Aécio Neves – Entrevista Coletiva sobre a delação do senador Delcídio – Senado Federal

Sobre delação do senador Delcídio Amaral publicada pela revista Isto É.

Quero dizer que, se confirmadas todas essas denúncias que a revista Istoé traz hoje, estamos vivendo o momento mais grave de toda essa crise moral por que passa o país. As acusações são de uma gravidade que ainda não havíamos percebido e é muito importante que, após a comprovação da veracidade dessas denúncias, tomemos aqui as atitudes que estaremos tomando. Na segunda-feira próxima, estaremos aditando essas denúncias, sob assinatura dos juristas Miguel Reale, de Hélio Bicudo e da doutora Janaína, a peça de impeachment que está tramitando na Câmara dos Deputados. Em especial no capítulo que fala de uma possível interferência da presidente da República no processo de investigação da Lava Jato, com a nomeação direcionada de ministros do STJ.
Faço sempre a ressalva de que essas informações precisam ser confirmadas, mas as oposições se reuniram hoje e tomamos a decisão de pedir o aditamento dessas novas informações à peça de impeachment que aqui tramita. Vamos solicitar também ao TSE o compartilhamento dessas informações, vamos dar ciência formalmente ao TSE dessas informações para que ele também possa aprofundar nas investigações da sua consistência, da sua veracidade. Mas o fato concreto é que o Brasil hoje está frente ao momento mais grave dessas denúncias. Se confirmadas, a presidente Dilma Rousseff não tem mais condições de continuar governando o país.

O aditamento vai ser feito mesmo sem a homologação dessa delação? Petistas estão dizendo que o senador (Delcídio) não disse isso.

O papel das oposições é esse: aditar, para que possa, ao longo do processo de discussão, – seja na comissão do impeachment, seja no plenário – esses esclarecimentos possam vir. Seria uma omissão imperdoável das oposições não permitir que a comissão do impeachment e o plenário da Câmara dos Deputados não se debrucem também sob essas informações.
Caberá, obviamente, às investigações e às análises que se sucederão comprovar a veracidade ou não daquilo que está hoje na revista. Mas é algo extremamente grave e não tenho visto até agora, por parte do governo, uma condenação tão enfática que nos faça perceber que essas denúncias não sejam verdadeiras.

O presidente Eduardo Cunha, agora réu, tem condições de tocar esse processo de impeachment?

Essa questão não é do presidente Eduardo Cunha. É uma questão da instituição Câmara dos Deputados, da direção da Câmara dos Deputados, enquanto direção coletiva. É uma decisão que será tomada por uma comissão representativa da Câmara, composta por todos os partidos políticos, e em última instância, pelo plenário.
O que seria um absurdo é que as questões que envolvem o presidente da Câmara Eduardo Cunha impedissem a Câmara dos Deputados de cumprir a sua prerrogativa constitucional. Cabe pela Constituição à Câmara dos Deputados avaliar, aprovar ou não o início do processo de impeachment. Isso é responsabilidade da Câmara. Questões que envolvam qualquer um dos seus membros e o presidente não podem impedir a Câmara de cumprir seu papel constitucional. É isso que nós estaremos cobrando.

O presidente da Câmara tem que se afastar do cargo?

Há muito tempo nós, do PSDB, já dissemos a nossa posição em relação a situação do presidente Eduardo Cunha. A posição do PSDB com o Conselho de Ética foi clara: seria melhor para todos, e para o próprio Poder Legislativo, o afastamento do presidente.
Lembro a vocês que quem preside esse processo (impeachment) não é o presidente da Câmara, É um presidente eleito por esse colegiado e que passará a presidir a comissão processante. Portanto, é ele que terá prerrogativa de conduzir especificamente a questão do impeachment, e não o presidente da Câmara.

Aécio Neves – Entrevista – Filiação do senador Ricardo Ferraço

Filiação do senador Ricardo Ferraço

Hoje é um grande dia para a boa política brasileira. Ao contrário daquilo que assistimos acontecer no Brasil nos últimos meses, é a cooptação de membros da oposição pelo governo com oferecimento de todo o tipo de vantagem, hoje estamos vendo o senador Ricardo Ferraço, uma das maiores lideranças da política brasileira e, sem dúvida, do Senado Federal, fazer o caminho inverso. Ele sai de um partido da base governista, o PMDB, e vem se somar aos companheiros da oposição, em um momento em que o papel da oposição é essencial para que o Brasil tenha uma alternativa a este desgoverno que aí está. Poucas filiações ao PSDB foram tão festejadas quanto a do senador capixaba, Ricardo Ferraço, pela sua qualidade pessoal, pelo que representa aqui e pela capacidade de interlocução que tem com outras forças da política brasileira.

A saída para o Brasil, no pós-Dilma, que eu espero se dê o mais rapidamente possível, terá de se dar com diálogo, terá de se dar com a construção de uma nova agenda que passe por confiança, por credibilidade porque a presidente, infelizmente, para todos nós brasileiros, já perdeu. Ricardo Ferraço terá um papel estratégico, ao lado da liderança da Minoria aqui no Senado Federal, mas também ao lado da direção nacional, ao meu lado, na construção não apenas da agenda do pós-Dilma, mas também de uma articulação política que dê estabilidade ao Brasil quando esta triste página da nossa história, protagonizada pelo PT e seus aliados, for definitivamente virada. Portanto, estamos aqui saudando com enorme alegria, ao lado do companheiro Cesar Colnago, das lideranças capixabas do partido, a chegada do extraordinário homem público e grande senador Ricardo Ferraço.

Sobre a troca do ministro da Justiça

É uma preocupação enorme em todos nós da oposição, mas não apenas da oposição partidária, mas na sociedade brasileira, em relação à forma como se dá a saída do ministro da Justiça, que ocorre no momento em que aumentam as críticas do PT, principalmente das lideranças mais próximas ao ex-presidente Lula, ao ministro, portanto, isso é grave. E no momento em que as investigações da Operação Lava Jato se aproximam de forma extremamente perigosa do Palácio do Planalto, tendo como último ato deste faroeste caboclo em que se transformou a política brasileira, a prisão do marqueteiro da campanha presidencial. Portanto, é preciso que estejamos muito atentos para que essa nomeação não signifique uma tentativa nefasta e antirrepublicana de interferência nas nossas instituições, em especial na Polícia Federal.

Mas quero aqui, como presidente do PSDB, reiterar a nossa absoluta confiança na independência, na qualidade da Polícia Federal e na força das nossas instituições, que não haverão de se submeter a interesses de governo. Essas são instituições – e a Polícia Federal se incorpora a elas – de Estado. Tentei explicar isso à presidente Dilma nos debates eleitorais, quando ela considerava a Polícia Federal uma parcela do seu governo. Não, a Polícia Federal é um órgão de Estado, e deve agir como vem agindo até aqui, com independência e com coragem para fazer o que precisa ser feito, garantindo sempre, obviamente, o amplo direito de defesa. Portanto, o Ministério Público, o Poder Judiciário e a Polícia Federal continuarão a fazer o seu trabalho, por mais que esses sinais apontem em uma tentativa na direção oposta. Portanto, o que disse ontem e reitero hoje é que estaremos absolutamente atentos para que essa troca de ministros não signifique uma tentativa de interrupção ou de constrangimento àqueles que hoje vem permitindo ao Brasil escrever uma nova página na sua história.

O senhor acredita que, diante dessas investigações todas que estão acontecendo, as próximas manifestações populares vão ser mais fortes?

Acho que o sentimento de indignação é absoluto, e há hoje uma constatação no conjunto da sociedade brasileira de que, com a presidente Dilma, o Brasil não iniciará um processo de recuperação econômica e, obviamente, em decorrência dela também, de melhoria dos nossos indicadores sociais. Esse é um fato. Não fomos nós que construímos isso. Foi a presidente que construiu isso, com as mentiras durante a campanha eleitoral, com a absoluta falta de limites com que o seu partido agiu no governo ao longo desses últimos anos, e pelos equívocos gravíssimos que cometeu ao longo do seu governo. É esse sentimento de indignação, é esse sentimento de busca de uma saída para o Brasil que, eu acredito, encherão as ruas do Brasil no próximo dia 13 de março.

E nós, enquanto partidos políticos, representantes de parcela da sociedade, estamos nos incorporando a esse movimento que não é partidário, esse movimento é organizado por setores da sociedade, por movimentos legítimos da sociedade. Mas não vamos nos omitir. O PSDB e os demais partidos de oposição estarão convocando os brasileiros para que possam ir às ruas no próximo dia 13 de março e dar um basta definitivo a isso que vem acontecendo no Brasil. A presença dos brasileiros nas ruas certamente pode abreviar o sofrimento de tantos com o desemprego, com o alto endividamento, com a inflação sem controle e, principalmente, com a falta de esperança.

Aécio Neves – Entrevista coletiva sobre os projetos do PSDB

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta quinta-feira (25/02), em Brasília. Aécio falou sobre mudanças nas regras do pré-sal, Petrobras, PEC cargos comissionados, projeto que altera Fundos de Pensão, impeachment presidente Dilma e PMDB.

Leia a transcrição da entrevista do senador:

Sobre o projeto aprovado ontem que altera regras da exploração do pré-sal. Apesar das mudanças acordadas com o governo, o PT se posicionou contra. O sr. concorda?

O que assistimos ontem foi absolutamente inédito e mostra a ausência de governo pela qual passa o país. Nós assistimos o líder do governo orientando a bancada do PT, o partido do governo e da presidente da República, a votar contra o governo! É algo absolutamente inusitado.

Estou no Parlamento há muitos anos e não tinha visto uma cena como essa. Numa matéria que é de importância enorme para o Brasil, para o próprio Rio de Janeiro. O que fizemos ontem não foi sequer entrar na discussão do modelo de partilha, no modelo de concessão, qual seria o mais adequado, por mais eu considere que o modelo de concessões seria o mais adequado. O que fizemos ontem, isso diz muito a respeito também ao Rio de Janeiro, foi tirar da Petrobras a obrigatoriedade de ser ela operadora única e participar com pelo menos 30% da exploração de todas as áreas.

A Petrobras, por obra e graça do PT e deste governo, é a empresa não financeira mais endividada do mundo. A Petrobras tem uma dívida de R$ 500 bilhões. A Petrobras apresentou um projeto de desinvestimento, que poderíamos sem esforço chamar de privatização, de mais de US$ 50 bilhões, representa mais do que o conjunto de todas as privatizações do setor de telecomunicações do governo do presidente Fernando Henrique e fazem isso, não por uma visão estratégica, poderia até ser justificável em determinados setores, mas pela necessidade de caixa para diminuir seu endividamento.

Se não se aprova essa proposta, os leilões de novas áreas estarão sempre condicionadas à capacidade de caixa da empresa, o que não é lógico, não é racional. E a própria indústria do petróleo, que depende de investimentos da Petrobras, está sendo esfacelada, cidades que vivem, que tem no petróleo sua base econômica mais sólida, estão virando, em grande parte delas, cidades abandonadas, desassistidas. Este setor será o maior beneficiário da vinda de novos capitais, de capitais estrangeiros para participar da exploração de áreas do pré-sal.

A Petrobras não perde a prerrogativa. Ela é quem vai definir o que ela quer. Se ela quiser participar de determinada área por julgar estratégica, com 100%, ela poderá fazer. O que nós fizemos, em síntese, para terminar, foi tirar dela o ônus de participar obrigatoriamente de todas as áreas, de ser operadora de todas as áreas, dando a ela o bônus da escolha daquilo que é estratégico. Uma medida extremamente correta, que lamentavelmente o PT, com a sua visão arcaica, atrasada do Brasil, do papel do Estado, ainda não compreendeu.


Está na pauta a PEC do senhor que trata dos cargos comissionados. Haverá resistência por parte do governo?

A minha ideia é colocá-la na pauta logo após a votação do projeto das estatais, do senador Tasso. E essa proposta restabelece a meritocracia na ocupação desses cargos em comissão. Você sabe que tudo que o governo disse que ia fazer, não fez. O governo está tão fragilizado que sequer cortar os cargos comissionados, ou dar a eles um viés mais qualificado, com critérios para sua ocupação, o governo conseguiu fazer. A presidente anunciou que ia cortar o seu salário – um gesto de sinalização de uma nova postura do novo governo – e sequer isso ela conseguiu fazer. Esse nosso projeto estabelece critérios para a ocupação desses cargos. As pessoas têm que ter conhecimento específico na área onde vão atuar, e não basta apenas ter a carteirinha de filiação partidária.

Eu pretendo também nas próximas duas semanas colocar em votação no plenário um projeto que eu relato que estabelece uma nova governança nos fundos de pensão, que foram ocupados, aparelhados e assaltados por este governo. Nós estamos profissionalizando os fundos de pensão, trazendo as mais modernas práticas que ocorrem no mundo, especialmente na Holanda, que está mais avançada nisso, com transparência, com qualidade dos gestores. Portanto, o Brasil precisa virar esta página terrível, perversa, de governo que o PT representa para que outros avanços, como esses a que me referi, possam fazer parte da vida cotidiana dos brasileiros.


Seria o fim do apadrinhamento político?

O absoluto fim do apadrinhamento político. Os fundos de pensão têm servido à companheirada, a negócios escusos. Todos eles, sem exceção, estão com déficits bilionários. Isso significa que são os contribuintes desses fundos que vão ter de arcar com os prejuízos causados por gestões temerárias, feitas por pessoas sem qualquer qualificação, apadrinhados em especial pelo PT.

Pelo projeto não poderá haver qualquer nomeação, seja para conselho desses fundos ou para direção dos fundos, pessoas que tenham vinculação partidária. Não poderá haver nomeação de pessoas que tenham qualquer tipo de interesse em relação à controladora. As pessoas têm de passar por um processo de certificação externa. Empresas independentes serão contratadas para identificar os melhores perfis daquelas pessoas que vão ocupar os cargos nesses conselhos que definem investimentos extremamente vultuosos. Os fundos de pensão bem geridos são instrumentos essenciais ao desenvolvimento de qualquer país. No Brasil virou instrumento para que a companheirada fizesse a farra como a CPI dos Fundos de Pensão na Câmara dos Deputados está mostrando a todo o país.


O partido tende a uma reaproximação com o PMDB agora que o debate do impeachment está reaquecendo?

Como diria os meus conterrâneos de Minas Gerais, o PSDB é como Minas: está onde sempre esteve, fazendo oposição a este governo com a sensação cada vez maior de que a atual presidente da República não tem mais as condições mínimas de liderar o processo de retomada do crescimento no país. As alternativas estão aí colocadas. O PSDB não as escolhe até porque não temos número para isso. Não temos a prerrogativa de definir se será pelo impeachment, será pela cassação no TSE ou pela renúncia da presidente. Mas a sensação, que não é apenas minha, como presidente do partido, é da sociedade brasileira, dos agentes produtivos, dos cidadãos, que estão vendo o desemprego avançar em todas as áreas. Este governo perdeu aquilo que é essencial para que o Brasil vire esta página: confiança, credibilidade. Vejam o que aconteceu na Argentina. Sem nenhuma medida estrutural ter sido aprovada, o ambiente já mudou. Por que? Por que o governo sinaliza de forma clara aquilo que pretende fazer. E esse governo não tem mais a confiança da população, a credibilidade necessária, para fazer a guinada que o Brasil precisa. Se setores do PMDB ou de outras forças políticas se somarem a esse esforço da oposição, não sei se isso vai ocorrer, tanto melhor para o Brasil.

Aécio Neves – Entrevista sobre a reunião da bancada do PSDB na Câmara e Fundos de Pensão

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta quarta-feira (24/02), em Brasília. Aécio falou sobre a reunião da bancada do PSDB da Câmara, projetos das estatais, fundos de pensão e pesquisa CNT/MDA.

Leia a transcrição da entrevista do senador:

Sobre o encontro da bancada.

Vamos fazer reuniões periódicas com a nossa bancada garantindo a unidade de estratégia do PSDB nesse momento crucial da vida nacional. O PSDB tem que se fortalecer enquanto a principal alternativa de poder a esse modelo petista que tanta infelicidade vem trazendo ao Brasil e o nosso papel também é agir em conjunto com os outros partidos de oposição. Ontem, fizemos uma conversa importante com os presidentes e líderes de todos os partidos de oposição. Definimos nos engajar nesse movimento conduzido por lideranças da sociedade civil, pelas manifestações do próximo dia 13. Vamos botar sim a nossa cara e dizer basta a tudo isso que vem acontecendo com o Brasil. Há uma constatação das pessoas e dos cidadãos comuns de que com este governo, com a presidente Dilma, o Brasil não vai conseguir reiniciar o seu processo de retomada do crescimento.

Vamos continuar combatendo o governo e nos dispondo a votar matérias que sejam estruturantes e de interesse do país. Hoje mesmo no Senado vamos discutir e votar a proposta do senado Serra que retira a obrigatoriedade da Petrobras ser a operadora única dos postos de petróleo do pré-sal. Na sequência, um importantíssimo projeto do senador Tasso que faz uma revolução na governança das estatais está pautado. Em seguida, outro projeto, que eu relato, do senador Paulo Bauer, que fala da governança dos fundos de pensão que foram assaltados durante este período em prejuízos dos seus financiadores que são os funcionários de empresas estatais. Outro que trata da profissionalização dos cargos comissionados para acabar com esta farra da companheirada na ocupação de cargos públicos.


Sobre o Seminário do PSDB.

Vamos agora, dia 10 de março, fazer um grande encontro, em Brasília, para discutir os projetos na área social. O PSDB quer debater com o governo e com o PT as políticas sociais que estão em curso no Brasil, respeitando aquelas que tiveram efetivamente ou que trouxeram efetivamente ganhos para a população, mas apresentando alternativas a essa visão, a meu ver atrasada, arcaica e conservadora de compreender a pobreza apenas na dimensão da ausência de renda. Ela precisa ser compreendida em uma dimensão muito maior.

Debater com o governo trazendo para o Congresso Nacional um conjunto de propostas, e esse debate será com a base do governo aqui. Muitos tiveram ascensão social, sobretudo no início do governo do presidente Lula, em grande parte pelas medidas tomadas anteriormente, no governo do presidente Fernando Henrique. A principal delas foi a estabilidade da moeda. Não houve até hoje, no Brasil contemporâneo, nenhuma medida de maior alcance social do que o fim da inflação, que o PT infelizmente nos traz de volta, porque ela retira o mais perverso imposto que pune os que menos têm, os que não têm como se defender, por exemplo, em um sistema financeiro. E, infelizmente, algo que achávamos já enterrado retorna pela leniência e pela irresponsabilidade do PT.

Vamos mostrar ao TSE a importância de o mais rapidamente possível analisar as contundentes provas que lá estão. Vamos para as ruas nos manifestar contra o governo que aí está, e vamos aqui apresentar uma pauta, já que o governo não existe. O governo não existe como propositor de políticas públicas, o governo não existe como propositor aqui no Congresso de projetos que possam minimizar os efeitos dessa crise. Há um vácuo, um vácuo gravíssimo hoje no país de poder, e quem vem pagando a conta são os brasileiros mais pobres.


O senhor vai às ruas dia 13?

Estou avaliando essa possibilidade, já estive nas últimas manifestações, é bem possível que sim.


Sobre resultados da pesquisa CNT.

É uma pesquisa obviamente positiva para as oposições, se você de alguma forma contabilizar os números da oposição a diferença é maior ainda, mas é questão de momento. O PSDB tem que estar preparado para o embate com o PT quando ele vier a se dar. Se for em 2018 – tenho dúvidas se o governo tem capacidade para chegar lá – que seja em 2018. Se isso por alguma razão for antecipado, se esse calendário for antecipado, que o PSDB tenha responsabilidade – não é com seus membros, com a sua bancada, é com o Brasil – de atualizando o programa que nós apresentamos no ano passado ao Brasil nos apresentarmos como aquele agrupamento político que tem as melhores condições não apenas de vencer as eleições – essas eleições são uma etapa – mas dar ao Brasil, de novo, esperança.

Ontem, recebendo a vice-presidente da Argentina, nós comentávamos como a esperança é hoje um ativo importante até mesmo na economia, até mesmo para modificar perspectivas, para sinalizar positivamente até mesmo do ponto de vista de investimentos. Bastou a mudança de governo na Argentina para que os sinais na economia melhorassem e melhorassem muito. O Brasil precisa de novas perspectivas, e lamentavelmente para todos os brasileiros, sem exceção, o governo que foi eleito, o governo da presidente Dilma, perdeu essas condições. Isso nós estamos vendo todos os dias.

O governo da presidente Dilma tem hoje duas propostas. Não tem uma terceira. A primeira delas, o primeiro dos projetos da presidente Dilma, é se manter no poder o maior tempo possível ainda, tentando chegar ao final do seu mandato. E a segunda é aprovar mais um imposto que recairá sobre as costas dos trabalhadores brasileiros.


O PSDB vai aprovar proposta de federalização das estatais?
Nós não discutimos ainda isso. Temos que discutir o que significa efetivamente cada uma delas. O que nós queremos é dar transparência, profissionalismo à gestão das estatais. Existem projetos que se combinam. O do Tasso (Jereisatti), e outro, que eu estou relatando, que trata da gestão dos fundos de pensão, e temos esse da gestão das estatais. Isso é prioritário: darmos às estatais a transparência que elas não têm hoje, metas que elas não têm hoje para serem alcançadas e dar aos fundos de pensão o profissionalismo que eles não tiveram.


Sobre projeto que muda regras para conselhos dos fundos de pensão.

Queremos desaparelhar, queremos tirar do alcance dos amigos do poder a gestão dos fundos de pensão, porque todos eles, sem exceção, apresentam hoje déficits bilionários, e quem vai pagar a conta não são os dirigentes indicados pelo PT, não é a presidente da República que indicou esses dirigentes. Quem paga a conta dessa gestão temerária da maioria dos fundos de pensão das empresas estatais são aqueles que contribuem para esses fundos e que dependem deles para sobrevivência sua e de suas famílias. O que nós queremos é retirar das garras do petismo e do governo a gestão dos fundos de pensão. Eu pretendo, na semana que vem, ter esse projeto já colocado em pauta para votar no Senado.

Aécio Neves – Entrevista sobre o rebaixamento do grau de investimento – Agência Moody’s

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta quarta-feira (24/02), em Brasília. Aécio falou sobre o rebaixamento do grau de investimento da agência Moody’s, erros da política econômica, queda da popularidade da presidente Dilma e pesquisa CNT/MDA.


Leia a transcrição da entrevista do senador:

Sobre novo rebaixemos do grau de investimento do Brasil pela Agência Moody’s.

É o pior sinal possível. E ao contrário do que o PT gosta de afirmar, a responsabilidade por mais este rebaixamento é exclusivo do governo brasileiro, dos inúmeros equívocos do governo do PT. O que hoje este rebaixamento significa? As empresas com maiores dificuldades de rolar suas dívidas, portanto, com menos competitividade, com mais desemprego e o descontrole da economia cada vez maior.

Hoje, o Brasil prova o gosto amargo dos equívocos e das irresponsabilidades de um governo que não atendeu a nenhum dos alertas que foram feitos inclusive na campanha eleitoral. A responsabilidade por este rebaixamento não é de nenhuma crise internacional, até porque ela não existe. É exclusivamente das irresponsabilidades e dos equívocos do governo brasileiro.

Um dos pontos que a agência pondera é que a dinâmica política desafiadora pode atrasar as reformas estruturais. Há uma cobrança muito grande por estas reformas. O que é esta dinâmica desafiadora?

As reformas estruturantes em um país com o presidencialismo tão forte como o brasileiro só ocorrem se o governo tiver autoridade para conduzi-las. Em primeiro lugar, mobilizando a sua base e nós não temos mais isso no Brasil.

Um dos fatores talvez mais relevantes para este rebaixamento é a ausência de perspectivas em relação ao futuro. Porque exatamente este governo não apresenta mais essas perspectivas de apresentar e aprovar uma agenda no Congresso Nacional. A responsabilidade é do governo que sequer consegue o apoio da sua base para reformas estruturantes. Nós da oposição continuaremos a fazer o que viemos fazendo. Aquilo que for de interesse do Brasil contem conosco. Mas aquilo que significar manutenção deste governo, certamente, o Brasil não pode contar com as oposições porque a manutenção deste governo como aí está não interessa aos brasileiros.

Tenho dito o seguinte, enquanto tivermos um governo sem autoridade, sem projeto, sem coragem para enfrentar as questões estruturais, o Brasil infelizmente continuará no final da fila como agora estamos vendo com mais este rebaixamento.


A perspectiva futura ainda é negativa?

A perspectiva futura é que talvez tenha sido o ponto mais grave para mais este rebaixamento. O Brasil não tem perspectivas enquanto este governo não tiver um projeto de país. O projeto hoje da presidente Dilma é única e exclusivamente se manter no poder. E as agências percebem isso. As agências sinalizam hoje aquilo que a perspectiva de futuro nos apresenta. Não temos futuro com este governo do PT.


Como o sr. avalia a pesquisa de popularidade da presidente com 62% de rejeição?

Tudo isso é consequência do desastre para as pessoas. Não comemoro este rebaixamento. Não acho que isso seja motivo de comemoração ou de aplauso por ninguém. Ao contrário. Isso impacto na vida real das pessoas. É o desemprego crescendo, a inflação sem controle, o endividamento das pessoas aumentando, o Brasil sem perspectivas de futuro. Enquanto não tiver um governo com autoridade, veja o que aconteceu na Argentina, as medidas estruturantes ainda não ocorreram, mas a mudança de ambiência, a perspectiva de um futuro diferente daquele que vinha ocorrendo até o fim do governo Kirchner já mudou o ambiente. Os investimentos estão indo para lá. Brasileiros estão querendo novamente investir na Argentina, e no Brasil ocorre o oposto.

Infelizmente, enquanto tivermos aí esse governo o Brasil vai continuar patinando, andando de lado. E quem sofre não é o governo, não é o PT, esses vão muito bem como vemos todos os dias. Quem sofre é a população brasileira, e principalmente os mais pobres. Aqueles que o governo do PT diz defender são os primeiros a pagar essa conta extremamente salgada dos equívocos e das irresponsabilidades de um governo que, para se manter no poder, fez ouvido de mercador a todos os alertas de correção de rumo na economia. Para ganhar as eleições, como a própria presidente disse, faz-se o diabo. E hoje, infelizmente, quem está comendo o pão que o diabo amassou são os brasileiros, principalmente os mais pobres.


Ainda sobre a agência, ela coloca que há expectativa que a dívida pública brasileira ultrapasse 80% nos próximos 3 anos. O Brasil continua sendo um país que gasta muito e como a oposição fala, gasta mal?

Gasta muito, gasta mal e não teve coragem de fazer as reformas para conter, para estabelecer limites para esses gastos. Essa dívida pública brasileira, que ultrapassará com certeza 83%, 85%, em 2018, é a mais alta dentre todos os países emergentes. A média dos países emergentes não chega a 60%. Isso é uma demonstração do descontrole das contas públicas, da irresponsabilidade fiscal que norteou, que orientou as ações naquela chamada nova matriz econômica. E repito, as consequências são reais nas vidas das pessoas, porque se fala de rebaixamento as pessoas não entendem bem como isso afeta as suas vidas. Significa, repito, as empresas brasileiras tendo uma incapacidade cada vez maior para rolar suas dívidas, para se autofinanciarem e mais do que isso, desemprego aumentando e a carestia chegando na vida das famílias brasileiras. Esse rebaixamento, mais uma vez, impacta na vida real dos brasileiros.


Foi divulgada hoje uma pesquisa dizendo que o senhor ganharia do ex-presidente Lula, se as eleições fossem hoje. Como o senhor vê esse resultado?

O que há na verdade é um cansaço absoluto em relação ao que vem acontecendo hoje no Brasil. Acho que esse modelo de governança do PT que alia incompetência administrativa, irresponsabilidade fiscal e desapreço pela questão ética, fracassou. Agora, nós do PSDB temos um projeto para o Brasil, apresentamos esse projeto durante a campanha eleitoral. Infelizmente não vencemos as eleições, mas continuamos a ter um projeto para o Brasil, que passa pela responsabilidade fiscal, pela meritocracia na administração pública, pela coragem para fazer as reformas que durante 13 anos não foram feitas pelo governo do PT
O PSDB, obviamente, no momento certo, no momento em que as eleições se aproximarem, terá uma candidatura que represente esse projeto. Fico feliz com os resultados das pesquisas, mas não vamos antecipar o calendário. Hoje, o que precisamos é encontrar caminhos para que o Brasil saia desse abismo no qual o PT nos mergulhou.

Aécio Neves – Entrevista coletiva

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta terça-feira (23/02), em Brasília. Aécio falou sobre apoio às manifestações de 13 de março, reunião com líderes da oposição, rito do impeachment, STF e nova fase da Lava Jato.

Leia a transcrição da entrevista do senador:

Sobre as manifestações no dia 13 de março.

Os partidos de oposição, com as presenças dos líderes na Câmara e no Senado, definiram de forma absolutamente clara que caminharão juntos daqui para frente, seja na estratégia parlamentar legislativa e, obviamente, também nas ações políticas. Estamos distribuindo uma nota de absoluto apoio dos partidos com representação no Congresso Nacional, os partidos de oposição, às manifestações programadas para o próximo dia 13 de março, organizadas por movimentos da sociedade civil, sempre com essa ressalva. Estaremos conclamando nossos companheiros de todas as regiões do país, em todos os municípios do país para que se façam presente nesse momento de profundo agravamento da crise política, econômica, social e moral que vem devastando o Brasil. E tenho muita confiança de que teremos manifestações muito consistentes e muito representativas neste dia 13.


Sobre STF e TSE.

Por outro lado, uma representação de líderes oposicionistas na Câmara dos Deputados está solicitando ao presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Lewandowski, uma audiência para cobrar agilidade na definição do rito final para tramitação do processo de impeachment para que ele possa ter o seu curso natural na Câmara dos Deputados. E, acatando uma sugestão feita pelo senador Agripino, uma representação de líderes desses partidos estarão solicitando também à ministra Maria Thereza uma audiência no Tribunal Superior Eleitoral para, pessoalmente, levar a ela aquilo que hoje já foi, do ponto de vista formal, pelo sistema eletrônico, já protocolado no Tribunal Superior Eleitoral, que é o pedido de juntada na investigação que lá ocorre em relação às ilicitudes cometidas na campanha eleitoral da última fase da Operação Lava Jato, solicitando inclusive que seja ouvido o sr. Zwi, conhecido operador do esquema de corrupção na Petrobras.

Pedimos que ele seja ouvido como uma das testemunhas da acusação. E o compromisso formal e final é de que estaremos semanalmente nos reunindo e traçando uma estratégia cada vez mais articulada e mais vigorosa no sentido de dar ao Brasil o início de um novo tempo. A nossa constatação, de todos, sem exceção, é de que, com Dilma na Presidência da República, o Brasil não encontrará, em um espaço de tempo curto, as condições mínimas de retomada do crescimento, de redução do desemprego e de melhoria nos indicadores econômicos e, principalmente, sociais que vêm trazendo infelicidade à vida de milhões e milhões de brasileiros.


Há alguma estratégia eleita para impeachment ou a anulação da eleição?

O que queremos é que ambas as questões avancem, e elas não são excludentes. Acho até que elas se complementam. Existe no Tribunal Superior Eleitoral uma ação de investigação aberta pela maioria dos ministros daquela Corte, e é preciso que o governo comece a se defender não politicamente, não atacando a oposição, mas das acusações formais que são feitas. E esse episódio das últimas horas é um fato de extrema gravidade que, tenho certeza, será analisado pelos ministros. Aqui não há qualquer tipo de pressão espúria. O que queremos e que haja alguma agilidade para que essa sensação hoje da sociedade brasileira de desgoverno absoluto possa ser superada.

E existe aqui trancado um processo de tramitação do impeachment da presidente da República em razão das decisões do Supremo Tribunal Federal que precisam, quaisquer que sejam as decisões finais, ser comunicadas à Câmara dos Deputados a partir dos embargos que ali foram apresentados. A decisão é fundamental para que o processo volte a tramitar. O que temos é que garantir que as instituições continuem a funcionar, sejam tribunais, seja o Congresso Nacional. Não escolhemos caminho. Na nossa constatação, repito, é que, com a presidente Dilma no governo, não há mais a confiança mínima necessária à retomada do crescimento e ao enfrentamento dessa crise sem precedentes na qual o seu governo e o seu partido mergulharam o Brasil.


Sobre pedido de inclusão no processo do TSE das informações da nova fase da Lava Jato.

O que pedimos é a juntada dessas novas informações, informações extremamente graves, em relação ao pagamento por um operador da Petrobras, conhecido da polícia, conhecido do Ministério Público, chamado Zwi (Skornicki) que teria pago, em contas no exterior, o marqueteiro da campanha.

O que queremos é que ele seja ouvido também no TSE para que diga de forma clara quem orientou esse pagamento. Porque razão alguém que operava propina da Petrobras e distribuía, segundo a sua própria declaração, esse recurso para diretores da empresa, pagaria alguém que trabalhava na campanha eleitoral. Estamos absolutamente serenos. Vamos observar o encaminhamento dessas questões com absoluta cautela, mas é preciso que o Tribunal observe e analise em profundidade essas novas denúncias.