A forte desaceleração da produção industrial em dezembro anunciada na terça-feira e a recente piora do cenário global surtiram efeito nas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2014. Os economistas de pelo menos dois bancos estrangeiros, o Credit Suisse e o JP Morgan, reviram seus cálculos e projetam agora um crescimento da economia brasileira de apenas 1,5% neste ano.
Trata-se de um corte significativo de projeção das duas instituições que antes estimavam que 2% e 2,1%, respectivamente. O novo patamar é mais pessimista que o consenso de mercado, medido pela pesquisa Focus do Banco Central, que mesmo antes dos novos dados projetava um crescimento de 1,9%.
A queda na produção industrial em dezembro já era esperada, mas o consenso esperava 1,7%, e não 3,5%. No ano, a produção cresceu 1,2%, impulsionada principalmente pela expansão de 13% do setor de bens de capital.
De acordo com o relatório do Credit Suisse, da equipe de economistas liderada por Nilson Teixeira, já se projetava uma queda da produção de bens de capital para 2014 por causa de um impulso menor da safra agrícola, da alteração das condições de financiamento do governo, de queda da confiança da indústria, da inflação elevada e de incertezas em relação à Copa e às eleições. Mas em dezembro a produção do segmento caiu mais de 11% em relação a novembro, o que fez o cenário piorar significativamente para o primeiro trimestre de 2014.
Apesar da revisão, Teixeira diz em seu relatório que o cenário global eleva a incerteza na dinâmica do crescimento do PIB nos próximos trimestres. Por outro lado, o PIB pode se beneficiar de uma taxa de câmbio mais depreciada associada à forte aceleração dos países desenvolvidos, que poderiam fazer com que a produção industrial nos setores exportadores compensasse menor crescimento em outros segmentos.
O banco JP Morgan entende que, mesmo com taxa de câmbio favorável, o cenário mais sombrio para a demanda de emergentes e a alta volatilidade dos mercados vão fazer com que a balança comercial não seja tão positiva quanto inicialmente projetado.
Assinado pelos economistas Fábio Akira e Cassiana Fernandez, o relatório diz que se esperava um cenário desafiador para o Brasil em 2014, mas o estresse no mercado financeiro piorou as expectativas. A revisão para baixo do PIB pelo JP também foi motivada pela forte queda da produção industrial.
Ontem, a Rosenberg Associados também refez suas projeções. A consultoria estava e ainda está um pouco mais otimista que a média do mercado. A previsão inicial era de um crescimento de 2,5% e agora entende que deve ficar em 2,1%.
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