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Aécio Neves – Entrevista sobre o Encontro no IEDI
O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista, nesta segunda-feira (05/05), em São Paulo (SP), onde participou de encontro com integrantes do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI).
Leia a transcrição da entrevista do senador:
Sobre encontro com integrantes do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI).
O IEDI, que reúne as principais buscas nacionais, está percebendo na pele a gravidade do processo de desindustrialização do Brasil. Hoje, temos a presença da indústria que tínhamos na década de 1950, de 13% do conjunto do PIB. O déficit da nossa balança comercial industrial, apenas no ano passado, foi de R$ 105 bilhões. Então, é um conjunto de contradições da política econômica e macroeconômica que tem tirado competitividade da indústria brasileira. Passa pela questão logística, onde as falhas são enormes, onde esses 10 anos de atraso do PT na viabilização de investimentos à infraestrutura tiram a competitividade da indústria. Passa pela questão tributária, fiscal. Há, hoje, um emaranhado enorme, e aí eu concordo com a necessidade de fazermos rapidamente o processo de simplificação do sistema tributário, e esse é um dos principais compromissos que temos, e, na sequência, abrirmos espaço, a médio prazo, para diminuição da própria carga. Então, há sim uma convergência grande de diagnóstico. Fico muito feliz de receber essas contribuições, receber um documento com essas propostas. Não são reivindicações pontuais desse ou daquele setor. São preocupações que eles externam em relação ao baixo crescimento do Brasil, à diminuição dos investimentos na economia brasileira e, obviamente, de forma muito especial, a fragilização da nossa indústria.
Sobre declarações do ex-governador Eduardo Campos.
Acho que vai ficando claro aquilo que nós somos. As diferenças, elas existem, mas as convergências devem ser buscadas em favor do Brasil. Então eu não acho nada de novo naquilo que o Eduardo vem dizendo. Eu continuarei fazendo aquilo que me dispus a fazer deste que assumi essa candidatura, apresentando ao Brasil uma proposta claramente oposicionista ao que está aí. Contra esse aparelhamento irresponsável da máquina pública, contra a ineficiência, indignado em relação a essas sucessivas denúncias de corrupção que se sucedem a cada dia. Uma proposta contrária a essa visão anacrônica e arcaica de política externa que nos leva ao alinhamento que não interessa ao Brasil em absolutamente nada. Acho que nessas convergências é preciso que nós nos encontremos. Mas é bom que o debate ocorra, até porque se fossemos iguais, estávamos no mesmo partido e apoiando a mesma candidatura. Acho que é saudável essa pluralidade do debate eleitoral. Da minha parte sempre terá respeito a ele e haverá mais do que isso, um pensamento maior que vai além de uma candidatura do PSDB ou uma candidatura do PSB. Eu quero devolver o Brasil aos interesses dos brasileiros, devolver as empresas brasileiras ao interesse público. Retirá-la das garras desse grupo político que se apoderou do estado brasileiro em beneficio de um projeto de poder.
Contradições da política econômica tiram competitividade da indústria, diz Aécio Neves em São Paulo
O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), afirmou nesta segunda-feira (5), após reunião com empresários do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), que as contradições da política econômica do governo da presidente Dilma Rousseff estão tirando a competitividade da indústria brasileira.
“O IEDI, que reúne as principais indústrias nacionais, está percebendo na pele a gravidade do processo de desindustrialização no Brasil. Nós hoje temos uma presença da indústria que tínhamos na década de 50, de 13% do conjunto do PIB. O déficit da balança comercial industrial foi de R$ 105 bilhões apenas no ano passado. É um conjunto de contradições da política econômica que tem tirado a competitividade da indústria brasileira”, criticou o presidente nacional do PSDB após a reunião.
Segundo Aécio, os empresários são unânimes ao afirmar que os problemas da indústria decorrem, entre outros fatores, da falta de investimentos em infraestrutura e da complexidade do sistema tributário.
O presidente do PSDB recebeu das mãos dos empresários um documento em que eles apontam 10 problemas enfrentados pela indústria e sugestões para a economia voltar a crescer. Além de logística e impostos, eles citam a falta de investimentos em educação, o elevado gasto governamental, o excesso de burocracia, entre outros.
“Há uma convergência grande de diagnóstico. Fico feliz de receber essas contribuições. Não são reivindicações pontuais deste ou daquele setor. São preocupações que eles externam em relação ao baixo crescimento do Brasil, diminuição dos investimentos na economia brasileira e, obviamente, de forma especial, à fragilização da nossa indústria”, disse Aécio Neves.
Estrangeiros projetam PIB de 1,5% para 2014
A forte desaceleração da produção industrial em dezembro anunciada na terça-feira e a recente piora do cenário global surtiram efeito nas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2014. Os economistas de pelo menos dois bancos estrangeiros, o Credit Suisse e o JP Morgan, reviram seus cálculos e projetam agora um crescimento da economia brasileira de apenas 1,5% neste ano.
Trata-se de um corte significativo de projeção das duas instituições que antes estimavam que 2% e 2,1%, respectivamente. O novo patamar é mais pessimista que o consenso de mercado, medido pela pesquisa Focus do Banco Central, que mesmo antes dos novos dados projetava um crescimento de 1,9%.
A queda na produção industrial em dezembro já era esperada, mas o consenso esperava 1,7%, e não 3,5%. No ano, a produção cresceu 1,2%, impulsionada principalmente pela expansão de 13% do setor de bens de capital.
De acordo com o relatório do Credit Suisse, da equipe de economistas liderada por Nilson Teixeira, já se projetava uma queda da produção de bens de capital para 2014 por causa de um impulso menor da safra agrícola, da alteração das condições de financiamento do governo, de queda da confiança da indústria, da inflação elevada e de incertezas em relação à Copa e às eleições. Mas em dezembro a produção do segmento caiu mais de 11% em relação a novembro, o que fez o cenário piorar significativamente para o primeiro trimestre de 2014.
Apesar da revisão, Teixeira diz em seu relatório que o cenário global eleva a incerteza na dinâmica do crescimento do PIB nos próximos trimestres. Por outro lado, o PIB pode se beneficiar de uma taxa de câmbio mais depreciada associada à forte aceleração dos países desenvolvidos, que poderiam fazer com que a produção industrial nos setores exportadores compensasse menor crescimento em outros segmentos.
O banco JP Morgan entende que, mesmo com taxa de câmbio favorável, o cenário mais sombrio para a demanda de emergentes e a alta volatilidade dos mercados vão fazer com que a balança comercial não seja tão positiva quanto inicialmente projetado.
Assinado pelos economistas Fábio Akira e Cassiana Fernandez, o relatório diz que se esperava um cenário desafiador para o Brasil em 2014, mas o estresse no mercado financeiro piorou as expectativas. A revisão para baixo do PIB pelo JP também foi motivada pela forte queda da produção industrial.
Ontem, a Rosenberg Associados também refez suas projeções. A consultoria estava e ainda está um pouco mais otimista que a média do mercado. A previsão inicial era de um crescimento de 2,5% e agora entende que deve ficar em 2,1%.
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Ano novo, agenda velha
2014 começou replicando as agruras do ano passado: desconfiança, expectativa de baixo crescimento e indisposição para investir; balança comercial no vermelho, juros mais altos para conter a ameaça inflacionária que continua rondando o país; atrasos crônicos nas obras, movidas muito mais a foguetório e palanque, do que planejamento e gestão.
Isso sem contar as estranhezas de sempre, que se repetem em novas edições da contabilidade criativa. Desta vez, nem mesmo áreas convulsionadas como saúde e segurança escaparam dos cortes improvisados para compor o indefectível superávit primário gerado a fórceps.
Bastam alguns instantes acompanhando a política econômica do governo federal para concluir que não devemos esperar muito mais do que os remendos dos últimos anos. A agenda principal é paralisante, voltada para corrigir erros criados pela própria administração federal, refletindo um tempo perdido em que discurso e realidade se distanciaram “como nunca antes na história desse país”.
A necessidade do Brasil inaugurar uma nova agenda parece que ficará mesmo circunscrita à reedição dos debates tradicionais em ano de sucessão presidencial. Pouco ou quase nada se acrescentará de prático, como medida para destravar o país. Nunca é demais lembrar que poderíamos estar em outro estágio, caso o ciclo de governo petista não tivesse levado dez longos anos para decidir sobre as concessões em infra-estrutura. Ou que poderíamos estar entregando agora as importantes obras de mobilidade urbana, que tanto serviram de argumento para justificar os esforços para realizar a Copa do Mundo de 2014 em nosso território, e que, em grande parte, vão acabar ficando mesmo no meio do caminho.
Não há qualquer sinal no horizonte ou disposição mínima para abrir discussão sobre o que interessa — o isolamento do país das mais importantes cadeias produtivas do mundo, a competitividade perdida e o grande esforço que precisamos realizar para incentivar inovação.
A esse respeito, lembrei-me de recente entrevista de um dos mais prestigiados e reconhecidos economistas brasileiros, José Alexandre Scheinkman, às páginas amarelas da revista “Veja”. Nelas, ele aponta o fraco desempenho do PIB como resultado de erros do governo em questões cruciais para o avanço da economia — os excessos de protecionismo e intervenção no livre mercado e a omissão na criação das condições para que o Brasil melhore a sua produtividade.
Scheinkman nos lembra que produtividade é a força propulsora das economias que mais cresceram no mundo. Desde 1989, segundo ele, os Estados Unidos aumentaram a produtividade em 12%, a China, em mais de 50%, e a Coreia do Sul, em 65%. E o Brasil praticamente não saiu do lugar. Não por falta de competência ou talento das forças produtivas nacionais, mas de estratégia e estímulos na direção correta.
2014 nasce refém dos erros de 2013, 2012, 2011…
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