O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta sexta-feira (02/05), em Comandatuba (BA), onde participou do Fórum de Empresários (Lide). Aécio Neves falou sobre o encontro com empresários e lideranças políticas de várias legendas, além de eleições 2014, reforma tributária, Bolsa Família, entre outros assuntos.
Leia a transcrição da entrevista do senador:
Sobre encontro de pré-candidatos e empresários.
Tivemos uma oportunidade de iniciar um debate que a sociedade brasileira quer ouvir. É muito importante que as pessoas que se dispõem governador o Brasil se disponham também a discutir cada um dos temas, apresentando suas propostas, ouvindo o contraditório. Foi isso que fizemos aqui hoje e percebi que em vários temas, como aqueles que ouviram também perceberam certamente, há muito mais convergência do que divergência. É claro que temos visões distintas sobre determinados aspectos, mas no conjunto, quando falamos de uma nova governança política no Brasil, onde não sejamos reféns dessa armadilha que hoje mercantilizou as relações políticas e uma gestão eficiente, uma visão mais moderna em relação ao mundo, meritocracia no lugar do aparelhamento, tudo isso acho que nos aproxima.
Fiquei muito feliz de ter podido estar aqui. Lamento que a presidente da República não tenha podido estar conosco nesse debate. Espero que ela possa estar nos outros, e eu estarei à disposição, obviamente em função da minha agenda, mas sempre à disposição para debates de alto nível a favor do Brasil.
Discutimos várias questões em relação à questão tributária e o caminho pela simplificação do sistema que é possível ocorrer no início de um governo, quanto mais rápido melhor. São várias sugestões que estão já sendo debatidas em vários fóruns, inclusive nesse, e que estão nos sendo apresentadas. Vamos debatê-las internamente e apresentar um projeto ao Congresso Nacional no primeiro semestre do ano que vem, já negociado para aprovação. Não adianta você apresentar um projeto sem que haja negociação para que ele possa, efetivamente, ser aprovado. Mas a questão tributária vai estar no cerne, vai estar no núcleo, no âmago da proposta que vamos apresentar ao Brasil. Porque ela aumenta a nossa competitividade e permite que as pessoas possam consumir mais.
O PT faz um encontro hoje a noite para discutir um documento em que são feitas acusações contra o sr. e Eduardo Campos de arregimentar interesses privativistas, ideológicos.
Meu Deus. Que coisa mais antiga, não é? Realmente eles estão à beira de um ataque de nervos. Não sei nem exatamente o que eles querem dizer com isso, mas acho que a presidente da República tem que vir debater conosco. Inclusive, essa posição pouco incompreensível para mim. Acho que o que falta é debate. Temos um governo hoje de costas para a sociedade. Estamos tendo uma candidata à Presidência da República, o que é algo inédito na história do Brasil, que não pode aparecer em público a não ser em ambientes muito bem protegidos. Isso não é bom para o debate democrático. Espero que eu tenha oportunidade de, respeitosamente, debater com a presidente sobre gestão pública, esse arcaico e danoso alinhamento ideológico que nos tem levado a lugar algum, debater privatizações e as concessões que viveram sendo feitas, a meu ver, de forma envergonhada, até aqui, pelo atual governo, debater políticas sociais, resultados de gestão na saúde e na segurança. Temos uma imensidão de temas a serem debatidos. Espero que em uma próxima oportunidade a presidente possa estar presente.
E sobre a possibilidade do Lula sair candidato?
Essa é uma questão para afligir nossos adversários, o PT. O que vejo é que há um boicote, dentro da própria base de sustentação, à presidente da República. Eu disse recentemente em Ribeirão Preto que, na nossa recente tradição de reeleição, mas não é diferente em outras partes do mundo, só existem dois motivos que levam alguém no cargo, com possibilidade de disputar a reeleição, a não disputar: morte ou fracasso.
O sr. defende a autonomia do Banco Central?
Estamos avançando para apresentar um projeto de lei que vai na direção de garantir essa autonomia. Vamos definir de que forma isso acontecerá.
Como será feita a reforma tributária? O sr. fala em seis meses.
Vamos apresentar uma proposta de simplificação do sistema tributário focado nesse emaranhando de impostos indiretos que existem hoje, que oneram o empregado e que oneram também o consumidor. Essa é a primeira etapa para que possamos abrir um espaço fiscal. Isso passa também por uma administração mais rigorosa dos gastos do governo para que possa ser aberto o espaço fiscal para termos, paulatinamente, uma diminuição horizontal dos tributos. O Brasil não pode sequer pensar em aumento de tributos, tem que pensar objetivamente, a médio prazo, na redução da carga. Falar redução carga imediatamente após o governo, não é falar do que é possível fazer, porque não é possível. Mas a simplificação abrirá caminho, abrirá espaço para médio prazo haver uma redução. Falo isso como tendo feito em Minas Gerais, nós reduzimos lá em mais de 200 produtos, sem efeitos na arrecadação. Tem de ter coragem e ousadia. E, nós vamos ter.
O namoro com Eduardo Campos e Marina Silva será mantido até o final?
Eu sou gentil com todos os meus interlocutores, eu acredito realmente que vamos encontrando afinidades ao longo da caminhada, obviamente disputamos em campos opostos e diferentes. Mas isso é absolutamente natural. O nós temos de efetivamente de fazer é manter o debate em alto nível. O debate não pode ser que o adversário é inimigo a ser abatido a qualquer custo, com mentiras, ataques e acusações. Não. E que o aliado só tem virtudes. Nós temos de ter um debate que pense o Brasil, no campo tributário, na gestão pública, na melhoria da qualidade da saúde, da educação e da segurança pública. É um debate que só se iniciou. No que depender de mim será tratado em altíssimo nível.
É possível reduzir a inflação para 3.5% em três anos?
No nosso governo, a inflação será buscada no centro da meta e, obviamente, para a partir daí há espaço para sua redução. Mas o objetivo atual é buscar tirar o foco do lado de cima, da banda de cima, da meta. Nós fizemos isso lá atrás, acabamos com a inflação, há 15 anos, mas infelizmente essa é uma agenda que o PT nos traz novamente.
Sobre índices de violência em Alagoas.
Ainda estamos tendo hoje poucos recursos para segurança pública. Os resultados serão sempre tímidos. Infelizmente é isso que acontece no Brasil na segurança pública. O que há hoje é uma omissão do governo federal. É uma omissão criminosa, que está de costas para esses problemas e transfere as responsabilidades para os estados e municípios. Segurança pública é responsabilidade de todos. Queremos que o Brasil tenha uma política nacional de segurança pública com recursos orçamentários garantidos, transferidos por duodécimos, queremos fazer uma intervenção forte no Código Penal e de Processo Penal. Nada disso é fácil. Mas com coragem e determinação, acho que será possível.
Críticas ao Bolsa Família.
A presidente da República anunciou em cadeia de rádio e televisão que com o reajuste de 10% mínimo colocaria todas as famílias, no nível mínimo estabelecido pela ONU, de US$ 1,25 por dia, mas não chega a esse valor, que seria de R$ 77. Precisaria ser R$ 83. Não estou no governo, não estou administrando o caixa do governo. Eu sou é contra mentiras.