O ex-governador de Minas Gerais, senador Aécio Neves, do PSDB, cobrou nesta terça-feira, no plenário do Senado, a votação do novo marco regulatório da mineração. O presidente tucano reclamou que desde 2008, o governo do PT promete a aprovação da proposta, e que até o momento tem adiado a discussão da matéria no Congresso. O projeto que beneficia as regiões mineradoras está parado por conta da falta de apoio da presidente Dilma Rousseff.
Sonora do senador Aécio Neves
“Cobro de forma clara a omissão do Governo Federal ao longo desses últimos anos, que não permitiu – com uma certa conivência do Congresso Nacional – que o novo marco regulatório pudesse ser discutido, votado e pudesse, nele, estar constando – de forma mais clara e específica – as responsabilidades preventivas das mineradoras em relação às suas atividades, para que uma tragédia como esta ocorrida em Mariana e que comoveu todo o País não se repita mais”.
Aécio Neves ainda lembrou que a bancada de Minas Gerais tem se articulado, desde a época em que ainda era governador, para a aprovação do novo marco.
Sonora do senador Aécio Neves
“As cobranças que fazíamos naquela época eram imensas porque havia necessidade, dentre outras correções, que passavam inclusive por uma prevenção mais efetiva de responsabilidade das empresas mineradoras, também de um ressarcimento mais efetivo aos Estados e Municípios mineradores, tanto para enfrentar situações de calamidade como essa, mas também por outro lado para permitir uma sucessão à atividade mineral nessas regiões quando ela se vê exaurida”.
Aécio Neves destacou a importância da discussão de outras propostas que possam regular o setor e citou como exemplo a apresentada pelo senador Antonio Anastasia, também ex-Governador de Minas, que propõe que os recursos advindos da multa praticada pelo IBAMA, possam ser aplicados diretamente nessas regiões atingidas por catástrofes. De Brasília, Shirley Loiola.
Boletim
Pronunciamento sobre a tragédia de Mariana (MG)
“São pelo menos oito anos de discussões absolutamente improdutivas porque nós sabemos que, no Presidencialismo quase imperial como esse que reina no Brasil, ou há disposição do governo de mobilizar a sua base, ou ele próprio de tomar iniciativa, ou as iniciativas do Parlamento ou grande parte delas acabam por ficar no meio do caminho. Não faltaram alertas para a necessidade de termos novas e modernas regras que regulem a atividade mineral neste País”, afirmou o senador Aécio Neves, em pronunciamento no Senado, nesta terça-feira (17), ao cobrar do governo federal o atraso na aprovação do novo marco regulatório da mineração, prometido aos estados e municípios desde o governo Lula.
Aécio destacou que o novo código tem sido uma reivindicação de Minas Gerais desde seu governo no Estado. O ex-governador também prestou apoio ao projeto de lei do senador Anastasia que prevê o repasse das multas ambientais federais para as cidades atingidas pelo rompimento dos rejeitos de minério de ferro da Samarco, atingindo dezenas de municípios.
Pronunciamento sobre a tragédia de Mariana (MG)
“São pelo menos oito anos de discussões absolutamente improdutivas porque nós sabemos que, no Presidencialismo quase imperial como esse que reina no Brasil, ou há disposição do governo de mobilizar a sua base, ou ele próprio de tomar iniciativa, ou as iniciativas do Parlamento ou grande parte delas acabam por ficar no meio do caminho. Não faltaram alertas para a necessidade de termos novas e modernas regras que regulem a atividade mineral neste País”, afirmou o senador Aécio Neves, em pronunciamento no Senado, nesta terça-feira (17), ao cobrar do governo federal o atraso na aprovação do novo marco regulatório da mineração, prometido aos estados e municípios desde o governo Lula.
Aécio destacou que o novo código tem sido uma reivindicação de Minas Gerais desde seu governo no Estado. O ex-governador também prestou apoio ao projeto de lei do senador Anastasia que prevê o repasse das multas ambientais federais para as cidades atingidas pelo rompimento dos rejeitos de minério de ferro da Samarco, atingindo dezenas de municípios.
A dor de todos
Aécio Neves – Jornal Estado de Minas – 14/11/2015
De repente, o que existia deixou de existir. A igrejinha branca de porta e janelas azuis, o restaurante de comida caseira, as ruas por onde se andava a cavalo, os pomares cheios de frutas e as cachoeiras límpidas, a escola, as casas de feitio colonial, tudo. O rompimento das barragens da Samarco em Mariana tirou do mapa uma localidade inteira e afetou dezenas de outras. São perdas humanas irreparáveis e um desastre ambiental devastador em toda a Bacia do Rio Doce. Eu estive lá e vi de perto a dor de quem perdeu o chão, o lar, os parentes e amigos, os negócios que garantiam a sobrevivência da família. São mineiros que jamais se esquecerão do que viram e sentiram. Eles são o testemunho triste e indignado de uma tragédia que macula a nossa história.
Minas Gerais tem sua identidade calcada na mineração. O caráter fundador de nosso estado vem da exploração das minas de ouro e diamante, que ajudaram a desbravar o interior e a fundar povoados. Temos mais de três séculos de convívio com a mineração, conhecemos como poucos os seus riscos e impactos.
Ao contrário de outras atividades, nessa o território se deixa escavar, perfurar, transformar. Montanhas e rios são vasculhados, paisagens se alteram. A mineração em larga escala atinge o meio ambiente, as cidades próximas, as estradas por onde escoa a produção. Ao mesmo tempo, movimenta-se uma indústria que contribui com o PIB do estado e do país, gerando milhares de empregos, importante fonte de renda para muitos. Como conciliar tudo isso?
A verdade é que uma atividade tão antiga e importante se movimenta, em nosso país, sem uma legislação adequada, compatível com as demandas do século 21. Um novo marco regulatório para a mineração vem sendo discutido no Congresso Nacional há cerca de cinco anos, sem previsão para ser votado. É um atraso inaceitável, tendo em vista a centralidade da questão ambiental no mundo. É mais um dos compromissos assumidos pelo governo federal com Minas antes mesmo das eleições de 2010 e, até hoje não cumprido.
Não sei se você se lembra, mas em junho de 2012 lançamos no estado, em parceria com a sociedade civil, a campanha Minério com mais Justiça, que pode ser vista em https://youtu.be/ShXH8DnZJTY. O objetivo era chamar a atenção sobre a importância de uma revisão nos valores pagos pelas empresas mineradoras aos estados e municípios. Valores que podem ser revertidos para a melhoria da qualidade de vida da população.
Com esse intuito, apresentei em 2011 uma proposta que não só aumentava esse percentual para regiões mineradoras, como também previa um fundo especial a ser distribuído por todos os municípios do estado minerado, já que a cadeia de serviços da atividade – haja vista o uso das estradas, por exemplo – impacta mesmo os municípios não produtores. Infelizmente, nada disso tem andado com a agilidade necessária. Enquanto o tema não ganha a devida prioridade por parte do governo, o país continua legislando com um Código de Mineração de quase 50 anos.
São tempos de incertezas. Em todo o estado, há 735 barragens – e é natural que as populações próximas se sintam, neste momento, inseguras. O poder público precisa ser rápido e transparente em suas respostas.
Acompanho, com imenso pesar pelos atingidos, o trabalho que está sendo feito para mitigar o sofrimento de centenas de pessoas.
O momento exige rigorosa investigação que apure as devidas responsabilidades sobre o acidente e aponte formas de prevenção. As famílias atingidas devem obter apoio integral da empresa e do poder público. Como elas podem reiniciar suas vidas com dignidade, depois de uma perda tão brutal? Como minimizar a dor que eu vi nos olhos de tanta gente? A tragédia de Mariana é um grito de dor, indignação e socorro. De certa forma, Mariana grita por Minas.