Aécio Neves – Entrevista – Encontro político

Local: Belo Horizonte – MG

Assuntos: Encontro com presidentes de partidos aliados em Minas, Eleições em Minas e em Belo Horizonte, Eleição São Paulo, Prévias PSDB

Sobre a reunião.

Na verdade, é mais uma reunião entre os líderes principais, presidentes e representantes, dos partidos que vêm participando do nosso projeto em Minas Gerais desde 2002. Portanto, é um entendimento que caminha com muita naturalidade, que passa não apenas por Belo Horizonte, que tem suas peculiaridades, mas principalmente pelas principais cidades do Estado. Estaremos buscando, sempre que possível, alianças com esses companheiros. O nosso governo, o nosso projeto, vitorioso em Minas em 2002, 2006 e 2010, foi vitorioso porque contou com essa ampla aliança, e é preciso que ela prevaleça, obviamente respeitadas as circunstâncias de cada município, mas que ela prevaleça na maior parte dos principais municípios do Estado, já pensando em 2014. Então, vamos buscar sempre, óbvio que quando o PSDB tiver uma candidatura viável, lançá-la, mas, quando não houver, temos toda a disposição de disputar as eleições apoiando candidatos dentro desse arco de alianças. Então, essa reunião é preparatória, vamos falar de algumas cidades, mas sempre buscando garantir um fortalecimento da identidade que une esses companheiros, ou que vem unindo esses companheiros de todos esses partidos desde 2002.

Vão avançar sobre os redutos, as 13 cidades petistas, não vão? Uma estratégia mais firme, forte?

Olha, temos uma expectativa muito positiva de vitória em várias cidades hoje administradas pelo PT, seja na reunião metropolitana, como Betim e Contagem, por exemplo, seja na região Leste do Estado, em Valadares, seja em Teófilo Otoni. Enfim, há um conjunto de cidades onde a força dessa aliança pode nos trazer perspectivas fortes de vitória. E, na verdade, é também a consolidação do apoio ao governador Anastasia e ao projeto que ele vem conduzindo em Minas Gerais. Esse é grupo político que vem, repito, vencendo as eleições ao longo dos últimos 10 anos em Minas.

Serra para a prefeitura de São Paulo? Abre um caminho melhor para o senhor, não precisa mais de prévias dentro do PSDB, o que o senhor está pensando?

Olha, eu não faço essa ligação direta entre as duas coisas. A candidatura do companheiro José Serra em São Paulo era uma demanda do partido, foi um gesto, como já disse, de desprendimento político dele, e realmente traz a eleição de São Paulo para o plano nacional ainda com maior vigor. Será uma eleição onde projetos divergentes estarão em debate. A questão de 2014 tem que ser vista em 2014, em um outro ambiente, após as eleições municipais. Sempre defendi as prévias como instrumento de mobilização do partido, de difusão das idéias do partido. E acho que as prévias, independentemente do resultado da eleição em São Paulo, deveriam estar incorporadas definitivamente na agenda do PSDB. Algo até curioso, porque é um caminho inverso ao que o PT vem fazendo. O PT, a cada eleição, em todas as partes do Brasil, avança para ser um partido no qual as decisões são tomadas pela cúpula, ou por um dirigente, uma liderança maior, que é o presidente Lula. Por isso, até mesmo no quadro específico de Belo Horizonte, não tenho dúvidas de que o apoio do PT será à candidatura de Marcio Lacerda, porque é uma decisão da direção nacional do partido. Não acredito, sinceramente, que um conjunto de delegados do partido tenha autonomia para contrariar o que o supremo chefe do partido determina.

O Patrus disse que não subirá em palanque onde o senhor estiver na eleição municipal de Belo Horizonte. O senhor tem problema em subir no palanque com ele?

Na verdade, nossos palanques são diferentes sim. O palanque do ex-ministro tem sido o palanque do ex-governador Newton Cardoso, do candidato Hélio Costa nas últimas eleições. Temos que compreender, mais do que o que diz o político, porque ele diz. Compreendo as declarações do Patrus, porque no momento em que ele muda de posição, e muda de forma tão vigorosa de posição, ele era contra a candidatura de Marcio Lacerda, para apoiá-la, ele de alguma forma paga um pedágio interno. Por mais que possa haver alguma incoerência nessas declarações. Porque ele critica o meu governo, a sua ação social, no momento em que anuncia o apoio ao secretário de Desenvolvimento do meu governo. Portanto, não tenho dúvidas de que ele é bem-vindo na nossa aliança. E tem que vir com o mesmo desprendimento que nós temos. Estamos com Marcio Lacerda porque acreditamos, efetivamente, que ele pode continuar a fazer um belíssimo trabalho em Belo Horizonte ao lado do governador Anastasia. Mas, todos aqueles que quiserem mudar sua opinião e vir conosco, rever sua posição, devem vir com a humildade daqueles que se equivocaram no passado. E a sucessão de equívocos tem sido uma marca das últimas decisões do ex-ministro Patrus.

Não apenas na questão eleitoral, até porque o resultado em Belo Horizonte da chapa da qual ele participou foi pífio. Tiveram 22% dos votos em Belo Horizonte. Porque é uma figura que fez parte da história da cidade e ele, assim como qualquer outro cidadão belo-horizontino, é bem-vindo na nossa aliança.

O senhor está falando dessa aliança que o PSDB vai apoiar o PSB, mas a direção nacional do PSB falou que tem até intervenção se forem apoiar candidatos tucanos, principalmente em São Paulo. O senhor tem um bom trânsito com Eduardo Campos, é possível tentar reverter essa posição do diretório?

Tenho conversado com ele. Acho que deveria prevalecer o sentimento da base do partido em São Paulo. Tanto do ponto de vista municipal, da cidade de São Paulo, quando no estado, o PSB é nosso parceiro em São Paulo. Fiz chegar isso ao meu amigo Eduardo Campos. Ele obviamente participa da base de sustentação da presidente Dilma, tem com ela seus compromissos. Mas qualquer decisão à fórceps pode não trazer o resultado que se busca na base. Não tenho dúvida que a identidade hoje em São Paulo do PSB é muito maior com o PSDB. E uma decisão tomada de cima para baixo pode até garantir minutos de televisão para a candidatura do PT, mas pode não levar junto o apoio efetivo da militância e das bases do PSB. Espero que essa questão paulista possa evoluir para que, repito, a aliança natural que existe hoje, um partido que participa do governador Geraldo Alckmin, que gostaria de continuar conosco, no PSB, possa ser liberada pela cúpula. Mas essa é uma decisão que o PSB haverá de tomar.

O PSDB nacional tem algum desconforto hoje com esta situação de Belo Horizonte?

Nenhum, ao contrário. Na verdade, a candidatura de Marcio Lacerda nasceu de uma construção nossa com apoio do então prefeito Fernando Pimentel. Para nós, ela sempre foi absolutamente natural. E a boa avaliação da administração Marcio Lacerda mostra que estávamos certos e vamos continuar contribuindo para sua administração . Ao contrário, acho que nacionalmente o PSDB de Minas Gerais, certamente é um dos mais fortalecidos no país. E é um bom exemplo da boa convivência, da boa coalizão com forças políticas diversas.

O senhor começa agenda de viagens pelo país. Como deve ser a participação nas eleições municipais? O senhor já está pavimentando o caminho para 2014 nessas viagens?

Eu sei que eu vou ficar rouco em repetir, mas eu não vejo essa relação tão direta. Eu vou estar à disposição dos meus companheiros de partido no Brasil inteiro, buscando fortalecê-lo nas eleições municipais. Fortalecer os candidatos do PSDB com eventuais aliados nossos que tenham como adversários aqueles cujo governo combatemos hoje, cujo modelo de gestão nós combatemos que é o PT. Então, vamos deixar uma coisa para cada momento. Portanto, vou viajar ao Brasil, principalmente no segundo semestre. Faço algumas viagens ainda no primeiro semestre, mas outras no segundo semestre, com foco municipal. Vamos discutir as questões regionais as questões locais, fortalecendo o palanque do PSDB. Aí, a meu ver, o ano de 2013, provavelmente no segundo semestre de 2013, seja um momento para que o PSDB, no que depender de mim, através de prévias, possa caminha para decidir qual será o seu representante nas eleições de 2014. Nem antes, nem muito depois, na minha modesta avaliação.

Uma eventual eleição do Serra em São Paulo facilitaria para o PSDB internamente trabalhar a antecipação da questão de 2014? Porque a dificuldade que o partido teve na última decisão em relação à eleição de 2010 foi justamente isso, de ter tempo hábil. Havia uma diferença de tempo entre o grupo que o senhor defendia e que o Serra defendia. A eventual eleição do Serra facilita esse trabalho interno?

A eventual eleição do Serra fortalece muito o projeto do PSDB independentemente de quem seja o candidato do PSDB. Portanto, todos nós vamos estar unidos, à disposição para, da forma que pudermos, ajudá-lo nesta eleição, e ele já mostra um enorme potencial desde a sua largada. Então, não acho que ela mude o calendário das decisões internas do PSDB. Temos que concentrar todas as nossas forças em apoiá-lo, em ajudá-lo nas suas eleições. Acho até que, mais uma vez, a imposição da qual foi vítima o PT, inclusive o de São Paulo, na definição de um candidato que não era o candidato das bases, pode levar o PT ainda ater percalços neste caminho. Porque se nos próximos 60, 90 dias, não houver um crescimento vigoroso, importante, do candidato do PT, vão haver questionamentos internos se essa era realmente a melhor alternativa,a melhor candidatura. Então, são coisas da política. Um quadro que parecia, para nós, adverso, poucas semanas atrás, hoje, a meu ver, é extremamente adverso para o PT. Vamos trabalhar para vencer as eleições no maior número possível de municípios e, repito, acho que a definição ou o encaminhamento para a definição da candidatura presidencial do PSDB deve se dar a partir do segundo semestre do ano de 2013, independentemente do resultado da eleição de São Paulo.

Municípios em que PT e PSDB estavam juntos em 2008, como ficam agora, em 2012?

Temos que compreender que a realidade municipal, nas eleições municipais, deve prevalecer. Obviamente, estimularemos sempre alianças com esse grupo de partidos que estão aqui hoje, participando dessa reunião, mas não há da nossa parte nenhum rancor ou medida de força que impeça onde para o municípios, para a população, determinada aliança seja importante. Não vai haver um veto do PSDB a essa aliança. Não haverá estímulos. Mas o PSDB é um partido que não governa com ódio ou com rancor. É um partido que, na verdade, conduz as suas decisões com muita generosidade e pensando na população. A candidatura de Marcio Lacerda surgiu quando ele era ainda meu secretário de Desenvolvimento Econômico porque achávamos que ele tinha o melhor perfil para administrar Belo Horizonte. Nosso foco não foi a vitória do PSDB ou a derrota dos nossos adversários, foi o que era melhor para Belo Horizonte. E hoje as avaliações mostram que Marcio Lacerda é o prefeito de capital mais bem avaliado do País. Por isso que repito, todos aqueles que foram, lá atrás, contra à sua candidatura, mas que agora querem vir para nosso palanque são bem-vindos.

Aécio Neves – Entrevista à Rádio Itatitaia

Local: Brasília – DF

Assuntos: encontro com lideranças partidárias,eleições 2012, segurança pública

Sobre o encontro com lideranças em Belo Horizonte na próxima segunda-feira.

Na verdade, vamos estar iniciando um processo de definição das alianças nas eleições municipais nos principais municípios de Minas. Será uma reunião com as lideranças dos partidos aliados, partidos que vêm sustentando nosso projeto desde 2002 em Minas Gerais e que pretendem continuar juntos para fortalecê-lo no futuro. Então, as principais cidades de Minas vão estar reunidas, vamos discutir os temas principais dessas eleições municipais, de que forma pode haver uma cooperação maior entre o Governo do Estado e os municípios. Mas será, também, um momento de reencontro de pessoas, de partidos diversos, mas que vêm ao longo dos últimos anos permitindo a Minas Gerais um projeto de desenvolvimento que tem feito o Estado crescer mais que a média nacional, diminuir a pobreza mais que o conjunto do Brasil e ter indicadores sociais extremamente vigorosos. Portanto, é uma rearticulação, uma reorganização, uma reunificação do nosso grupo político com vistas às eleições municipais desse ano.

É um leque amplo de partidos.

É, mas, na verdade, hoje, com o quadro partidário extremamente plural que temos no Brasil, é impossível administrar seja no âmbito nacional, estadual ou mesmo presidencial sem uma coligação muito ampla. O que queremos é que essas nossas coligações em Minas tenham um sentido programático, sinalizem para determinadas prioridades, sobretudo no campo social. Portanto, dar nitidez a essas alianças é fundamental para que possamos ter êxito nessas eleições. E o nosso entusiasmo é muito grande. Achamos que essas coligações serão vitoriosas na grande maioria das 50 maiores cidades do Estado onde nos reuniremos.

Definida a questão de José Serra que vai tentar disputar a prefeitura de São Paulo, o senhor já está viajando pelo Brasil. O que muda a partir de agora?

Na verdade a candidatura do companheiro José Serra é um gesto de desprendimento, é um gesto de grandeza política, e vem na direção das expectativas que o PSDB tinha. A eleição de São Paulo é uma eleição de repercussão nacional, obviamente ali também serão debatidos temas de interesse nacional. E como o próprio Serra tem dito, ali estarão em confronto dois modelos, duas visões distintas de país. No meu caso, estarei à disposição dos meus companheiros em Minas, em primeiro lugar, mas também nas outras capitais e outras principais cidades do país para que nos possamos, vencendo as eleições, construir um projeto alternativo de poder a esse que aí está.

O foco do senhor é viagens pelo Brasil?

É, tenho já viagens marcadas a partir do final desse mês de março, antes disso, a pedido do governador Anastasia, eu vou a Washington, na semana do dia 12 de março, para concluir uma negociação com o BID, com o presidente Luis Alberto Moreno, para que possamos trazer recursos para a área de segurança pública em Minas Gerais, e após essa missão que me foi delegada pelo governador, nós vamos iniciar uma série de viagens de discussões profundas sobre os problemas do Brasil em todas as regiões.

A questão da segurança pública é um nó que precisa ser desatado e precisa da ajuda do governo federal…

É verdade. Minas Gerais, durante meus oito anos de governo, foi o estado que proporcionalmente mais investiu em segurança pública, mais de 13% de nossas receitas foram investidos em segurança pública. Mas há uma omissão crônica do governo federal nessa questão. Ao contingenciar os recursos do Fundo Penitenciário e do Fundo de Segurança, o governo federal não cumpre com sua parcela de responsabilidade no enfrentamento dessa que é uma chaga nacional. Estamos buscando apoio externo, das boas relações que nos construímos com esses organismos internacionais, que na verdade têm em Minas Gerais seu melhor modelo, um exemplo a ser mostrado para o mundo, vamos aproveitar essas relações para trazermos mais recursos para Minas Gerais para investirmos em segurança pública.

Aécio Neves – Entrevista – Aprovação do Estatuto da Juventude

Local: Brasília – DF

SEM REVISÃO

Assunto: Estatuto da Juventude

Sobre a aprovação na CCJ.

Um trabalho muito importante para os jovens brasileiros, um trabalho que tem tomado o centro das discussões do Senado ao longo das últimas semanas. No relatório do senador Randolfe, ele supera algumas inconstitucionalidades, portanto, ele é importante. Ele garante a preferência às entidades tradicionais, como UNE e Ubes, no oferecimento das carteiras de estudante, mas não a exclusividade. Portanto, ela não fere a Constituição, porque a proposta anterior, onde garantia exclusividade a essas entidades, ela era claramente inconstitucional. Em razão, exatamente, de ferir aquele caráter da impessoalidade que a Constituição define como fundamental ao legislador. Mas outros avanços certamente virão na discussão na Comissão de Educação. Portanto, a etapa primeira ocorreu. O senador Randolfe trabalhou com muita flexibilidade e acho que foi um avanço importante. Os direitos da juventude estão especificados e o Brasil, cada vez mais, avança para ter políticas claras de inclusão da juventude e, ao mesmo tempo, também, de acessibilidade aos jovens carentes, seja à educação, seja a transporte, enfim, aos meios para que possam, eles próprios, construírem suas vidas.

O senhor falou em direitos. E deveres, senador?

São fundamentais e eles estão lá também. Os jovens devem ter também responsabilidades absolutamente claras, e consta desse Estatuto muitas dessas responsabilidades. Como disse, é o início de uma discussão, a primeira etapa foi vencida. Nós, da Comissão de Constituição e Justiça temos o dever de sanar as inconstitucionalidades do texto, e questões relativas ao mérito e algumas ainda pendentes serão discutidas na Comissão de Educação. Mas, sempre equilibrando, obviamente, as responsabilidades que a juventude tem, portanto, os deveres, com os direitos que elas passam a ter.

Jovem de 29 anos não é uma faixa muito ampla, não? Qual a sua opinião, senador?

Pessoalmente, até considero que sim. Mas, estamos aqui sujeitos a uma definição que foi feita em uma conferência ibero-americana, não foi uma definição exclusivamente nacional, que estabeleceu a faixa entre 15 e 29 anos como a faixa dos jovens. E dividindo essa faixa entre três, vamos chamar, subfaixas. É uma decisão, obviamente, que pode gerar questionamentos, mas aderimos a esse fórum íbero-americano e, portanto, estamos sujeitos a nos adaptarmos a essa definição.

Qual a definição de jovem para o senhor?

Olha, vejo muita gente com 70, 80 anos, muito mais jovem do que muita jovem do que muitos jovens que estão aí com ideias tão antigas e arcaicas. A juventude vai muito mais na alma e na cabeça do que na faixa etária.

Aécio Neves – Entrevista – Redução da pobreza em Minas

Local: Brasília – DF

SEM REVISÃO

Assunto: redução da pobreza em Minas

O Ipea divulgou pesquisa mostrando que Minas tem reduzido a pobreza de forma mais rápida do que o restante do Brasil. Como o senhor avalia esses dados?

Essa pesquisa do Ipea consagra o modelo de gestão implantado em Minas Gerais desde 2003, onde conseguimos diminuir o custo do Estado. Por exemplo, economizar nas despesas com a estrutura do Estado, para investir mais nas políticas públicas. Enquanto no Brasil, nesse período, houve uma redução de 10,5% para alguma coisa em torno de 5,2% da população em pobreza extrema, portanto, caindo a metade, em Minas Gerais ela cai a 1/3. Ela vai de 9% para 3%. Ao mesmo tempo em que há um crescimento, também, muito expressivo na renda dos mineiros. Nosso Estado foi aquele que teve maior crescimento do Produto Interno Bruto ao longo desses últimos anos. Portanto, as políticas públicas do Estado, associadas também a parcerias com o setor privado, com outros níveis de governo, como os municípios e o governo federal, mostra que é possível, sim, com articulação, mas com políticas na área da saúde, da segurança, da educação, da própria assistência social, efetivas e acompanhadas pelo Estado, é possível trazer os resultados que trouxemos para a população de Minas Gerais. Festejo esses números como mais um estímulo àqueles que no Brasil, inspirados em Minas Gerais, buscam fazer gestão com eficiência e com resultados.

O senhor citou a questão da saúde, o IBGE também divulgou que a mortalidade infantil em Minas tem sido reduzida de forma muito intensa. É mais uma ação dessa política pública?

Todos os indicadores sociais em Minas Gerais tiveram uma melhora muito expressiva. Na educação, hoje, somos reconhecidos como o estado que tem a educação de maior qualidade. Na questão da saúde pública, a que você se refere, fomos o primeiro estado que complementou um programa federal iniciado no governo Fernando Henrique das equipes de Saúde da Família, ampliando o atendimento a praticamente todo o Estado. Temos um programa, Travessia, que cuida de investimentos, de infraestrutura e de assistência social dos municípios mais pobres do Estado. Fizemos a interligação do Estado através do ProAcesso, que ligou todas as regiões de Minas. Portanto, há um conjunto de ações coordenadas, acompanhadas com os mais modernos métodos de gestão pública, repito, que são a referência que o Banco Mundial tem mostrado hoje a outros estados federados e a outros países. E os resultados estão aí. Para aqueles descrentes de que a administração eficiente é o maior instrumento de desenvolvimento social que uma comunidade, que uma sociedade, possa ter, essa pesquisa do Ipea mostra de forma muito clara que gastar menos com a estrutura do Estado e mais corretamente, com os programas sociais, traz resultados em um espaço de tempo muito curto para grande parte da população.

Aécio Neves – Entrevista – Renegociação das dívidas dos estados

Local: Brasília – DF

SEM REVISÃO

Assunto: renegociação das dívidas dos estados.

Essa é uma questão que terá que ser enfrentada mais cedo ou mais tarde, esperamos que o mais cedo possível, pelo governo federal. Porque ela tem sufocado os estados, carentes de investimentos hoje. Quando, em 1998, foi feita a renegociação da dívida com os estados, o índice acertado para que fosse corrigida essa dívida era o IGP-DI, enquanto as receitas do estado cresciam com base no IPCA, Índice de Preço ao Consumidor (Amplo). Nesse período, houve um crescimento de mais de 230% no IGP-DI, portanto, o índice que corrige a dívida, e um crescimento de pouco mais da metade disso em relação ao IPCA.

Portanto, houve uma desconexão entre o crescimento da receita dos estados e os valores pelos quais eram corrigidas as dívidas. Com isso, os estados vêm pagando com cada vez maiores sacrifícios suas dívidas com a União, que hoje custam mais, e é incrível isso, do que o setor privado paga para financiar-se junto ao Tesouro ou junto ao próprio mercado. Portanto, é preciso, para que os estados voltem a ter capacidade de investimento, principalmente de investimento, ou mesmo de implantação de políticas públicas, uma alteração nesse indicador.

O que pleiteamos é que o mesmo índice que corrige a receita dos estados seja aquele que venha a corrigir, também, as parcelas da dívida. É uma questão que tem que ser tratada, hoje, não do ponto de vista de oposição e governo, mas do ponto de vista da Federação. Cada vez mais, caminhamos para o hiperpresidencialismo, onde estados e municípios perdem força, perdem capacidade deles mesmos enfrentarem suas dificuldades, cabendo à União a responsabilidade e também o ônus de enfrentar questões graves na segurança pública, na saúde, na educação, por exemplo.

Portanto, encontrar uma forma, sem romper com o conteúdo e com a inspiração da Lei de Responsabilidade Fiscal, mas encontrar uma forma em que os estados sejam aliviados no ônus do pagamento das parcelas de suas dívidas é uma necessidade para, a partir daí, fortalecermos a própria Federação no Brasil.

Aécio Neves – Entrevista – Privatizações petistas

Local: Brasília

SEM REVISÃO

Assunto: privatização dos aeroportos

O processo de privatização dos aeroportos, que esperamos possa atender a outras regiões do Brasil, deve ser saudado como um avanço, como uma nova visão do PT. Mas, na verdade, consagra a absoluta desconexão entre o que o PT prega e defende, principalmente em campanhas eleitorais, e aquilo que pratica. Já defendíamos esse processo de concessão dos aeroportos com muita clareza há muitos anos. Propusemos ao governo do presidente Lula a concessão do aeroporto Tancredo Neves em Belo Horizonte. PPPs, parcerias público-privadas, por exemplo, nos metrôs das capitais e o PT sempre rechaçava do ponto de vista ideológico, uma visão absolutamente arcaica e atrasada, a parceria privada nestes investimentos. O que lamento é que essa decisão tenha vindo com tanto atraso, tenha trazido tantos prejuízos como traz ainda hoje à população brasileira com o caos em que se transformaram os principais aeroportos do Brasil. E faltou na verdade uma mea culpa. Faltou o PT se desculpar com os brasileiros pelo estelionato eleitoral, principalmente no ano de 2006. Se desculpar, em especial, com nosso candidato, o governador Geraldo Alckmin (SP), que foi satanizado por defender privatizações de determinados setores da economia, e ali foi feita uma enorme injustiça com ele. Na verdade, lamentavelmente, a marca mais vigorosa que fica é essa, a falta de convergência entre o discurso e a prática. Isto serve para inúmeras outras atividades. Estão aí a Lei de Responsabilidade Fiscal e o Proer, que foram combatidos violentamente pelo PT e, hoje, são pilares importantes na política econômica do Partido dos Trabalhadores. Portanto, a grande questão que se coloca é esta: O que será que, efetivamente, pensa o partido dos trabalhadores sobre as mais relevantes questões? É aquilo que interessa aos brasileiros, é aquilo que ele diz na campanha eleitoral ou aquilo que pratica no governo?