Carta a Eduardo Campos

Aécio Neves – Folha de S. Paulo – 10/08/2015

Amigo, escrevo nesse domingo, Dia dos Pais.

Aqui, em Brasília, os dias secos chegaram e as crianças já sentem. Balde com água e toalha molhada no quarto têm sido a solução caseira, mas acho que já está na hora de comprar um umidificador.

Nesta segunda, em que você completaria 50 anos estarei na sua Recife. Quero muito dar um beijo na Renata e nos meninos e agradecer, mais uma vez, o carinho e a generosidade que tiveram comigo no ano passado, quando você, inexplicavelmente, nos deixou.

Amanheci pensando na falta que o seu abraço e seu sorriso largo fazem a eles. Aprendi com meu pai, Aécio, que para a educação dos filhos duas coisas são muito importantes: a presença, sempre que possível, e os bons exemplos. No seu caso, os bons exemplos estão por toda parte e os acompanharão para sempre.

Como deve estar vendo aí de cima, por aqui as coisas não vão nada bem.

Estava me lembrando da nossa conversa no apartamento de sua mãe, dona Ana, no fim de 2013, quando, após uma apetitosa carne de sol, falamos da necessidade da correção de rumos na economia. Lembro-me que chegamos à conclusão de que deveríamos concorrer à Presidência em trincheiras próprias, para fortalecer as oposições, e de que nos encontraríamos mais adiante, para somarmos forças em um novo projeto de Brasil, caso um de nós dois viesse a ser vitorioso.

Nesses dias de incertezas, Eduardo, sinto falta das nossas conversas francas, verdadeiras, em que falávamos do futuro com responsabilidade, mas também com alegria e com o bom humor que nunca lhe faltou. Disse a você, muitas vezes, como me chamava atenção a união da sua família e o afeto que toca a todos que têm o privilégio de conviver com ela. Nesse último ano, você não tem ideia dos exemplos que Renata e os meninos deram a todos os brasileiros.

Não me sai da cabeça um dos últimos jantares na sua casa, com carne de boi e frutos do mar à mesa, que naturalmente você não comeu. Após muitas histórias sobre Arraes e Tancredo (que adaptávamos ao sabor do ouvinte), nos reunimos em volta daquela máquina de música na varanda, que funciona com fichas, e que o José, até então seu caçula, com um sorriso no rosto, manejava como ninguém. Miguel ainda não havia chegado.

Após ouvirmos algumas vezes a sua preferida, “Evidências”, na voz dos amigos Chitãozinho e Xororó, colocamos “Tocando em frente”, de Renato Teixeira e Almir Sater: “Ando devagar, porque já tive pressa e levo esse sorriso porque já chorei demais”…

É isso que fica. A lembrança do seu sorriso franco e leal. Os nossos sonhos comuns. E uma amizade para toda vida.

Você faz muita falta ao Brasil, amigo.

O abraço do Aécio.

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Copa Inesquecível: 1970

Ao ser convidado a escrever sobre uma Copa inesquecível, fiquei em dúvida sobre de qual falar: sempre fui um apaixonado por futebol desde que, pelas mãos de meu querido e saudoso pai, Aécio Cunha, muito cedo comecei a frequentar não só os estádios mas inúmeras vezes até os treinos do meu time do coração, o Cruzeiro, do qual ele foi por muitos anos vice-presidente.

Pensei em lembrar o time mágico de Telê Santana em 82, com Zico, Falcão e Sócrates, mas logo me veio a lembrança de Paolo Rossi e desisti da ideia. Ou do esforço do pouco acreditado campeão de 94, comandado por Dunga, Romário e Bebeto. Pensei ainda em lembrar o sofrimento de 98 na França (eu estava lá) ou a heroica conquista de 2002 com os gols mágicos do maior artilheiro de todas as Copas, meu amigo Ronaldo.

Mas resolvi viajar ainda mais no tempo para falar da primeira Copa a que assisti. A do tri, em 1970 (México).

Eu tinha então dez anos de idade e sabia, mesmo sem entender direito que alguma coisa ruim acontecia no país, fosse pelas conversas em voz baixa nas visitas que nos fazia meu avô Tancredo ou pelas inúmeras reuniões que aconteciam na minha casa, em que as conversas eram interrompidas sempre que as crianças entravam na sala.

Mas era tempo de Copa e, com meu álbum de figurinhas completo debaixo do braço, fazia questão de ser dos primeiros a chegar ao Instituto Zilah Frota para repetir, como se fosse profundo conhecedor da matéria, tudo o que ouvia meu pai comentar com os amigos.

Minha primeira bronca fora com o corte de Dirceu Lopes, craque celeste e hoje um querido amigo. Depois para dizer que só um louco poderia achar que não havia lugar para Pelé e Tostão no mesmo time (e tinha gente que achava). E, por fim, para defender um lugar para Piazza no time. Não por coincidência, todos cruzeirenses.

A Copa começou, a TV colorida que meu pai disse que encomendara jamais chegou. Tenho até hoje sérias dúvidas se essa encomenda existira mesmo. Nem sei se na época havia transmissão em cores ou se foi apenas uma fantasia para alimentar a minha imaginação. Mas não importa. A categoria do time de Pelé e cia. coloria a tela.

Foram quatro semanas de alegria e êxtase. Depois da final contra a Itália, saímos para comemorar no Aero Willys de meu pai, que, disciplinador enérgico, pela primeira vez me deixou sentar no capô do carro. Era a glória! Comemorei muito e cheguei a me orgulhar do Brasil.

Não passaram muitos anos para eu perceber que fora das quatro linhas não havia do que nos orgulhar.

Volto a 2014. A bola rola em mais uma Copa do Mundo, agora na nossa casa, e meu sentimento é que nos preparamos para duas históricas vitórias: a primeira delas em julho, dentro de campo, e a segunda, a da democracia, em outubro, fora dele. Ambas farão muito bem ao Brasil!

 

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“É preciso derrubar muros e construir pontes com os brasileiros”, diz Aécio Neves em São Paulo

Diminuir o abismo entre população e governo. Esse é um dos principais anseios externados pelo presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, durante a Convenção Nacional do partido. Cerca de cinco mil pessoas participaram do evento, que oficializou a candidatura de Aécio à Presidência da República. O tucano foi eleito com 99,11% dos votos.

“Não podemos aceitar mais essa reiterada e perversa tentativa de dividir o país ao meio. Temos sim que lutar com toda a nossa energia para derrubar os muros que dividem os brasileiros em varias condições”, disse. “Já passou da hora de todos sermos tratados como iguais, com deveres e direitos iguais. Precisamos derrubar muros e construir pontes”.

Muito aplaudido pelas lideranças políticas, militantes e simpatizantes presentes, Aécio relembrou avanços obtidos pelo país sob a direção do PSDB, como o fim da hiperinflação e a estabilidade da moeda conquistada com o Plano Real; a Lei de Responsabilidade Fiscal; a produção de medicamentos genéricos – sob a tutela do então ministro da Saúde José Serra; a ampliação do acesso às telecomunicações; a criação de agências reguladoras; a modernização de portos e a simplificação do sistema tributário.

“Para onde quer que se olhe, há marcos fundamentais de modernidade implantados por nós, quando tivemos a honrosa responsabilidade de governar o Brasil”, afirmou.

Aécio criticou ainda a resistência do governo petista em admitir as contribuições dadas pelo PSDB ao longo da história.

“Não adianta nossos adversários quererem, porque a história não se reescreve. Ela está aí para ser revisitada e reconhecida. A nossa coerência com nossos princípios, nossos valores, nos manteve na liderança da oposição pelos últimos 12 anos”, avaliou.

“Mas é preciso reconhecer que os nossos adversários também mantiveram a sua coerência durante todo esse período. Quem foi contra o Plano Real é que hoje permite a volta da inflação. Quem foi contra a Lei de Responsabilidade Fiscal é quem hoje assina a maldita contabilidade criativa. Quem se negou a apoiar a união nacional defendida por Tancredo Neves e Itamar Franco em dois momentos importantíssimos da vida nacional são os mesmos que se esforçam hoje em dividir de forma perversa o Brasil entre nós e eles”, acrescentou.

 

“Tsunami por mudanças”

Para o senador, o que antes era uma brisa por mudança, agora é uma ventania, um “tsunami que vai varrer do governo federal aqueles que não têm se mostrado dignos e capazes de atender as demandas da população brasileira”.

“Hoje me encontro aqui representando brasileiros de várias partes do país, e cada vez mais vem em mim um sentimento de serenidade e coragem. Não estamos aqui para construir o projeto de um partido político ou de uma aliança partidária, por mais ampla que seja. Estamos aqui para dizer um basta definitivo àqueles que se apropriaram do Estado nacional, e iniciarmos no Brasil um novo e generoso ciclo onde haja educação de qualidade, saúde digna e segurança na porta das famílias brasileiras”, completou.

PSDB e aliados se unem em torno do nome de Aécio à Presidência da República

Cinco mil pessoas, entre lideranças políticas, militantes, simpatizantes, aliados e representantes de todos os estados do Brasil, se uniram neste sábado (14/06), em São Paulo, em torno da oficialização do nome do presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, como candidato à Presidência da República. Durante a Convenção Nacional do partido, o tucano foi escolhido candidato com 99,11% dos votos. Dos 451 delegados, 447 se mostraram favoráveis ao senador. À época em que foi escolhido presidente nacional do PSDB, Aécio obteve a aprovação de 97,3% dos votantes.

Emocionado, o candidato do PSDB à presidência agradeceu a presença de todos e o voto de confiança dado por milhares de brasileiros.

“Acho que vocês podem imaginar a emoção que eu sinto neste instante. O mais importante momento de toda a minha caminhada política. E as coisas não acontecem ao acaso. Aceito hoje a convocação do meu partido e dos partidos aliados. Sou candidato à Presidência da República para mudar o Brasil, para transformar a vida dos brasileiros. O Brasil merece mais”, afirmou.

 

Passado

Após a execução de trecho do Hino Nacional interpretado por Zezé di Camargo em gravação enviada pelo cantor ao senador, Aécio lembrou, em seu discurso, figuras importantes em sua vida. Sua mãe, Inês Maria, a filha Gabriela, a esposa Letícia e seus filhos recém-nascidos, Bernardo e Julia, foram homenageados. Aécio também se lembrou de seu pai, Aécio Cunha, e de seu avô Tancredo Neves, homenageado na leitura do poema “Palavra Gasta”, de Ferreira Gullar.

O senador também revisitou feitos de governos anteriores do PSDB, que possibilitaram ao país crescer até o patamar em que se encontra hoje.

“Nenhum outro governo em nossa história recente deixou um legado de transformações e criou bases tão sólidas para que o país pudesse avançar como o governo do PSDB, apoiado sempre pelos nossos aliados”, afirmou.

“Se sempre foi inequívoco o compromisso do PSDB com a democracia e a liberdade, foi a nossa coragem que nos legou o país moderno e promissor que somos hoje. Foi com ela que colocamos fim ao ciclo hiperinflacionário que aprisionava o nosso crescimento e roubava o nosso futuro. E atingia especialmente os mais pobres, os que mais precisavam e menos tinham”, acrescentou.

 

Presente

Apesar do grande número de pessoas presentes, um só sentimento permeou o encontro: o clamor pela mudança.

“Os brasileiros percebem que foram traídos, e por isso o ambiente de indignação e de desalento que toma conta de todos os cantos do Brasil. Acreditaram na propaganda de quem dizia defender a ética e elegeram um governo que foi protagonista dos mais vergonhosos casos de corrupção da nossa história”, avaliou Aécio.

O candidato à Presidência pelo PSDB afirmou que, ao invés de protagonizar um novo e prometido salto, o país retrocedeu, perdeu o rumo, “não ousa encarar o presente e tampouco enfrentar o futuro”.

“Problemas antigos como a inflação, por exemplo, que imaginávamos superados, estão de volta, atrasando a agenda nacional. Tudo isso, cada ato, é consequência de um governo que governa para si mesmo. Que promete mais do que entrega, fala mais do que faz e que perdeu, há muito tempo, a capacidade de ouvir”, considerou. “E nós sabemos: governo que não ouve, erra. Governo que improvisa, falha sempre”, disse.

 

Futuro

Diante de uma plateia atenta, Aécio externou sua crença de que o Brasil cobra o fim de “escândalos em série e da corrupção endêmica que tomou conta do país”.

“É este o país que temos o desafio e a responsabilidade de mudar e melhorar, em respeito à nossa gente que demanda hoje no governo ações permanentemente adiadas por aqueles que nos governam”, salientou.

Aécio ainda reiterou seu compromisso em mudar para melhor a situação do Brasil:

“Se coube a Juscelino Kubitschek, há 60 anos, permitir o reencontro do Brasil com o desenvolvimento e a modernidade, coube a Tancredo, 30 anos depois, permitir que o Brasil se reencontrasse com a democracia e a liberdade. Outros 30 anos se passaram. Vamos conduzir o Brasil para um reencontro com a decência, com a dignidade, com o trabalho, com a eficiência na vida pública, e vamos fazer isso com a coragem de todos vocês”, completou.

 

Força da união

Ao final, a forte emoção e o entusiasmo de todos os presentes impediu que o senador chegasse ao final do seu pronunciamento. Momentos antes de concluir sua fala, o candidato do PSDB foi ovacionado por todas as lideranças presentes, que caminharam ao encontro do senador para abraçá-lo e parabenizá-lo.

Antes de ser interrompido, Aécio agradecia a cada um dos líderes tucanos de todo o país, responsáveis pela construção desse momento histórico momento de união de todo o partido.

“Nesse dia, apoiado e ladeado por algumas das mais expressivas lideranças políticas nacionais, apoiado por companheiros anônimos, que deixaram suas casas, suas cidades e viajaram por quilômetros para estarem aqui hoje, a minha responsabilidade, se já era grande, hoje é a maior de todas, porque estamos muito próximos mesmo de fazer esse reencontro ao qual me referi. Para um novo Brasil! Muda Brasil”, conclamou Aécio.

Discurso na Convenção Nacional do PSDB

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, falou neste sábado (14/06), em São Paulo, para cinco mil pessoas durante a Convenção Nacional do partido, que aprovou por 99,11% dos votos dos convencionais seu nome para a disputa à Presidência da República.

 

Leia a transcrição do discurso de Aécio Neves:

Meus amigos, minhas amigas, de cada canto desse maravilhoso Brasil.

Eu acho que vocês podem imaginar a emoção que eu sinto neste instante.

O mais importante momento de toda a minha caminhada política. E as coisas não acontecem ao acaso.

Peço licença a vocês para saudar de forma muito especial minha mãe que está aqui presente, companheira de todos os momentos e de cada instante dessa caminhada.

A minha filha querida, amada Gabriela, também aqui hoje, inspiração permanente em cada ato do meu cotidiano.

Um beijo à distância, minha esposa e meus filhos, recém-nascidos, que se recuperam bem, graças a Deus, e haverão de crescer  num país mais justo, mais solidário e mais generoso.

É indescritível.

Indescritível a emoção que eu sinto nesse instante e volto um pouco no tempo  e ao ouvir tantas e tão expressivas lideranças políticas do Brasil aqui hoje se sucederem nessa tribuna, não apenas prestando a mim homenagem, mas irradiando confiança na construção de um tempo novo no Brasil.

A minha mente, a minha memória voltava no tempo e me lembrava de dois homens que foram absolutamente fundamentais na minha caminhada.

O primeiro, aquele que me pegou ainda menino pelas mãos e ensinou que honestidade e responsabilidade devem ser companheiras permanentes dos homens de bem. Minha saudade ao meu pai Aécio Cunha.

O tempo passou e na minha adolescência uma mão segura, firme, idealista e corajosa me ensinou que não existe,  na vida de uma sociedade, uma atividade mais digna e mais honrosa do que a política. Mas ele se referia à política feita com seriedade, com responsabilidade e com destemor.

Obrigado, meu avô Tancredo, pelos seus ensinamentos, pelos seus exemplos e pela sua coragem, que permitiu aos brasileiros, nos reecontrarmos com a democracia e com a liberdade.

Gostaria nesse instante, antes de me dirigir a vocês, e ao Brasil que nos ouve hoje, algumas palavras e me permitirei ler aqui alguns compromissos  para o início dessa caminhada, voltar há 30 anos.

No momento em que o Brasil se unia em torno de um grande sonho, o sonho da reconquista da liberdade.

A frustração e a dor com a morte do presidente Tancredo tomou conta da nação, e obviamente, de forma muito profunda, daquele que o acompanhava todos os dias e todas as horas.

Peço licença para voltar a 30 anos atrás e peço ajuda a um grande brasileiro, e peço que a sua voz, a voz do grande amigo e poeta Ferreira Gullar nos possibilite essa viagem no tempo.

 

(Leitura do poema “Palavra Gasta” de Ferreira Gullar, feita em áudio)

Adeus a Tancredo

Companheiro Tancredo Neves, eu não vou chamar você de Excelência logo agora, quando mais do que nosso presidente, você é nosso irmão ferido e que se vai. Foi você quem conduziu de, uma ponta a outra do país, acima de nossa cabeça, uma tocha de chama verde como a esperança.

Esperança é uma palavra gasta, mas não era a palavra, era a esperança mesma, que você carregava, e ela ainda Luzia em suas mãos hoje, no derradeiro momento, num quarto de hospital em São Paulo.

E quando suas mãos se apagaram, essa chama brilhou no céu da pátria nesse instante. Pátria é uma palavra gasta, mas pátria é terra, é mãe, embora muitos de nós, milhões de nós, ainda vagueiem pelas cidades, pelos campos, sem o penhor de uma igualdade que havemos de conquistar com o braço forte.

Pátria é uma palavra gasta, mas no seio dela descansarás Tancredo amigo, no chão macio de São João del Rey, amado pelo povo, à luz de céu profundo. Povo também é uma palavra gasta, mas o povo, o povo mesmo despertou quando lhe prometeste uma Nova República, iluminada ao sol de um novo mundo. E ela virá, e tu a construirás conosco, erguendo nossos braços, cantando em nossa boca, caindo e levantando como este povo em que, ao morrer, te transformastes.

 

Amigos,

As palavras que acabamos de ouvir resgatam o profundo sentimento de esperança que partilhamos durante tanto tempo – e que devem nos inspirar nessa caminhada que iniciamos.

Elas nos falam, no fundo da alma, dos nossos deveres para com o Brasil e dos haveres que temos com cada um dos brasileiros.

Elas engrandecem o sentido do nosso propósito.

Elas têm o poder de nos lembrar de onde viemos, quem somos e porque estamos aqui.

Se sempre foi inequívoco o compromisso do PSDB com a democracia e a liberdade, foi a nossa coragem que nos legou o país moderno e promissor que somos hoje.

Foi com ela que colocamos fim ao ciclo hiperinflancionário que aprisionava o nosso crescimento e roubava o nosso futuro.

E atingia especialmente os mais pobres, os que mais precisavam e menos tinham.

Com a determinação do presidente Itamar e a liderança inconteste do presidente Fernando Henrique, transformamos a realidade brasileira de forma estrutural e definitiva, com o Plano Real.

Isso, quando quase ninguém acreditava que seria possível.

O Plano Real não garantiu apenas o poder de compra do salário. O Plano Real reconquistou para o Brasil o mais simbólico valor de que uma nação pode dispor: a confiança nela própria.

Foi a nossa vocação transformadora que construiu o Brasil do nosso tempo.

A nossa visão estratégica criou a Lei de Responsabilidade Fiscal, para que o dinheiro do cidadão fosse mais bem cuidado e aplicado.

O nosso compromisso com o futuro garantiu vagas para todas as crianças na escola.

O nosso respeito com a saúde dos brasileiros – e me permitam aqui uma homenagem ao ministro e amigo José Serra – criou os genéricos, garantindo medicamentos mais baratos para a população. E o melhor programa de combate à Aids em todo o mundo.

Nosso firme compromisso com o desenvolvimento e o bem-estar de cada um dos brasileiros modernizou a estrutura do Estado.

Ampliamos o acesso a serviços, como o das telecomunicações, que abriram as portas do futuro para o país e criaram novas oportunidades de trabalho para milhões de brasileiros.

Quero afiançar a cada um de vocês:

Nenhum outro governo, em nossa história recente, deixou um legado de transformações e criou bases tão sólidas para que o país pudesse avançar, como o governo do PSDB, apoiado sempre pelos nossos aliados, e homenageio de forma explícita e forte o Democratas de tantos companheiros que aqui hoje comparecem.

Para onde quer que se olhe, há marcos fundamentais de modernidade implantadas por nós, quando tivemos a honrosa responsabilidade de governar o Brasil.

A criação das agências reguladoras a modernização dos portos; a simplificação do sistema tributário, com o Simples; o apoio ao homem do campo, com o Pronaf.

No governo, o PSDB preocupou-se de fato em governar para as pessoas.

Nossa responsabilidade foi com cada brasileiro e brasileira que precisava do apoio das ações governamentais.

Na educação, com o Fundef.

Na saúde, com a expansão do Saúde da Família, da Saúde da Mulher e com a Emenda 29, que garantiu mais recursos para o sistema público.

Na luta contra a miséria, e acho importante rememorarmos, o Fundo de Combate à Pobreza, a regulamentação da Lei Orgânica de Assistência Social e da Aposentadoria Rural, a Política Nacional do Idoso, o Programa de Proteção e Promoção das Pessoas com Deficiência.

Fomos nós, o PSDB e seus aliados, com o apoio do povo brasileiro, quem criamos os primeiros e definitivos programas de transferência de renda nacionais. E o maior deles, o Benefício da Prestação Continuada.

Estruturamos a rede de proteção social, demos início ao que se transformaria depois no Bolsa Família. Criamos o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, do trabalho escravo e degradante.

E esses são apenas alguns exemplos do trabalho que fizemos.

E não adianta nossos adversários quererem, a história não se reescreve. Ela está aí para ser revisitada e reconhecida.

A nossa coerência com nossos princípios e valores nos manteve na liderança da oposição nos últimos 12 anos.

Mas é preciso reconhecer que nossos adversários também mantiveram a sua coerência.

Quem foi contra o Plano Real é quem hoje permite a volta da inflação.

Quem foi contra a Lei de Responsabilidade Fiscal é quem hoje assina a maldita contabilidade criativa.

Quem se negou a apoiar a união nacional defendida por Tancredo e Itamar, em dois momentos importantíssimos da vida nacional, são os mesmos que se esforçam hoje em dividir o Brasil de forma perversa  entre  o nós e eles.

Nos últimos anos, com velocidade surpreendente, o legado bendito que a gestão do PSDB deixou para o país está se esvaindo, se esgotando.

A inflação é uma realidade que assalta a mesa dos mais pobres.

A confiança, interna e externa, que havia sido duramente conquistada, foi perdida no rastro de incontáveis demonstrações de desapreço à transparência e inegável pendor autoritário e intervencionista.

Os brasileiros, a verdade é essa, percebem que foram traídos e por isso o ambiente de indignação e desalento tomou conta de todos os cantos do Brasil.

Acreditaram na propaganda de quem dizia defender a ética. E elegeram um governo que foi protagonista dos maiores escândalos de corrupção da nossa história.

Acreditaram na propaganda de quem dizia defender o patrimônio público. E elegeram um governo que em poucos anos vem aniquilando o valioso patrimônio construído por gerações de brasileiros.

A Petrobras, construída durante 60 anos pelo esforço de brasileiros e brasileiras, apenas no governo da atual presidente perde metade do seu valor, deixa de frequentar as páginas econômicas, para frequentar quase que diariamente as páginas policiais.

A Eletrobras vai pelo mesmo caminho.

Os fundos de pensão, patrimônio dos servidores das empresas estatais e bancos públicos, também foram solapados pela ganância de um grupo político que abdicou,  há muito tempo, de ter um projeto de país para se contentar, única e exclusivamente, em conduzir um projeto de poder.

Esses são apenas alguns entre inúmeros exemplos com os quais somos confrontados no nosso dia a dia.

No lugar de um novo e prometido grande salto, retrocedemos.

Perdemos o rumo.

Problemas antigos, como a inflação, por exemplo, que imaginávamos superados, estão de volta, atrasando a agenda nacional.

Tudo isso. Tudo isso, cada ato é consequência de um governo que governa para si mesmo.

Um governo que promete mais do que entrega; que fala mais do que faz; que perdeu há muito tempo a capacidade de ouvir e é incapaz de apoiar as pessoas nos sonhos que as mobilizam.

Um governo fixado no passado, que não ousa encarar o presente, tampouco enfrentar o futuro.

Um governo que se acomodou com as conquistas passadas que herdou.

Que perdeu a capacidade de avançar e que vive, lamentavelmente, da propaganda daquilo que não fez.

Nós sabemos:

Governo que não ouve, erra.

Governo que improvisa, falha sempre.

 

Amigos,

O Brasil não aceita mais o Estado cooptado e aparelhado.

O país nos cobra, sem meias palavras, o fim dos escândalos em série e da corrupção endêmica que tomou conta do país.

O país se cansou do improviso, da leniência e da má gestão, que nos legaram durante esses anos. Por todo o território nacional, um verdadeiro cemitério de obras inacabadas, com orçamentos multiplicados.

Os cidadãos brasileiros exigem o justo retorno em serviços públicos do que pagam em impostos, daquela que é uma das maiores e mais escorchantes cargas tributárias de todo o mundo.

Os desacertos estão por todos os lados.

A população clama por providências na segurança.

Não entende porque o Estado nacional simplesmente terceiriza responsabilidades a estados e municípios à beira da insolvência.

Entre os jovens, temos a maior taxa de vítimas de crime do mundo. A violência está condenando uma geração inteira de brasileiros à morte prematura.

Da mesma forma, nossa gente não suporta mais ser atendida por uma saúde pública em estado de crônica precariedade.

Enquanto o governo gasta milhões em propaganda, a realidade é que apenas nos últimos quatro anos 13 mil leitos hospitalares foram fechados no país.

E nos últimos dez anos vem caindo a participação do governo federal nos gastos com a saúde.

Eram 56%, presidente Fernando Henrique, de recursos do governo federal quando Vossa Excelência e o companheiro José Serra deixaram o governo. Onze anos se passaram, hoje apenas 45% da totalidade dos recursos da saúde pública vêm da União.

Na educação, o analfabetismo, pasmem, parou de cair.

Metade dos brasileiros com mais de 25 anos não terminou o ensino fundamental.

Oito de cada 10 crianças com idade até 3 anos não frequentam creches.

Metade dos brasileiros não tem o esgoto de suas casas coletado.

11 milhões de brasileiros vivem em moradias precárias.

Cinco em cada 10 brasileiros ganham menos que 2 salários mínimos

É este o país que temos o desafio e a responsabilidade de mudar – e melhorar – em respeito à nossa gente, que demanda hoje do governo ações permanentemente adiadas pelo governo.

Somos hoje reféns da pior equação econômica entre os países emergentes – minúsculo crescimento, inflação recrudescida.

E a emoldurar o quadro, a perda crescente de credibilidade do país.

O descontrole dos gastos, o desperdício, o desleixo com o dinheiro público engolfam nossa capacidade de investimento e impedem que realizemos as prioridades reclamadas pelos brasileiros.

Não em havido recursos para modernizar os portos do país, as rodovias e metrôs brasileiros, mas há dinheiro de sobra para fazer obras em países alinhados ideologicamente com o atual governo.

Isso é vergonhoso.

E eu lhes pergunto: por que esses financiamentos a esses países têm o selo de financiamentos secretos dado pelo BNDES? O que será que eles tanto temem ao não permitir que a sociedade compartilhe a informação, em que condições eles foram dados?

Mas asseguro aos senhores. Dentro de pouco tempo vou mostrar ao Brasil em que condições esses financiamentos se deram e quais benefícios eventuais trouxeram ao país.

Não podemos mais aceitar essa reiterada e perversa tentativa de dividir o Brasil ao meio.

Temos que lutar, com toda nossa energia, para derrubar os muros que dividem os brasileiros em várias condições.

Existem muros que precisamos derrubar permanentemente, não apenas aqueles que o governo federal busca construir todos os dias.

Temos, e isso é grave, que derrubar o muro que cada vez mais separa os cidadãos brasileiros dos políticos e dos seus governantes.

Faremos isso eliminando privilégios e comportamentos da classe política que não cabem mais numa sociedade plural, democrática e moderna.

Vamos construir relações políticas dignas, feitas à luz do dia e com a transparência que não ocorre hoje.

Já passou a hora de todos sermos tratados como iguais, com deveres e direitos iguais.

Precisamos derrubar muros e construir pontes.

Ao longo de todo a minha vida sempre busquei ser um construtor de pontes, jamais um dinamitador delas.

Precisamos erguer pontes que permitam o reencontro dos cidadãos com os seus representantes, mas também pontes que possam unir governo e sociedade numa nova direção.

Pontes que possam nos aproximar uns dos outros.

E é urgente um enorme esforço, de cada um de nós, de todos nós, para nos reencontrarmos com o país, e com a nação que sempre fomos.

Não podemos deixar que a indignação nos paralise, que o rancor nos consuma, que o individualismo nos afaste uns dos outros.

Precisamos resgatar a alegria própria do brasileiro, alegria que nasce da confiança e da certeza de que é possível melhorar sempre.

Alegria para transformar o que é preciso ser transformado.

O Brasil, amigos, precisa urgentemente se reencontrar consigo mesmo.

Hoje, me encontro aqui, representando, tenho certeza, o sentimento de brasileiros de várias e várias partes do país.

E cada vez mais vem em mim um sentimento, talvez paradoxais em um primeiro instante, mas complementares na sua essência, da serenidade e da coragem.

Não estamos aqui para construir o projeto de um partido político ou de uma aliança partidária, por mais ampla que seja.

Estamos aqui para dizer um basta definitivo a aqueles que se apropriaram do Estado nacional e iniciarmos no Brasil um novo e generoso ciclo, onde haja educação de qualidade, saúde digna e segurança na porta das famílias brasileiras.

Vamos resgatar com a nossa história, com os nossos exemplos e com essa legião de combatentes um tempo novo no Brasil.

A cada dia que passa, por cada estado e região pela qual ando, percebo que há não apenas mais uma brisa, mas uma ventania de mudanças, um tsunami que vai varrer do governo federal aqueles que lá não têm se mostrado dignos e capazes de atender as demandas da população brasileira.

Jamais pensei que poderia estar aqui hoje. Nesse dia, apoiado e ladeado por algumas das mais expressivas lideranças políticas nacionais.

Apoiado por companheiros anônimos, que deixaram suas casas, suas cidades e viajaram por quilômetros para estarem aqui hoje.

A minha responsabilidade, se já era grande, hoje é a maior de todas, porque estamos muito próximos mesmo de fazer esse reencontro ao qual me referi.

Se coube a Juscelino Kubitscheck, querida Maria Estela, há 60 anos, permitir o reencontro do Brasil com o desenvolvimento e com a modernidade, coube a Tancredo, 30 anos depois, permitir que o Brasil, querida Gabriela, se reencontrasse com a democracia e com a liberdade.

Outros 30 anos se passaram. Vamos conduzir o Brasil para o reencontro com a decência, com a dignidade e com o trabalho. Com a eficiência na vida pública.

E vamos fazer isso com a coragem de todos vocês.

Aceito hoje a convocação do meu partido e dos partidos aliados.

Sou candidato à Presidência da República.

Para mudar o Brasil. Para transformar a vida dos brasileiros.

O Brasil merece mais!

Até a vitória do trabalho e da seriedade!

Para um novo Brasil!

Muda Brasil!

Aécio Neves – Discurso na Convenção Nacional do PSDB

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, falou neste sábado (14/06), em São Paulo, para cinco mil pessoas durante a Convenção Nacional do partido, que aprovou por 99,11% dos votos dos convencionais seu nome para a disputa à Presidência da República.

 

Leia a transcrição do discurso de Aécio Neves:

Meus amigos, minhas amigas, de cada canto desse maravilhoso Brasil.

Eu acho que vocês podem imaginar a emoção que eu sinto neste instante.

O mais importante momento de toda a minha caminhada política. E as coisas não acontecem ao acaso.

Peço licença a vocês para saudar de forma muito especial minha mãe que está aqui presente, companheira de todos os momentos e de cada instante dessa caminhada.

A minha filha querida, amada Gabriela, também aqui hoje, inspiração permanente em cada ato do meu cotidiano.

Um beijo à distância, minha esposa e meus filhos, recém-nascidos, que se recuperam bem, graças a Deus, e haverão de crescer  num país mais justo, mais solidário e mais generoso.

É indescritível.

Indescritível a emoção que eu sinto nesse instante e volto um pouco no tempo  e ao ouvir tantas e tão expressivas lideranças políticas do Brasil aqui hoje se sucederem nessa tribuna, não apenas prestando a mim homenagem, mas irradiando confiança na construção de um tempo novo no Brasil.

A minha mente, a minha memória voltava no tempo e me lembrava de dois homens que foram absolutamente fundamentais na minha caminhada.

O primeiro, aquele que me pegou ainda menino pelas mãos e ensinou que honestidade e responsabilidade devem ser companheiras permanentes dos homens de bem. Minha saudade ao meu pai Aécio Cunha.

O tempo passou e na minha adolescência uma mão segura, firme, idealista e corajosa me ensinou que não existe,  na vida de uma sociedade, uma atividade mais digna e mais honrosa do que a política. Mas ele se referia à política feita com seriedade, com responsabilidade e com destemor.

Obrigado, meu avô Tancredo, pelos seus ensinamentos, pelos seus exemplos e pela sua coragem, que permitiu aos brasileiros, nos reecontrarmos com a democracia e com a liberdade.

Gostaria nesse instante, antes de me dirigir a vocês, e ao Brasil que nos ouve hoje, algumas palavras e me permitirei ler aqui alguns compromissos  para o início dessa caminhada, voltar há 30 anos.

No momento em que o Brasil se unia em torno de um grande sonho, o sonho da reconquista da liberdade.

A frustração e a dor com a morte do presidente Tancredo tomou conta da nação, e obviamente, de forma muito profunda, daquele que o acompanhava todos os dias e todas as horas.

Peço licença para voltar a 30 anos atrás e peço ajuda a um grande brasileiro, e peço que a sua voz, a voz do grande amigo e poeta Ferreira Gullar nos possibilite essa viagem no tempo.

 

(Leitura do poema “Palavra Gasta” de Ferreira Gullar, feita em áudio)

Adeus a Tancredo

Companheiro Tancredo Neves, eu não vou chamar você de Excelência logo agora, quando mais do que nosso presidente, você é nosso irmão ferido e que se vai. Foi você quem conduziu de, uma ponta a outra do país, acima de nossa cabeça, uma tocha de chama verde como a esperança.

Esperança é uma palavra gasta, mas não era a palavra, era a esperança mesma, que você carregava, e ela ainda Luzia em suas mãos hoje, no derradeiro momento, num quarto de hospital em São Paulo.

E quando suas mãos se apagaram, essa chama brilhou no céu da pátria nesse instante. Pátria é uma palavra gasta, mas pátria é terra, é mãe, embora muitos de nós, milhões de nós, ainda vagueiem pelas cidades, pelos campos, sem o penhor de uma igualdade que havemos de conquistar com o braço forte.

Pátria é uma palavra gasta, mas no seio dela descansarás Tancredo amigo, no chão macio de São João del Rey, amado pelo povo, à luz de céu profundo. Povo também é uma palavra gasta, mas o povo, o povo mesmo despertou quando lhe prometeste uma Nova República, iluminada ao sol de um novo mundo. E ela virá, e tu a construirás conosco, erguendo nossos braços, cantando em nossa boca, caindo e levantando como este povo em que, ao morrer, te transformastes.

 

Amigos,

As palavras que acabamos de ouvir resgatam o profundo sentimento de esperança que partilhamos durante tanto tempo – e que devem nos inspirar nessa caminhada que iniciamos.

Elas nos falam, no fundo da alma, dos nossos deveres para com o Brasil e dos haveres que temos com cada um dos brasileiros.

Elas engrandecem o sentido do nosso propósito.

Elas têm o poder de nos lembrar de onde viemos, quem somos e porque estamos aqui.

Se sempre foi inequívoco o compromisso do PSDB com a democracia e a liberdade, foi a nossa coragem que nos legou o país moderno e promissor que somos hoje.

Foi com ela que colocamos fim ao ciclo hiperinflancionário que aprisionava o nosso crescimento e roubava o nosso futuro.

E atingia especialmente os mais pobres, os que mais precisavam e menos tinham.

Com a determinação do presidente Itamar e a liderança inconteste do presidente Fernando Henrique, transformamos a realidade brasileira de forma estrutural e definitiva, com o Plano Real.

Isso, quando quase ninguém acreditava que seria possível.

O Plano Real não garantiu apenas o poder de compra do salário. O Plano Real reconquistou para o Brasil o mais simbólico valor de que uma nação pode dispor: a confiança nela própria.

Foi a nossa vocação transformadora que construiu o Brasil do nosso tempo.

A nossa visão estratégica criou a Lei de Responsabilidade Fiscal, para que o dinheiro do cidadão fosse mais bem cuidado e aplicado.

O nosso compromisso com o futuro garantiu vagas para todas as crianças na escola.

O nosso respeito com a saúde dos brasileiros – e me permitam aqui uma homenagem ao ministro e amigo José Serra – criou os genéricos, garantindo medicamentos mais baratos para a população. E o melhor programa de combate à Aids em todo o mundo.

Nosso firme compromisso com o desenvolvimento e o bem-estar de cada um dos brasileiros modernizou a estrutura do Estado.

Ampliamos o acesso a serviços, como o das telecomunicações, que abriram as portas do futuro para o país e criaram novas oportunidades de trabalho para milhões de brasileiros.

Quero afiançar a cada um de vocês:

Nenhum outro governo, em nossa história recente, deixou um legado de transformações e criou bases tão sólidas para que o país pudesse avançar, como o governo do PSDB, apoiado sempre pelos nossos aliados, e homenageio de forma explícita e forte o Democratas de tantos companheiros que aqui hoje comparecem.

Para onde quer que se olhe, há marcos fundamentais de modernidade implantadas por nós, quando tivemos a honrosa responsabilidade de governar o Brasil.

A criação das agências reguladoras a modernização dos portos; a simplificação do sistema tributário, com o Simples; o apoio ao homem do campo, com o Pronaf.

No governo, o PSDB preocupou-se de fato em governar para as pessoas.

Nossa responsabilidade foi com cada brasileiro e brasileira que precisava do apoio das ações governamentais.

Na educação, com o Fundef.

Na saúde, com a expansão do Saúde da Família, da Saúde da Mulher e com a Emenda 29, que garantiu mais recursos para o sistema público.

Na luta contra a miséria, e acho importante rememorarmos, o Fundo de Combate à Pobreza, a regulamentação da Lei Orgânica de Assistência Social e da Aposentadoria Rural, a Política Nacional do Idoso, o Programa de Proteção e Promoção das Pessoas com Deficiência.

Fomos nós, o PSDB e seus aliados, com o apoio do povo brasileiro, quem criamos os primeiros e definitivos programas de transferência de renda nacionais. E o maior deles, o Benefício da Prestação Continuada.

Estruturamos a rede de proteção social, demos início ao que se transformaria depois no Bolsa Família. Criamos o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, do trabalho escravo e degradante.

E esses são apenas alguns exemplos do trabalho que fizemos.

E não adianta nossos adversários quererem, a história não se reescreve. Ela está aí para ser revisitada e reconhecida.

A nossa coerência com nossos princípios e valores nos manteve na liderança da oposição nos últimos 12 anos.

Mas é preciso reconhecer que nossos adversários também mantiveram a sua coerência.

Quem foi contra o Plano Real é quem hoje permite a volta da inflação.

Quem foi contra a Lei de Responsabilidade Fiscal é quem hoje assina a maldita contabilidade criativa.

Quem se negou a apoiar a união nacional defendida por Tancredo e Itamar, em dois momentos importantíssimos da vida nacional, são os mesmos que se esforçam hoje em dividir o Brasil de forma perversa  entre  o nós e eles.

Nos últimos anos, com velocidade surpreendente, o legado bendito que a gestão do PSDB deixou para o país está se esvaindo, se esgotando.

A inflação é uma realidade que assalta a mesa dos mais pobres.

A confiança, interna e externa, que havia sido duramente conquistada, foi perdida no rastro de incontáveis demonstrações de desapreço à transparência e inegável pendor autoritário e intervencionista.

Os brasileiros, a verdade é essa, percebem que foram traídos e por isso o ambiente de indignação e desalento tomou conta de todos os cantos do Brasil.

Acreditaram na propaganda de quem dizia defender a ética. E elegeram um governo que foi protagonista dos maiores escândalos de corrupção da nossa história.

Acreditaram na propaganda de quem dizia defender o patrimônio público. E elegeram um governo que em poucos anos vem aniquilando o valioso patrimônio construído por gerações de brasileiros.

A Petrobras, construída durante 60 anos pelo esforço de brasileiros e brasileiras, apenas no governo da atual presidente perde metade do seu valor, deixa de frequentar as páginas econômicas, para frequentar quase que diariamente as páginas policiais.

A Eletrobras vai pelo mesmo caminho.

Os fundos de pensão, patrimônio dos servidores das empresas estatais e bancos públicos, também foram solapados pela ganância de um grupo político que abdicou,  há muito tempo, de ter um projeto de país para se contentar, única e exclusivamente, em conduzir um projeto de poder.

Esses são apenas alguns entre inúmeros exemplos com os quais somos confrontados no nosso dia a dia.

No lugar de um novo e prometido grande salto, retrocedemos.

Perdemos o rumo.

Problemas antigos, como a inflação, por exemplo, que imaginávamos superados, estão de volta, atrasando a agenda nacional.

Tudo isso. Tudo isso, cada ato é consequência de um governo que governa para si mesmo.

Um governo que promete mais do que entrega; que fala mais do que faz; que perdeu há muito tempo a capacidade de ouvir e é incapaz de apoiar as pessoas nos sonhos que as mobilizam.

Um governo fixado no passado, que não ousa encarar o presente, tampouco enfrentar o futuro.

Um governo que se acomodou com as conquistas passadas que herdou.

Que perdeu a capacidade de avançar e que vive, lamentavelmente, da propaganda daquilo que não fez.

Nós sabemos:

Governo que não ouve, erra.

Governo que improvisa, falha sempre.

 

Amigos,

O Brasil não aceita mais o Estado cooptado e aparelhado.

O país nos cobra, sem meias palavras, o fim dos escândalos em série e da corrupção endêmica que tomou conta do país.

O país se cansou do improviso, da leniência e da má gestão, que nos legaram durante esses anos. Por todo o território nacional, um verdadeiro cemitério de obras inacabadas, com orçamentos multiplicados.

Os cidadãos brasileiros exigem o justo retorno em serviços públicos do que pagam em impostos, daquela que é uma das maiores e mais escorchantes cargas tributárias de todo o mundo.

Os desacertos estão por todos os lados.

A população clama por providências na segurança.

Não entende porque o Estado nacional simplesmente terceiriza responsabilidades a estados e municípios à beira da insolvência.

Entre os jovens, temos a maior taxa de vítimas de crime do mundo. A violência está condenando uma geração inteira de brasileiros à morte prematura.

Da mesma forma, nossa gente não suporta mais ser atendida por uma saúde pública em estado de crônica precariedade.

Enquanto o governo gasta milhões em propaganda, a realidade é que apenas nos últimos quatro anos 13 mil leitos hospitalares foram fechados no país.

E nos últimos dez anos vem caindo a participação do governo federal nos gastos com a saúde.

Eram 56%, presidente Fernando Henrique, de recursos do governo federal quando Vossa Excelência e o companheiro José Serra deixaram o governo. Onze anos se passaram, hoje apenas 45% da totalidade dos recursos da saúde pública vêm da União.

Na educação, o analfabetismo, pasmem, parou de cair.

Metade dos brasileiros com mais de 25 anos não terminou o ensino fundamental.

Oito de cada 10 crianças com idade até 3 anos não frequentam creches.

Metade dos brasileiros não tem o esgoto de suas casas coletado.

11 milhões de brasileiros vivem em moradias precárias.

Cinco em cada 10 brasileiros ganham menos que 2 salários mínimos

É este o país que temos o desafio e a responsabilidade de mudar – e melhorar – em respeito à nossa gente, que demanda hoje do governo ações permanentemente adiadas pelo governo.

Somos hoje reféns da pior equação econômica entre os países emergentes – minúsculo crescimento, inflação recrudescida.

E a emoldurar o quadro, a perda crescente de credibilidade do país.

O descontrole dos gastos, o desperdício, o desleixo com o dinheiro público engolfam nossa capacidade de investimento e impedem que realizemos as prioridades reclamadas pelos brasileiros.

Não em havido recursos para modernizar os portos do país, as rodovias e metrôs brasileiros, mas há dinheiro de sobra para fazer obras em países alinhados ideologicamente com o atual governo.

Isso é vergonhoso.

E eu lhes pergunto: por que esses financiamentos a esses países têm o selo de financiamentos secretos dado pelo BNDES? O que será que eles tanto temem ao não permitir que a sociedade compartilhe a informação, em que condições eles foram dados?

Mas asseguro aos senhores. Dentro de pouco tempo vou mostrar ao Brasil em que condições esses financiamentos se deram e quais benefícios eventuais trouxeram ao país.

Não podemos mais aceitar essa reiterada e perversa tentativa de dividir o Brasil ao meio.

Temos que lutar, com toda nossa energia, para derrubar os muros que dividem os brasileiros em várias condições.

Existem muros que precisamos derrubar permanentemente, não apenas aqueles que o governo federal busca construir todos os dias.

Temos, e isso é grave, que derrubar o muro que cada vez mais separa os cidadãos brasileiros dos políticos e dos seus governantes.

Faremos isso eliminando privilégios e comportamentos da classe política que não cabem mais numa sociedade plural, democrática e moderna.

Vamos construir relações políticas dignas, feitas à luz do dia e com a transparência que não ocorre hoje.

Já passou a hora de todos sermos tratados como iguais, com deveres e direitos iguais.

Precisamos derrubar muros e construir pontes.

Ao longo de todo a minha vida sempre busquei ser um construtor de pontes, jamais um dinamitador delas.

Precisamos erguer pontes que permitam o reencontro dos cidadãos com os seus representantes, mas também pontes que possam unir governo e sociedade numa nova direção.

Pontes que possam nos aproximar uns dos outros.

E é urgente um enorme esforço, de cada um de nós, de todos nós, para nos reencontrarmos com o país, e com a nação que sempre fomos.

Não podemos deixar que a indignação nos paralise, que o rancor nos consuma, que o individualismo nos afaste uns dos outros.

Precisamos resgatar a alegria própria do brasileiro, alegria que nasce da confiança e da certeza de que é possível melhorar sempre.

Alegria para transformar o que é preciso ser transformado.

O Brasil, amigos, precisa urgentemente se reencontrar consigo mesmo.

Hoje, me encontro aqui, representando, tenho certeza, o sentimento de brasileiros de várias e várias partes do país.

E cada vez mais vem em mim um sentimento, talvez paradoxais em um primeiro instante, mas complementares na sua essência, da serenidade e da coragem.

Não estamos aqui para construir o projeto de um partido político ou de uma aliança partidária, por mais ampla que seja.

Estamos aqui para dizer um basta definitivo a aqueles que se apropriaram do Estado nacional e iniciarmos no Brasil um novo e generoso ciclo, onde haja educação de qualidade, saúde digna e segurança na porta das famílias brasileiras.

Vamos resgatar com a nossa história, com os nossos exemplos e com essa legião de combatentes um tempo novo no Brasil.

A cada dia que passa, por cada estado e região pela qual ando, percebo que há não apenas mais uma brisa, mas uma ventania de mudanças, um tsunami que vai varrer do governo federal aqueles que lá não têm se mostrado dignos e capazes de atender as demandas da população brasileira.

Jamais pensei que poderia estar aqui hoje. Nesse dia, apoiado e ladeado por algumas das mais expressivas lideranças políticas nacionais.

Apoiado por companheiros anônimos, que deixaram suas casas, suas cidades e viajaram por quilômetros para estarem aqui hoje.

A minha responsabilidade, se já era grande, hoje é a maior de todas, porque estamos muito próximos mesmo de fazer esse reencontro ao qual me referi.

Se coube a Juscelino Kubitscheck, querida Maria Estela, há 60 anos, permitir o reencontro do Brasil com o desenvolvimento e com a modernidade, coube a Tancredo, 30 anos depois, permitir que o Brasil, querida Gabriela, se reencontrasse com a democracia e com a liberdade.

Outros 30 anos se passaram. Vamos conduzir o Brasil para o reencontro com a decência, com a dignidade e com o trabalho. Com a eficiência na vida pública.

E vamos fazer isso com a coragem de todos vocês.

Aceito hoje a convocação do meu partido e dos partidos aliados.

Sou candidato à Presidência da República.

Para mudar o Brasil. Para transformar a vida dos brasileiros.

O Brasil merece mais!

Até a vitória do trabalho e da seriedade!

Para um novo Brasil!

Muda Brasil!