Em uma segunda entrevista em Salvador (BA), nesta segunda-feira (14/04), o senador Aécio Neves falou sobre os desafios da oposição, a possibilidade de a aliança com o PMDB ser ampliada, além de uma possível aliança com outros partidos da base do governo federal.
Leia a transcrição da entrevista do senador Aécio Neves:
Sobre o lançamento de pré-candidaturas na Bahia.
Temos uma aliança consolidada e na Bahia o que assistimos, hoje, foi a mais bem sucedida construção política que aconteceu, até agora, no Brasil, para as eleições de 2014. Sob a liderança do prefeito ACM Neto, o prefeito mais bem avaliado do Brasil hoje, constrói-se uma aliança que traz o PSDB, o PMDB e outras forças políticas o que torna a chapa não apenas competitiva do ponto de vista do Estado, e ela é muito competitiva, como também permitirá que no plano nacional tenhamos aqui um apoio que nós não tivemos nas últimas eleições. É uma aliança extremamente sólida, e eu vim aqui para cumprimentar aqueles que com desprendimento e com capacidade política colocaram à frente o interesse da Bahia. Que assim, como no plano nacional, o sentimento é de mudança. Os baianos querem mudança, os brasileiros querem mudança. Querem um governo que concilie ética com eficiência. E essa é a proposta de Paulo Souto, de Geddel. E é a nossa proposta no plano nacional.
Sobre os desafios da oposição.
Enfrentamos uma máquina utilizada sem qualquer limite. Hoje há quase um monólogo no plano nacional onde só fala a propaganda bilionária do governo federal, onde só fala a presidente da República. Esperamos o início do contraditório, do tempo do debate, da discussão. Porque o governo da presidente Dilma falhou na economia, ao nos deixar como legado inflação alta, crescimento baixo e uma perda crescente da nossa credibilidade, o que afeta os nossos investimentos. Fracassou na infraestrutura, o Brasil é um dos países mais caros do mundo, porque demonizaram as parcerias com o setor privado durante dez anos, e agora a fazem de forma envergonhada e amadoristicamente. E falhou também nos indicadores sociais. A saúde é uma tragédia no Brasil. O governo do PT, quando assumiu, investia 56% de tudo o que se gastava em saúde. Hoje, apenas 45%. Na educação, deixamos de avançar, estamos indo para o fim da fila na região. E na segurança é essa omissão quase que criminosa do governo federal que gera o aumento da criminalidade em todas as regiões. O sentimento que existe hoje no Brasil é o sentimento de que já deu!. Precisamos iniciar um novo ciclo e tenho certeza que isso se inicia aqui na Bahia com essa aliança extremamente forte.
Sobre a possibilidade de a aliança com o PMDB ser ampliada.
Do ponto de vista dos estados, ela já vem acontecendo. Em alguns estados, as conversas avançam. Ninguém muda a realidade e a natureza das relações locais. Hoje há setores não apenas do PMDB, mas de outros partidos da base governista, insatisfeitos com isso que está aí. As pessoas já estão percebendo que essa aliança só serve aos interesses do PT, não serve aos interesses do Brasil. Espero sim, a partir do se construiu na Bahia, que possamos ter parceiros do PMDB em outros estados da Federação, ao nosso lado.
Sobre a possibilidade de alianças com outros partidos da base do governo federal.
Temos alianças naturais há muito tempo, por exemplo, com o PP. O PP hoje governa meu Estado, sucedeu o governador Antonio Anastasia. Temos alianças muito avançadas, com eles no Rio Grande do Sul. Temos parcerias com o PDT, por exemplo, em Mato Grosso. O que quero dizer é que, independente de uma aliança nacional, em muitos estados vai haver alianças do PSDB e da nossa candidatura com partidos que hoje estão na base. Aliás, essas alianças já existem e vêm se consolidando ao longo dos últimos anos.
Mas a grande aliança que buscamos é com a sociedade. Aliança com as pessoas que não aceitam mais o mau uso corriqueiro do dinheiro público. Esse desrespeito aos cidadãos brasileiros, como vem acontecendo com a Petrobras. Amanhã, inclusive, vamos cedo ao Supremo Tribunal Federal, esperando que possa haver uma liminar, que permita a investigação em relação a esse desatino que tomou conta do comando da Petrobras, com prejuízos gravíssimos aos brasileiros. Nós – antes que me perguntem, já antecipo aqui – não somos contra qualquer outro tipo de investigação. Que se faça. A base governista tem maioria suficiente para investigar o que quer que seja.
Sobre a situação dos municípios.
Tenho dito há muito tempo que a raiz principal dos problemas por que passa o Brasil é o fortalecimento da União em detrimento de estados e municípios. Nós precisamos refundar a Federação no Brasil. Fazer uma agenda que permita a estados e municípios readquirirem as condições de enfrentar as suas demandas. Cada vez mais o Brasil caminha para viver em um Estado unitário. E nenhum dos temas da agenda da Federação, muitas apresentadas até pelo próprio governo, avançaram. No limite, no momento das votações, o governo do PT impediu que qualquer benefício a estados e municípios, como agora na renegociação das dívidas, fosse aprovado. Vamos criar uma agenda propositiva que resgate a força e o papel dos municípios e dos estados brasileiros.
Sobre a ida da presidente da Petrobras, Graça Foster, ao Senado amanhã.
É mais uma oportunidade. Esperamos que ela possa prestar esclarecimentos. A CPI, ao contrário do que acha o PT, na verdade, o que eu vejo hoje é um governo federal à beira de um ataque de nervos, quando se fala em CPI da Petrobras. Mas a CPI não tem o poder de, a priori, antecipadamente, julgar e condenar quem quer que seja. Ela é um instrumento, e ela dispõe de instrumentos importantes, para fazer as investigações. E se houver delito, se houver alguém que cometeu ilicitudes à frente da empresa, que seja responsabilizado por isso. Mas não estamos pré-julgando. O que queremos, e veja bem, essa CPI teria grande maioria governista, é que as pessoas possam ir lá e explicar o que efetivamente aconteceu para que a Petrobras, que habitava as páginas econômicas, durante os últimos 40 anos do noticiário brasileiro, agora não saia das páginas policiais.