O senador Aécio Neves falou, em entrevista, nesta sexta-feira (28/02), em Salvador (BA), sobre as eleições deste ano. O presidente nacional do PSDB comentou sobre as alianças regionais e na Bahia e também as pesquisas eleitorais.
Leia a transcrição da entrevista do senador:
Sobre o Carnaval de Salvador
Fico muito feliz de inaugurar o Carnaval de Salvador, no coração do Brasil. É realmente um grande Carnaval que o Brasil tem. Principalmente, nas boas companhias que me convidaram para estar aqui, em especial, o prefeito ACM Neto.
Eu vinha dizendo quando cheguei aqui que a organização, a criatividade do baiano, somado agora com a organização comandada pela prefeitura, traz conforto e segurança para todos os milhares de foliões, não apenas de Salvador, mas que vêm de várias regiões da Bahia e do Brasil. Acho que quem vier à Bahia e a Salvador este ano vai sair daqui muito bem impressionado como estou. Com a organização e mais uma vez com a demonstração de eficiência da prefeitura municipal.
Sobre alianças e a movimentação pré-eleitoral
É natural. Este é o momento das definições. E o movimento das definições traz inquietações normais que depois se acomodarão. O que existe hoje aqui na Bahia, e é muito relevante, é uma ampla aliança. Uma aliança no nosso campo político que ajudou a eleger ACM Neto em Salvador, prefeito hoje de capital mais bem avaliado no Brasil. E o nosso esforço é para que esta aliança permaneça. Porque esta aliança ampla que elegeu o Neto pode dar um novo caminho para a Bahia. Um novo governo. È o que esperamos. E estou muito feliz de poder, em nível nacional, estar percebendo que o Brasil quer também, no plano nacional, um governo que seja como o de Neto na Bahia, eficiente e ético, sério, transparente e com resultados na vida das pessoas. É isso que vamos apresentar também ao Brasil, brevemente. Uma proposta onde a transparência e a ética possam caminha juntas.
Sobre as alianças na Bahia
O PSDB tem uma característica que é respeitar as construções regionais e elas se dão muito em razão da realidade de cada estado. Não há uma imposição por parte do PSDB. O que é prioridade para o PSDB é que estejamos unidos. Que a aliança vitoriosa que trouxe ACM Neto para fazer a bela administração que faz em Salvador, possa ser mantida também na disputa para o governo do Estado porque achamos que essa aliança tem todas as condições de ser vitoriosa. E é um privilégio, dentro desta aliança, você ter um nome como do governador Paulo Souto, um dos homens públicos mais respeitados do Brasil, não apenas no estado da Bahia, e também companheiros da estirpe, do valor do companheiro Geddel. Acho muito bom que tenhamos alternativas, mas esta decisão será tomada pela aliança e, obviamente, o prefeito ACM Neto, ao lado do deputado e meu líder, Imbassahy, e outros companheiros como João Gualberto, estão construindo este caminho. Não há imposição da direção nacional do partido. O que há é um desejo meu pessoal muito grande de estar ao lado nesta campanha, tanto Paulo Souto quanto Geddel.
Quais as falhas das outras eleições. O que não deu certo?
São momentos diferentes. Cada um lutou com as forças que tinha. O que há hoje, talvez claramente diferente das outras eleições, é o sentimento de mudança. Há um sentimento no ar aí de final de ciclo. O PT e a presidente Dilma falharam na condução da economia, ao nos deixar como perversa e maldita herança uma inflação alta, mesmo com preços controlados de combustíveis, de energia e de transporte público e um crescimento extremamente baixo. Vamos crescer apenas mais que a Venezuela mais uma vez. Ano passado, crescemos só mais que a Venezuela na América do Sul. Ano anterior, apenas mais que o Paraguai.
Falharam na condução da economia. Falharam na gestão do Estado. O Brasil é hoje um cemitério de obras inacabadas e superfaturadas por toda parte, e falhou no avanço dos indicadores sociais. Na educação, em qualquer avaliação internacional que se faça, estamos no final da fila. Quando você fala em saúde é uma tragédia hoje para o cidadão brasileiro que o governo federal gasta cerca de 10% a menos no conjunto dos investimentos em saúde do que gastava quando assumiu em 2002. E na segurança pública, esse sim, há uma omissão criminosa do governo central. O Brasil não tem uma política nacional de segurança pública. Os recursos aprovados no Orçamento são contingenciados como se segurança fosse uma questão de menor relevância para a sociedade brasileira.
É isso o que temos que corrigir. Temos que ser mais solidários, mais generosos com a Federação. Os municípios estão em situação de insolvência hoje no Brasil e precisam ser recuperados.
No Nordeste sempre se torna muito forte o PT
As últimas eleições mostraram que as coisas começam a mudar. As oposições, o PSDB e o DEM somados, venceram em grande número de capitais do NE, muito mais do que venceu o PT. Salvador é o melhor exemplo disso. Podemos dizer Aracaju, Maceió, Teresina, indo para o Norte, Belém, Manaus. Foram vitorias das oposições, PSDB ou do Democratas. O que mostra que nessas regiões também há um sentimento de que o Brasil precisa de algo novo. O Brasil não pode se contentar com a mediocridade, como o governo do PT parece querer fazer. Estou muito otimista. Acho que no momento em que nossas propostas forem conhecidas, os nossos nomes forem conhecidos vamos vencer as eleições porque o governo do PT fará uma campanha na defensiva. Eles têm muitas explicações dar ao povo brasileiro.
Sobre pesquisas eleitorais
O que é relevante em pesquisas eleitorais neste momento, com esta antecedência, com um grau tão distinto de conhecimento entre os candidatos, a presidência da República tem 100% de conhecimento, os outros colocados na oposição, aqui mesmo no Nordeste, na Bahia, para citar um exemplo, são nomes muito pouco conhecidos. Mas existe um dado que é extremamente relevante. Cerca de dois terços da população brasileira querem mudanças. Não concordam com isso que está aí. Querem governo que sejam eficientes e éticos ao mesmo tempo. E esta é a proposta que o PSDB, ao lado de nossos aliados, espero em especial o Democratas, apresentar ao Brasil. Uma proposta onde o governo possa ser eficiente, apresente resultados, permita que o Brasil saia desta armadilha que nos colocou, de inflação alta e crescimento baixo, com a perda crescente da credibilidade do Brasil, para um outro momento, onde voltemos a crescer de forma sustentável, gerando empregos cada vez de melhor qualidade, avançando na qualidade da saúde, da segurança pública e da educação. Essa é a nossa responsabilidade, nós da oposição.
O sr. tem o temor de que a aliança na BA se rompa após a definição de Gedel ou de Paulo Souto?
Tenho a convicção que não. Porque temos algo maior a nos mover que é a indignação com muito do que está acontecendo hoje no Brasil. Tenho certeza que essa aliança que foi vitoriosa, e permitiu ao Brasil – peço licença aos baianos para dizer – ter um prefeito de uma capital tão importante como Salvador, da qualidade do Neto, possa ser mantida. A minha expectativa, não é apenas de que manteremos a aliança, é de que manteremos a aliança e venceremos as eleições, tanto para o governo como para o Senado.
A chapa ideal é Paulo Souto na cabeça e o ministro Gedel no Senado?
A chapa ideal é onde ambos estejam juntos trabalhando de forma complementar pela Bahia e pelo Brasil.
Sobre Eduardo Campos
Ambos estamos na oposição. Eu, como presidente do maior partido de oposição no Brasil, tenho que saudar a chegada, na oposição, de lideranças políticas, no caso Eduardo Campos, a própria Marina, que militavam no campo governista na época do governo do presidente Lula. Eram ministros de Estado. Então é muito positivo que estejam no campo oposicionista. E se estão na oposição hoje é porque não concordam com tudo que está acontecendo no Brasil.
Acho natural que em um segundo momento, primeiro é legítimo que essas candidaturas sejam colocadas. O PT foi quem quis, desde o início, ganhar no W.O., impedindo, tentando inviabilizar, tanto a candidatura de Eduardo quanto o partido da Marina, e hoje eles estão no jogo político. Isso é muito bom. E, obviamente, se estão no campo da oposição, há uma proximidade natural entre nós. Mas no primeiro turno é importante que a candidatura de Eduardo se coloque, outras candidatura com a do senador Randolfe, meu colega, se coloque, e outras tantas que têm essa disposição. Mas acredito que as oposições estarão juntas no segundo turno para encerrarmos esse ciclo de governo de PT que tão mal vem fazendo ao Brasil.
Qual o melhor nome: Geddel e Paulo Souto?
Essa decisão não cabe a mim tomar. São ambos homens da maior qualidade, ambos têm todas as condições de conduzir nossa aliança à vitória. O que eu apenas espero, e tenho certeza de isso acontecerá pela responsabilidade que temos para com a Bahia e o Brasil , é que nós estaremos juntos. Mas essa é uma decisão que os baianos saberão tomar muito melhor que eu.