Em entrevista coletiva, realizada, hoje (21/09), em Maceió (AL), o senador Aécio Neves falou sobre o encontro regional do partido na região Nordeste, o cenário político brasileiro e sobre alguns projetos do PSDB no Brasil.
Sobre o Encontro Regional PSDB Nordeste
Estamos iniciando uma caminhada pelo Brasil iniciando pela porta da frente. Estou aqui hoje como presidente nacional do PSDB, ao lado do governador Teotônio Vilela, ao lado do prefeito Rui Palmeira e dos nossos companheiros de todo o Nordeste. O PSDB vai construir um projeto alternativo de Brasil, começando por aqui, porque o Nordeste cansou de medidas paliativas. É exatamente em conversa com as nossas lideranças, em conversas com a sociedade organizada de toda a região que vamos construir uma agenda estruturante para a região Nordeste.
E é a partir daqui vamos visitar outras regiões do Brasil, porque é obrigação do PSDB, não é opção, é obrigação, ter um projeto novo de Brasil. Um projeto que passe ela refundação da federação, com o resgate dos municípios e dos estados, que passa por uma generosidade maior do governo federal, no financiamento da saúde, no financiamento da segurança – porque a omissão do governo vem sendo crescente em ambas as áreas –, passa por um governo eficiente na busca dos investimentos para a região.
O Brasil virou hoje um grande canteiro de obras inacabadas e não se justifica essas obras com sobrepreços e sem que sejam concluídas. O PSDB tem a obrigação de restabelecer a credibilidade do Brasil, conduzir a economia com segurança, para que os pilares fundamentais construídos no governo do presidente Fernando Henrique, como a estabilidade econômica, não sejam colocados em risco. Inicio com muita alegria esta caminhada pelo Nordeste e homenageando o único estado do Nordeste governado pelo PSDB.
Sobre a saída do PSB da base do governo e alianças futuras
Sempre tive uma relação pessoal muito próxima com o governador de Pernambuco e o PSDB sempre teve uma relação política com o PSB em vários estados do Brasil, a começar pelo meu próprio Estado. E o Eduardo é conhecido como homem de “tirocínio”, um homem público que enxerga lá adiante, e não tenho dúvida que esse desembarque, ele ocorreu, ele está ocorrendo em razão da percepção que nós já temos há muito tempo, e ele passa a ter de forma clara agora, de que esse ciclo de governo do PT está se encerrando. Hoje, mais de 60% da população não quer mais 4 anos de PT, cabe a nós construirmos uma alternativa nova. Eu saúdo e dou as boas vindas ao companheiro Eduardo Campos, agora como um provável candidato à Presidência da República. É bom para o processo político, é bom para a democracia.
Sobre os programas de transferência de renda no Nordeste
As medidas de transferência de renda, que foram iniciadas pelo PSDB lá atrás, inclusive aqui em Alagoas, com o lançamento do Bolsa Alimentação, em 2001, aqui iniciou-se o processo que culminou com o Bolsa Família, então ele está no DNA do PSDB.
A única – e as pessoas tem um pouco de receio de tocar nesse ponto –, vou dizer para vocês de forma muito clara, a grande diferença entre o PSDB e o PT em relação aos programas de transferência de renda é que, para nós, o Bolsa Família é o ponto de partida, extremamente necessário. Para o PT é o ponto de chegada. Queremos muito mais do que isso.
Queremos medidas estruturantes, os grades eixos de desenvolvimento dessa região, está aí a, Fiol – Ferrovia de integração Oeste Leste, sem um palmo de trilho colocado, a Transnordestina, programada para já estar pronta há dois anos, dos 1.700 quilômetros não tem 300 quilômetros prontos. A Transposição do São Francisco, estive há duas semanas atrás com o governador Tasso Jereissati (CE) em Mauriti visitando trecho de obra, é de doer o coração. Obras há três anos abandonadas, com o dinheiro público, lá, jogado e largado. Isso não é normal. Obras orçadas por x já custando hoje duas ou três vezes aquele orçamento inicial e não concluídas. Isso é desperdício, o maior desperdício de dinheiro público que se pode ter.
O PSDB onde governa e aqui em Alagoas e Maceió são exemplos claros disso governa com planejamento, responsabilidade. Ninguém vai me convencer que é normal, por exemplo, uma obra como a Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, ser orçada em R$ 4 bilhões, já ter gasto R$ 4 bilhões e não estar pronta. Isso não é normal. Isso é assalto aos cofres públicos. O Brasil precisa de governo eficiente para que não percamos definitivamente a nossa credibilidade. Hoje, a credibilidade do Brasil junto a agentes financeiros, junto a investidores, está fortemente abalada.
Então acho que é hora para o bem do Brasil de uma mudança de ciclo e o PSDB iniciará essa discussão aqui pelo Nordeste. Até porque, a meu ver, o último grande presidente que tratou de medidas estruturantes para o Nordeste para muito orgulho meu foi um conterrâneo, um mineiro chamado Juscelino Kubitscheck, quando criou a Sudene.
O governador de São Paulo foi o único no programa do PSDB. Foi uma homenagem?
O programa é muito curto. Foi um exemplo das muitas experiências do PSDB que poderíamos mostrar. Optamos por mostrar aquela em homenagem ao governador Alckmin, como poderíamos estar fazendo aqui. Estamos aqui hoje em homenagem ao governador Teotônio. Teremos oportunidade de homenagear todos os bons gestores do PSDB.
O que significa ser presidente do PSDB?
É uma honra presidir o maior partido de oposição hoje. E temos uma responsabilidade enorme com o Brasil. Queremos que o Brasil dê um salto de qualidade. Não podemos aceitar que o Brasil cresça na América do Sul apenas mais que a Venezuela, como vai ocorrer esse ano. Ano passado, crescemos mais apenas que o Paraguai. Não é justo com os brasileiros. Nenhuma propaganda, por mais maciça que seja, por mais bilionária que seja, como a propaganda oficial, vai mascarar a nossa realidade.
Os jovens dessa região precisam ter oportunidades, precisam ser qualificados para entrar no mercado de trabalho de forma competitiva. Não é justo que o governo federal arque com 13% apenas de tudo que se gasta em segurança pública e os estados e municípios com 87%. Não é justo que o governador Teotônio tenha que assinar um cheque de R$ 50 milhões todo mês e repassar à União, porque a União não quer renegociar a dívida dos estados. Esse dinheiro tinha que ficar aqui para investimentos em saúde, saneamento, educação, em qualificação dos jovens. O governo do PT, a grande verdade é essa, vem fazendo muito mal ao país.