O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta terça-feira (14/04), sobre a redução do PIB brasileiro. Aécio afirmou que a situação do País é dramática.
Leia a transcrição da entrevista do senador:
Sobre redução em 1% do PIB brasileiro versus crescimento de 4,3% dos emergentes.
Nossa situação é dramática. Pela irresponsabilidade do atual governo, nós temos um cenário único no mundo, que é de crescimento nulo esse ano, inclusive, o crescimento é negativo – e inflação alta. Nós estamos puxando o crescimento da América Latina para baixo. Brasil, Venezuela e Argentina serão, na região, os países que menos vão crescer. Então, no momento em que o mundo acena para um crescimento acima de 3,5%, nós cresceremos, durante o período do segundo mandato da atual presidente, zero. Essa é a média que os analistas fazem. Fruto de quê? De crise internacional que já não existe? Fruto da seca? Não, fruto da irresponsabilidade de um governo, que, mesmo sabendo dos equívocos que havia cometido, não corrigiu os rumos quando precisava corrigi-los. E hoje o custo será pago principalmente pelos brasileiros que menos têm.
Cai por terra essa tese de que o mundo não cresceu e acabou afetando o Brasil?
Essa tese nós já desmoralizávamos durante a campanha eleitoral. Agora fica absolutamente claro que a razão pela qual o Brasil vai crescer menos de 1% esse ano, e talvez 0,5% no ano que vem, é exatamente o desaquecimento da nossa economia, gerado por uma política econômica errática, por uma intervenção absurda no sistema elétrico brasileiro e pela perda de confiança dos agentes públicos. O responsável pela crise pela qual passa o Brasil, a mais grave da nossa região, é o atual governo.
O ministro Levy disse que é preciso mais do que nunca acelerar o ajuste fiscal, a aprovação do ajuste, para tentar superar esse momento de crise. É possível passar esse ajuste fiscal como o governo quer aqui no Congresso?
Esse ajuste é extremamente rudimentar. Esse ajuste apenas se escora em dois pilares: 1- aumento de tributos e 2- supressão de direitos trabalhistas. Quem pagará a conta é quem não deveria pagá-la, porque 85% do custo do ajuste recairão sobre a classe trabalhadora brasileira. E esse governo não tem sequer a responsabilidade, a humildade de dizer: errei, me equivoquei. Não, simplesmente diz que agora precisamos de uma nova política econômica. Precisamos sim, em razão do desastre, da irresponsabilidade que foi a política econômica desses últimos anos, agravada pela utilização sem limite do Estado para um projeto político. Hoje mesmo os jornais mostram que a Controladoria Geral da União (CGU) prevaricou porque recebeu informações que justificariam a abertura de um processo investigativo em relação ao recebimento de propina por parte de uma empresa holandesa que já havia confessado, e resolveu fazer isso depois do processo eleitoral. Jamais antes na história do Brasil nós assistimos à utilização tão irresponsável e sem limites do Estado na busca de um projeto de poder. E a resposta está aí, sendo dada dia a dia pelas ruas do Brasil inteiro.