O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta quinta-feira (24/09), em Goiânia. Aécio falou sobre filiação do vice-governador de Goiás, impeachment e sobre crise econômica e política no Brasil.
Leia a transcrição da entrevista do senador:
Sobre filiação do vice-governador de Goiás ao PSDB.
O PSDB vive um extraordinário momento porque cada vez mais a população brasileira percebe que somos a principal alternativa hoje no Brasil para colocar fim a este ciclo perverso do governo do PT, que tantos males vem trazendo aos brasileiros. E o PSDB tem o dever, além de criticar, de denunciar as incorreções e os equívocos deste governo, de apresentar caminhos para o futuro, não apenas de Goiás, mas do Brasil. E em Goiás, por termos aqui uma das principais lideranças políticas do país, que é o governador Marconi Perillo, um dos homens mais importantes nas decisões do PSDB, aqui é muito importante que nos fortalecemos cada vez mais.
A presença do vice-governador e de inúmeras outras lideranças que também têm chegado ao PSDB, prefeitos, vice-prefeitos, vereadores, é a certeza de que, não apenas no estado de Goiás, vamos por muito tempo ainda ajudar no desenvolvimento. A certeza de que vamos nos fortalecer para dentro de algum tempo iniciarmos um novo ciclo no Brasil. Um ciclo virtuoso dessa vez, onde a ética e a eficiência possam caminhar juntas.
Sobre possibilidade do impeachment da presidente da República.
O nosso papel como oposição é o de fiscalizar. Nosso papel é de garantir que as nossas instituições, como por exemplo, o Tribunal de Contas, o Tribunal Superior Eleitoral, o Ministério Público, façam o seu trabalho. Porque a lei no Brasil é para todos. Desde o vereador do menor município de Goiás ou do Brasil têm de cumprir a lei. Assim como tem de cumprir a presidente da República.
Se obviamente constasse amanhã que ela descumpriu a Lei de Responsabilidade ou que eventualmente, como discute e investiga hoje o Tribunal Superior Eleitoral, foi utilizado dinheiro da corrupção da Petrobras para sua eleição, obviamente, ela tem de responder por isso. Não pré-julgamos. Não decidiremos qual será o desfecho para esta gravíssima crise. Caberá ao governo e a presidente da República demonstrar que têm condições de continuar governando o Brasil.
A realidade, e nós a constatamos a cada dia, é uma fragilização crescente do governo. Estamos vendo hoje o dólar já a R$ 4,20, mais de 1,5 milhão de postos de trabalho de carteira assinada fechados apenas este ano. Juros na estratosfera, o que inibe também a própria retomada do crescimento. Inflação tirando da mesa das famílias brasileiras aquele prato de comida que a presidente e a propaganda enganosa do PT diziam que os adversários iriam tirar durante a campanha eleitoral.
Sobre ex-presidente Lula.
Hoje, o presidente Lula deu uma declaração que está estampada nos jornais, uma declaração atribuída a ele de que é preferível perder os ministérios do que perder a Presidência da República, referindo-se à entrega, a esse balcão de negócios à luz do dia que se estabeleceu no Palácio do Planalto. Quero responder ao ex-presidente da República para dizer que muitas vezes é preferível perder a própria presidente da República do que perder a dignidade.
O que o governo se dispõe a fazer neste instante entregando áreas essenciais de governo à vida dos brasileiros, como por exemplo, o Ministério da Saúde e o Ministério da Infraestrutura, para citar os que estão hoje nos jornais, em troca de 20 ou 30 votos no Congresso Nacional é, na verdade, um desrespeito à população brasileira. Fazer a reforma administrativa, enxugar ministérios como propúnhamos durante a campanha eleitoral, deveria ter como lógica, como norte, a melhoria da qualidade do serviço público. Novas metas, gente qualificada, gente preparada para que a saúde melhore, para que a educação melhore, para que a segurança pública melhore.
Enxugar ministérios e fazer trocas com a lógica única e exclusiva de se manter por mais uma semana no governo, a meu ver, é um retrocesso e o Brasil não merece mais viver. Portanto, é preciso que fiquemos muito atentos, porque a fragilidade do governo é tão grande que o plano da presidente Dilma Rousseff para o Brasil é apenas um, se manter no governo pelo menos mais uma semana. E assim sucessivamente.
O sr. defende a realização de novas eleições caso a presidente sofra impeachment?
O calendário eleitoral está previsto para termos eleições de governador, de presidente da República em 2018. Se hoje há dúvidas – e essa dúvida não é das oposições, está hoje na mente de milhões e milhões de brasileiros – sobre a sua capacidade de continuar no governo, é em razão da sua fragilização, de terem vendido a alma para vencer as eleições, de ter mentido de forma reiterada durante a campanha eleitoral, de ter deixado de tomar medidas – e alertávamos para a necessidade dessas medidas – que teriam minimizado os efeitos da crise para os trabalhadores, para as famílias brasileiras, com menos desemprego, portanto, com mais atividade econômica. O governo não. Mesmo consciente da gravidade da crise optou por retardar as medidas, por maquiá-las, portanto, optou por dizer aos brasileiros, vender aos brasileiros um Brasil cor de rosa que já não existia.
Hoje, sem qualquer constrangimento, sem fazer a menor mea culpa, a presidente transfere a responsabilidade pelos seus equívocos e as irresponsabilidades do seu governo para os cidadãos brasileiros através de aumento de carga tributária e de supressão de direitos trabalhistas.
O desfecho dessa crise será dado sempre dentro do que prevê a Constituição. Mas repito como presidente do PSDB, a lei é para ser cumprida por todos. Não podemos garantir um salvo conduto para a presidente da República. Senão vamos dizer o seguinte: daqui para frente a presidente não precisa cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal, pode utilizar dinheiro de propina para vencer as eleições, pode submeter as empresas estatais ao seu projeto de político de poder. Não, isso não podemos permitir que ocorra.
Portanto, vamos garantir que nossas instituições funcionem. Não vamos pré-julgar e, obviamente, qualquer que seja a decisão da Justiça e, obviamente, em última instância, do Congresso Nacional, ela terá que ser cumprida.