hoje, de forma articulada. Os partidos de oposição, no momento em que definirem qual será o próximo passo, farão isso de forma conjunta e acho que o ideal é que não seja apenas manifestação, seja da bancada da Câmara, do Senado ou de instâncias regionais, seja de todo o partido”, afirmou Aécio Neves, em entrevista à imprensa.

O presidente tucano cumprimentou os trabalhos que vêm sendo feito pelos líderes do partido na Câmara, deputados Carlos Sampaio, e no Senado, senador Cássio Cunha Lima, e disse que todas as iniciativas de fiscalização do governo federal estão sendo tomadas.

“Estou convidando para, na próxima quarta-feira, uma nova reunião com a presença dos presidentes dos partidos de oposição e com os líderes dos partidos no Senado para, com base em tudo aquilo que for levantado, com as denúncias novas que surgem a cada dia. Com base nisso, e com extrema serenidade e responsabilidade, definirmos os passos que daremos a seguir. Nenhum está descartado”, afirmou.

Além dos tucanos, a reunião de hoje contou com a presença dos líderes do  DEM na Câmara, Mendonça Filho; do PPS, Rubens Bueno e do Solidariedade, Arthur Maia. Também participaram, o presidente do Solidariedade, Paulo Pereira da Silva.

Aécio Neves ressaltou que a oposição não permitirá que qualquer denúncia de corrupção contra o governo federal deixe de ser investigada. O senador citou os últimos casos relevados pela imprensa, como o adiamento para depois das eleições de uma investigação na Petrobras pela Controladoria-Geral da União (CGU) e as denúncias de que dinheiro desviado da empresa tenha abastecido os cofres da campanha de Dilma Rousseff à reeleição.

“Nenhum [passo] está descartado, mas não nos precipitaremos e atuaremos de forma absolutamente responsável como tem ocorrido até aqui. Não deixaremos impunes os crimes que foram cometidos pelo atual governo durante o processo eleitoral e, nos últimos anos, e, eventualmente, até já no início deste mandato”, afirmou Aécio Neves.

“PSDB agirá dentro da lei”, afirma Aécio ao comentar denúncias contra o governo Dilma

O senador Aécio Neves garantiu, nesta quarta-feira (22/04), que o partido agirá com responsabilidade e de acordo com a Constituição Federal no processo de análise das denúncias de corrupção na Petrobras e de eventuais crimes de responsabilidade cometidos pela presidente Dilma Rousseff. Aécio afirmou que os tucanos não terão o mesmo comportamento que o PT teve durante o governo Fernando Henrique Cardoso, quando o partido pediu o impeachment do então presidente da República.

“Não vamos nos precipitar, não vamos fazer nenhuma ação panfletária como fez no passado o PT. Vamos agir com a responsabilidade de um partido da oposição que a cada dia mais percebe que ilícitos foram cometidos ao longo do ano passado e, eventualmente, até já alguns este ano. E vamos agir conforme determina a lei. Não vamos fazer absolutamente nada que fuja ao que determina a Constituição. Aliás, uma Constituição que eu assinei e que, lamentavelmente, alguns petistas renegaram”, ponderou Aécio Neves em entrevista à imprensa no Senado.

O presidente nacional do PSDB confirmou que uma equipe de juristas, liderada pelo ex-ministro da Justiça, Miguel Reale Júnior, está avaliando os últimos casos de eventuais crimes de responsabilidade cometidos no âmbito do governo federal.

Segundo Aécio Neves, a equipe de juristas está debruçada sobre a decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), que considerou crime de responsabilidade as chamadas “pedaladas fiscais” do governo federal. Outra denúncia em análise é um possível crime de prevaricação da Controladoria-Geral da União (CGU) em denúncia envolvendo a empresa holandesa SBM OffShore.

“A posição do PSDB tem sido a mesma desde que essas denúncias surgiram. Nós dissemos: o impeachment deve ter como base, claramente, indícios muito fortes de que houve crime de responsabilidade. E os indícios são cada vez mais claros, mas só avançaremos nesta proposição no momento em que tivermos consistência nesta análise”, ponderou o presidente do PSDB.

Outra denúncia sob investigação da Justiça é a suspeita de que dinheiro desviado da Petrobras possa ter abastecido a campanha eleitoral da presidente Dilma Rousseff por meio de repasses feitos pelo ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, réu da operação Lava-Jato preso na semana passada.

“Se comprovado que esses recursos eram ilícitos e que havia conhecimento de que eles eram fruto de propina, será mais uma frente que se abre. Estamos absolutamente serenos em relação a essa questão. Vamos fazer o papel que cabe à oposição, fiscalizar o governo, investigar onde as denúncias sejam contundentes, e muitas delas são, e, a partir daí, vamos definir qual tipo de ação vamos empreender. Portanto, é papel sim da oposição garantir, com responsabilidade, mas também com coragem, que essas investigações ocorram, e se alguém cometeu crime de responsabilidade que pague por este crime”, afirmou.

 

União

Aécio Neves também destacou que qualquer decisão em relação a um eventual pedido de impeachment, se tomada, será feita por todo o partido.

“O PSDB estará unido no momento em que definir qual a ação cabível, e mais do que isso, estará unido aos demais partidos de oposição. Temos um entendimento entre nós de que os cinco partidos de oposição se manifestarão de forma conjunta, no momento em que chegarmos à conclusão de que houve o cometimento de crime de responsabilidade. Não iremos nos omitir, tampouco vamos nos precipitar”, afirmou.

Aécio Neves – Entrevista sobre pedido de impeachment e sentenças da Lava Jato

O senador Aécio Neves, entrevista coletiva, nesta quarta-feira (22/05), em Brasília, afirmou que a oposição vai investigar todas as denúncias contra o governo federal e vai trabalhar unida e com responsabilidade no debate sobre um pedido de impeachment da presidente da República.

Leia a transcrição da entrevista do senador:

Sobre pedido de impeachment.

A posição do PSDB tem sido a mesma desde essas denúncias surgiram. Nós dissemos: o impeachment deve ter como base, claramente, indícios muito fortes de que houve crime de responsabilidade. E os indícios são cada vez mais claros, mas nós só avançaremos nesta proposição no momento em que tivermos consistência nesta análise.

O doutor Miguel Reale (Jr.), ex-ministro da Justiça, grande jurista, e uma equipe de advogados está examinando cada uma das frentes onde estas denúncias vêm se sucedendo. Seja através do Tribunal de Contas que considerou, por unanimidade dos seus membros que teria havido crime de responsabilidade com as chamadas pedaladas fiscais, seria os bancos públicos emprestando para o seu controlador, o que é vedado de forma absolutamente cabal e definitiva na Lei de Responsabilidade Fiscal.

Sejam os indícios que a Controladoria-Geral da União poderia ter prevaricado ao omitir informações que recebeu durante o processo eleitoral sobre o pagamento de denúncias por parte de uma empresa holandesa a dirigentes da Petrobras. Sejam as ações que já foram feitas junto ao Tribunal Superior Eleitoral que demonstram a utilização de empresas públicas, como os Correios e Telégrafos, de forma ilegal para beneficiar a candidatura oficial.

Mais uma utilização indevida da máquina pública em torno de um projeto de poder, inclusive, estas sucessivas denúncias de que recursos arrecadados ilicitamente pelo tesoureiro do PT, que está preso, possa ter irrigado o caixa da campanha da atual presidente da República. Porque houve transferência de recursos do diretório nacional para a campanha.

Se comprovado que esses recursos eram ilícitos e que havia conhecimento de que eles eram fruto de propina, será mais uma frente que se abre. Nós estamos absolutamente serenos em relação a essa questão. Vamos fazer o papel que cabe à oposição, fiscalizar o governo, investigar onde as denúncias sejam contundentes, e muitas delas são, e, a partir daí, vamos definir qual tipo de ação vamos empreender. Portanto, é papel sim da oposição garantir, com responsabilidade, mas também com coragem, que essas investigações ocorram, e se alguém cometeu crime de responsabilidade que pague por este crime.

 

Existe divisão no PSDB em torno da questão do impeachment? 

De forma alguma. O que existe em um partido democrático como o PSDB são nuances diferentes em relação às mais variadas questões. Seria estranho se não houvesse. Mas apesar dessas nuances, e essas posições são cada vez mais convergentes, no momento da ação a unidade será absoluta. Conversei essa semana com o presidente Fernando Henrique, hoje almocei com o senador José Serra e com outros líderes do partido. Há absoluta convergência entre nós. Não vamos nos precipitar, não vamos fazer nenhuma ação panfletária como fez no passado o PT. Vamos agir com a responsabilidade de um partido da oposição que a cada dia mais percebe que ilícitos foram cometidos ao longo do ano passado e, eventualmente, até já alguns este ano. E vamos agir conforme determina a lei. Não vamos fazer absolutamente nada que fuja ao que determina a Constituição. Aliás, uma Constituição que eu assinei e que, lamentavelmente, alguns petistas renegaram.

 

Hoje saíram as penas para os envolvidos na Lava-Jato. Como o sr. vê a aplicação de penas mais duras que as previstas?

O que assistimos hoje quase que incrédulos é, infelizmente, que institucionalizou-se a corrupção no governo do PT, e não se atem apenas à questão da Petrobras. O volume de recursos, os números são tão assombrosos que é difícil em qualquer parte do mundo que se creia que isso possa ter acontecido sem o conhecimento das mais altas autoridades. Na verdade, institucionalizou-se a corrupção e aqueles responsáveis por ela estão sendo punidos.

Mas acho que estamos ainda apenas assistindo a ponta do iceberg. É incontrolável que essas investigações continuem ocorrendo e que outras pessoas envolvidas, que se beneficiaram dela, tenham também que prestar esclarecimentos. A sorte do governo do PT é que tem na oposição, como maior partido, o PSDB, um partido que tem responsabilidade. Mas não faltará ao PSDB a coragem necessária para, no momento certo, se identificados realmente os crimes que agora são noticiados, vamos agir como esperam de nós a grande maioria dos brasileiros.

               

O Miguel Reale Jr. deu algum prazo para apresentar o parecer sobre o impeachment?

Não e nem pedimos prazo ao jurista Miguel Reale. Ele está examinando todas essas frentes, se detendo especialmente nessa do Tribunal de Contas. Algumas outras informações estão sendo colhidas por nós, como, por exemplo, o fato de que, neste ano, dos primeiros meses pode eventualmente ter havido continuidade dessa ação, que configura crime de responsabilidade, o que agrava a situação do governo. E analisando essas outras frentes, tanto na junta da Justiça Eleitoral, quanto a Controladoria-Geral.

Não temos prazo para isso, mas quero afirmar de forma muito clara: o PSDB estará unido no momento em que definir qual a ação cabível, e mais do que isso, estará unido aos demais partidos de oposição. Temos um entendimento entre nós de que os cinco partidos de oposição se manifestarão de forma conjunta, no momento em que chegarmos à conclusão de que houve o cometimento de crime de responsabilidade. Não iremos nos omitir, tampouco vamos nos precipitar. E, por isso, não há um prazo determinado para que isso ocorra. O volume de informações que nos chegam e que chegam a vocês, ou através de vocês, à sociedade brasileira é muito grande.

 

Sobre balanço relativo às contas da Petrobras na gestão de Ademir Bendine.

Precisamos ver esses números. Vamos ver de que forma eles vão admitir a corrupção que deixou pelo ralo alguns bilhões de reais. É preciso que ele demonstre ter a coragem e a independência necessária – e essa é a dúvida que todos nós, brasileiros, temos – para admitir que, seja em relação à Abreu e Lima, seja em relação à Pasadena, e vários outros investimentos, como o Comperj no Rio de Janeiro, houve dolo.

É preciso que ele admita de forma clara que houve corrupção, que houve desvios e aponte quem são os responsáveis por ele, porque algo apenas teórico, compreendo até o esforço do ministro Joaquim Levy de dizer que a Petrobras iniciará uma nova história a partir da apresentação deste balanço. Se não admitir de forma clara a corrupção endêmica que tomou conta da companhia, infelizmente, ela continuará no mesmo caminho.

 

Sobre a condenação de Paulo Roberto Costa. Foi branda?

Não sou juiz para avaliar a extensão de uma pena, mas é uma pena expressiva para alguém que, assumidamente e confessadamente, cometeu um crime continuado. Mas será que é ele apenas que cometeu? Ele seria o último beneficiário daquilo que aconteceu na Petrobras? Acho que outros desdobramentos ainda virão e os brasileiros de público devem apoiar o trabalho que o juiz Sérgio Moro vem conduzindo, que o Ministério Público vem conduzindo. Esperamos que no Supremo isso aconteça da mesma forma.

Aécio Neves – Entrevista coletiva sobre TCU, Impeachment e Reforma Política

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva nesta quinta-feira (16/04). Aécio falou sobre o crime de responsabilidade apontado pelo TCU, impeachment, reforma política e fim da reeleição.

 

Leia transcrição da entrevista do senador:

Sobre decisão do TCU que considerou crime o uso dos bancos públicos para manobras fiscais realizadas pelo governo Dilma.

Segundo o TCU, é crime de responsabilidade. O que nós precisamos agora averiguar é quais foram os responsáveis por essa fraude, porque há uma proibição formal. Os bancos   públicos não podem emprestar para o Tesouro. E foi isso que, de forma maquiada,  a última equipe econômica fez.

Mas nós temos que ir além disso.  Fez em benefício de quem? Portanto, nós estamos aqui  com absoluta serenidade analisando essa sucessão de denúncias que não cessam para que, se caracterizado, na avaliação, de juristas respeitáveis do Brasil, que tenha havido crime de responsabilidade, a nossa obrigação é realmente apresentar algo para se coibir esse crime e para punir os responsáveis por ele. Portanto, o TCU, e não nós (oposição), afirma que houve  o cometimento de crime pela equipe econômica. Nós temos que ver se esse crime ele se limita à equipe econômica ou se vai além dela.

 

Essa decisão do TCU abre caminho para um pedido de impeachment?

Eu tenho tido muita cautela quando se fala em impeachment.  O que eu quero reiterar aqui hoje é que essa não é uma palavra proibida. Impeachment  é uma previsão constitucional, mas para que ela ocorra é preciso que haja algo factual, é preciso que haja caracterização de crime de responsabilidade.

O TCU aponta que houve um crime de responsabilidade ,  mas o relatório o limita ao ministro da Fazenda. Nós temos que examinar se é possível limitar esse crime apenas àqueles que eventualmente cumpriam orientação de quem teria sido beneficiário maior daquela decisão. E outras questões estão na pauta. Um grupo de deputados da CPI (da Petrobras) está indo a Londres para ouvir o funcionário de uma empresa  que em agosto entregou documentos à CGU  comprobatório do pagamento de propina  a dirigentes da Petrobras  por parte dessa empresa  SBM, dessa empresa holandesa. A Controladoria Geral da União, que tem o dever de zelar pela transparência na gestão pública, omitiu dos cidadãos brasileiros  essas gravíssimas informações até que se terminasse o período eleitoral. Será que isso também não é crime de responsabilidade?

Então nós estamos avaliando. Não é um julgamento político que eu faço. Nós temos sim, e não apenas o PSDB , temos o compromisso dos partidos de oposição  de agirem juntos nessa questão, conectados com o sentimento amplo  da sociedade brasileira. Vamos ter a responsabilidade  e a prudência para tomar qualquer decisão, mas vamos ter a coragem, se considerarmos que houve  cometimento de crime de responsabilidade, nós vamos agir como  determina a Constituição.

 

Sobre as mudanças que PSDB defende na reforma política.

O consenso é o nosso objetivo.  As virtudes jamais estão nos extremos, geralmente estão no meio.  Percebo que há aqui, pelo menos pelos depoimentos que ouvi,  posições de vários partidos favoráveis ao voto distrital misto, seja o modelo alemão, com dois votos , um candidato do distrito e outro mista, seja o modelo coreano, da Coreia do Sul, que é um voto apenas para definir inclusive a composição da lista.

Mostrei aqui a enorme preocupação com a proposta  do distritão, que descaracteriza, que fragiliza e que a meu ver aniquila com os partidos políticos. Cada deputado eleito será dono do seu próprio mandato , sem qualquer tipo de responsabilidade partidária. E nós que vivemos em uma democracia participativa não conseguiremos  avançar na definição de reformas estruturais ou das graves questões nacionais, sem que os partidos políticos existam e funcionem e estejam conectados com  a sociedade. Portanto, essa é uma questão central para nós.

Em relação ao financiamento de campanha, nós apresentamos  uma proposta inovadora, que garante o financiamento  misto. Em primeiro lugar propaganda eleitoral sem  trucagem, sem essa marquetagem  sem limites, sem esse ilusionismo que nós assistimos  na última eleição. É o candidato pessoalmente com debates entre os candidatos que deverá orientar a campanha eleitoral. O custo será infinitamente menor do que o custo das campanhas na televisão hoje.

Estamos propondo que as pessoas físicas possam doar aos candidatos até determinado limite. Esse limite terá que ser discutido na Comissão, um limite razoável, aceitável. E pessoas jurídicas também, com limites muito mais estreitos, possam doar aos partidos políticos que irão, de forma isonômica, atender aos candidatos tanto majoritários como os candidatos proporcionais. Tanto a questão do sistema, – e defendemos o sistema eleitoral distrital misto – quanto a questão do financiamento, acho que as propostas do PSDB estão no centro, não estão nos extremos. E por isso tenho confiança de que elas possam eventualmente ser aprovadas ou até aprimoradas na Comissão e no plenário.

Agora é a última chance que o Brasil moderno tem de fazer uma reforma política, porque hoje na Câmara já são 28 partidos, depois da próxima eleição vão ser mais de 40 partidos. E aí, infelizmente, as negociações se tornarão quase que impossíveis.

 

O sr. defende um teto para as doações tanto de pessoas físicas quanto jurídicas aos candidatos? Um teto único para presidente e para deputados?

É fundamental que haja, senão vamos continuar assistindo a essas distorções que vimos nas últimas eleições, não apenas presidenciais, onde elas foram grandes, mas em todas as outras eleições. Sim, defendo a liberação para o financiamento de pessoas físicas diretamente aos candidatos e de pessoas jurídicas sempre com um teto para os partidos, mas teto para cada uma das candidaturas, sejam elas do Legislativo, sejam elas do Poder Executivo. Acho que existem dois sentimentos, pelo menos meus, maiores que devem orientar o tratamento de todas essas matérias. Primeiro, o fortalecimento dos partidos políticos. Segundo, a isonomia e transparência na disputa das eleições. O estabelecimento de um teto para os candidatos é essencial.

 

Com relação à reeleição e tempo de mandato, o que o sr. defende?

Tenho defendido – e vocês se lembrarão desde a campanha eleitoral – o fim da reeleição com mandato de cinco anos para todos os cargos eletivos. Já não tinha dúvidas, mas se alguém tinha alguma dúvida sobre o efeito nefasto da reeleição, essa última eleição presidencial mostrou que ela não pode continuar.

A atual presidente da República desmoralizou o instituto da reeleição. Assistimos – olha que não sou eu apenas que digo – aos Correios, segundo o Tribunal de Contas, sendo utilizados criminosamente para defender, apoiar ou beneficiar uma candidatura. Agora, estamos assistindo à Controladoria-Geral da União, segundo denúncias desse dirigente da empresa holandesa, omitindo informações. Assistimos a um terrorismo desenfreado em todo o território nacional com a utilização da máquina pública contra o candidato da oposição. Esse novo crime ontem anunciado pelo Tribunal de Contas da União, da maquiagem fiscal, a utilização indevida de recursos das instituições financeiras – e nos debates já denunciava isso – para pagamento de Bolsa-Família, para pagamento de outros benefícios e até mesmo de crédito rural através do Banco do Brasil.

Portanto, o que assistimos nessa última eleição presidencial foi o mais acintoso, vergonhoso processo de utilização do Estado Nacional em favor de um projeto de poder, nem um projeto de país, mas um projeto de poder. Portanto, acho que o fim da reeleição é adequado ao Brasil, com uma isonomia maior para todas as candidaturas.

Aécio Neves – Entrevista sobre a prisão de Vaccari e Reunião da Oposição

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta quarta-feira (15/04), em Brasília. Aécio comentou a prisão do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, reunião com presidentes dos partidos da oposição e impeachment da presidente Dilma.

 

Leia a transcrição da entrevista do senador:

Como o sr. avalia hoje a prisão do tesoureiro do PT João Vaccari?

É algo extremamente grave, algo inédito na história do Brasil e de qualquer país do mundo. O homem responsável pelas finanças do partido da presidente da República está preso, com inúmeras acusações em relação à malversação de dinheiro público. Portanto, o que estamos vendo é o agravamento da crise política, e cada vez ela chegando mais próxima do governo e da própria presidente da República.

 

Líderes do PT, o caso do líder Sibá Machado, disseram que a prisão foi política. O sr. concorda com isso?

É o desespero de um partido que não tem mais como olhar nos olhos da sociedade brasileira, principalmente daqueles que confiaram nesse partido. Disse durante a campanha eleitoral, perguntei à presidente Dilma se ela confiava no tesoureiro do seu partido, o senhor João Vaccari, e repito a mesma pergunta. A pergunta não mudou. Quem sabe a resposta tenha mudado. A presidente Dilma continua confiando no tesoureiro do seu partido que está preso, que movimentou recursos da corrupção, envolvendo a sua família nisso? É a degradação moral absoluta de um governo que, para se manter no poder, deixou de lado o mínimo de respeito à sociedade brasileira, e, obviamente, isso terá consequências.

 

Como fica o PT com essa prisão? 

O PT vive, a meu ver, os seus estertores. O PT, que iniciou a sua trajetória buscando defender a ética, os valores republicanos e a classe trabalhadora brasileira, se aproveitou da classe trabalhadora, utilizou-a de forma indevida, abriu mão de todos os valores que pregava lá atrás, e hoje é um partido reconhecido pela sociedade brasileira como o partido da ineficiência e o partido da corrupção. Eles terão muitas dificuldades para superar essa marca.

 

Os partidos de oposição, os presidentes acabaram de se reunir. O que foi tratado nessa reunião?

Nos reunimos – os presidentes dos partidos de oposição – para avaliar a gravidade da crise, e hoje essa gravidade é maior com a prisão do senhor Vaccari. Estamos recebendo hoje dos movimentos sociais que organizaram essas manifestações a sua pauta de reivindicações, vamos nos manifestar em relação a elas, mas estamos avaliando todas as possibilidades, porque, com a prisão hoje do homem responsável pelas finanças do PT, a crise de ingovernabilidade aumenta muito no Brasil.

 

Quais são todas essas possibilidades?

Todos os crimes de responsabilidade que, eventualmente, tenham sido cometidos pela presidente da República, avaliando a conexão dos recursos da propina com as suas duas eleições, as denúncias em relação à Controladoria-Geral da União, que teria omitido durante a campanha eleitoral informações e documentos que comprovariam já o pagamento de propina a funcionários da Petrobras, fato  que a presidente sempre negou; a definição do Tribunal de Contas da União, através do seu procurador, de que os Correios foram utilizados também de forma indevida e criminosa durante a campanha eleitoral para favorecer a candidatura do PT, as pedaladas fiscais que maquiaram os dados durante a campanha eleitoral, enfim, um conjunto de evidências que, a meu ver, cada vez mais se aproximam do núcleo de poder do PT e do Palácio do Planalto.

 

É um caminho sem volta? 

Nós ouvimos o que boa parte do Brasil tem dito. Nas ruas, nas redes, nas manifestações inúmeras que têm surgido por todo o país. Essa é uma das demandas. Enquanto partidos políticos, temos que ter a responsabilidade de avançarmos nessa direção quando tivermos consistência, quando tivermos avaliações jurídicas isentas de que houve o cometimento de crime de responsabilidade. Mas o agravamento da crise está claro. A prisão hoje do tesoureiro do PT, que até poucos dias era recebido com aplausos, com ovações pelos seus correligionários, é algo extremamente grave. E o que me chama mais atenção nesse episódio é que o PT não tem sequer mais forças para retirá-lo do cargo, para de alguma forma impedir que ele se afaste para ser investigado. O PT hoje é refém do seu tesoureiro, e esse tesoureiro está preso. Hoje, as decisões financeiras do PT passam a ser tomadas dentro das instalações da Polícia Federal.

 

Os senhores vão formalizar o pedido de impeachment ou está sendo estudado?

O que tenho dito é que impeachment não é uma palavra proibida. Não é ainda uma decisão dos partidos de oposição, mas temos o dever de avaliar cada uma dessas denúncias e, se considerarmos que houve a caracterização de crime de responsabilidade, esta é uma possibilidade prevista na Constituição. Não há ainda essa definição, mas qualquer que seja ela, será tomada em conjunto pelos partidos de oposição.