Aécio Neves – Entrevista após reunião da Bancada Federal

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta terça-feira (26/04), em Brasília, após reunião da Bancada Federal. Aécio falou sobre as últimas declarações da presidente Dilma, impeachment, governo Temer e agenda do PSDB.

Leia a transcrição da entrevista do senador:

Sobre declarações da presidente Dilma em Salvador.

É um discurso recorrente e que já não encontra eco na sociedade brasileira. O Brasil se prepara sim para a alternância do poder com base naquilo que determina a Constituição. Cumpriu-se a Constituição na Câmara Federal, cumprirá a Constituição tramitação também no Senado. Sem açodamento, garantindo o amplo direito de defesa à presidente da República.


Sobre apoio a novo governo.

Nós, do PSDB, temos nos reunido ao longo desses dias intensamente. Reunimos agora a bancada federal do partido. Há uma disposição clara do PSDB de contribuir com o Brasil para a superação dessa gravíssima crise na qual o governo do PT e a presidente Dilma, em especial, nos mergulhou. O PSDB apresentará, no início da próxima, semana, uma agenda emergencial ao país, portanto um conjunto de princípios e propostas que, acredito, possam ser emergencialmente apoiadas pelo eventual futuro governo. Elas, a nosso ver, são vitais para a retomada do crescimento do país e do emprego, que é a nossa preocupação maior – essa é a maior das contribuições que o PSDB dará –, um apoio congressual efetivo e solidário ao enfrentamento da crise extremamente grave. Portanto, há convergência, há unidade e há responsabilidade na ação do PSDB. Aliás, isso acontece desde a campanha eleitoral, quando fomos nós que denunciamos todas essas ilegalidades e irregularidades que trouxeram o Brasil, infelizmente, até esse quadro dramático.


Qual posição da bancada da Câmara em relação a cargos em um eventual governo Temer?

O PSDB não postula cargos. Quem tem a responsabilidade de compor o governo será o eventual futuro presidente. Essa questão não foi colocada ao PSDB. O nosso apoio independe de qualquer tipo de troca, de qualquer tipo de participação em governo. Vamos ajudar o Brasil com a qualidade do nosso apoio no Congresso, com uma agenda que já estamos ultimando e que será anunciada ao Brasil no início da próxima semana. Isso é que, para nós, é essencial. Se amanhã, o vice-presidente Michel optar por considerar o nome de membros do PSDB, obviamente ele deverá fazer isso conversando com a direção do partido, cuja tendência é não se opor a isso. Mas essa não é uma questão para nós, condicionante para qualquer tipo de apoio do PSDB. O que queremos é que ele assuma compromissos com essas reformas, monte um governo de alta qualidade, e estimulamos que isso seja feito.

Por isso, seria incoerente que o PSDB, ao mesmo tempo em que propõe um governo de altíssima qualidade, submeter o governo, a partir de indicações, à lógica da distribuição de nacos de poder para os partidos políticos. O consenso, a convergência do PSDB, é em torno de uma agenda salvacionista, uma agenda de salvação nacional que permita a reanimação da economia e a recuperação principalmente do emprego no Brasil.


O impeachment chegou em um ponto irreversível?

Acredito que sim porque, até agora, e vocês têm acompanhado as discussões dos últimos dias, o PT abdicou de defender a presidente da República na essência das acusações que lhe são feitas, e prefere, como ela própria tem demonstrado, a guerrilha política, o confronto com eventuais golpistas. Seria o único caso na história da humanidade em que um golpe de Estado é patrocinado pelo Supremo Tribunal Federal, que determinou o rito de tramitação do processo na Casa, e que tem a participação do partido da presidente, cuja eventualidade de cassação é cada vez mais iminente, já que eles participam das comissões, participam de todas as discussões.

O Brasil felizmente segue a Constituição, e nós esperamos que o eventual futuro governo de Michel Temer seja uma lufada de brisa fresca a reanimar a economia, a reanimar almas e corações de brasileiros que estão desalentados, desesperançosos por tudo que o governo do PT desconstruiu no Brasil ao longo dos últimos anos.


Quais são os pontos da agenda que será lançada semana que vem?

Vamos anunciar os pontos a partir do início da semana que vem, em uma reunião da Executiva Nacional programada para terça-feira. Nós falaremos de pontos na área econômica, compromissos na área social e também compromissos com a redução e a qualificação do Estado, além, obviamente, daquele que será o primeiro ponto na nossa agenda: apoio integral à continuidade das investigações da Operação Lava Jato e fortalecimento de todos os órgãos de controle do país, sejam eles internos do governo, sejam eles externos como o Ministério Público, como o Poder Judiciário.


O senador Serra tem o aval do partido para participar do governo?

O ex-governador, ex-ministro e senador Serra é um dos quadros políticos mais qualificados no país, mas como disse agora, o PSDB não está indicando nomes para o governo Michel. Caberá ao presidente Michel, se considerar quadros do PSDB, obviamente, procurar a direção do partido para essa discussão. Repito: a tendência do partido não é criar qualquer dificuldade ao eventual futuro presidente Michel Temer. Mas a questão central, a questão que nos une hoje é apresentarmos um compromisso, uma proposta de compromissos.


Sobre o quê definirá a reunião do dia 3?

No dia 3 a questão central para nós é a questão programática, vamos anunciar cerca de 12 a 15 compromissos que para nós são emergenciais e necessários. Esses compromissos serão com a sociedade brasileira e, obviamente, serão encaminhados também ao vice-presidente Michel Temer, mas são compromissos com o país, é uma alerta para a gravidade da crise e para as medidas que deverão ser tomadas com o nosso apoio no Congresso Nacional.

Não trataremos nessa reunião de cargos por uma razão simples: nosso apoio não está condicionado à nomeação de quem quer que seja e a única pessoa que tem autoridade para colocar esse assunto na mesa é o eventual futuro presidente. Quando ele colocar, nós vamos debater essa questão, que não é, para nós, prioritária. Ao contrário, é absolutamente secundária.

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