Carta à OMS formaliza intercâmbio de equipes para produzir vacina no Brasil

Como consequência da recente reunião entre o diretor geral da OMS, Tedros Adhanom, e os presidentes das Comissões de Relações Exteriores da Câmara, deputado Aécio Neves, e do Senado, senadora Katia Abreu, o Instituto Butantan já encaminhou os nomes dos cientistas da instituição que serão os interlocutores junto ao órgão internacional no esforço por acelerar os trabalhos de produção de vacinas no Brasil.

No último dia primeiro, os dois parlamentares pediram à OMS envio de missões técnicas ao país para apoio ao desenvolvimento da produção autônoma de imunizantes.

Na carta enviada nessa terça-feira (13/04), a disposição do instituto foi comunicada ao diretor geral da OMS em ofício assinado pelo deputado Aécio Neves e pela senadora Katia Abreu, com a indicação do Diretor de Estratégia Institucional da Fundação Butantan, Dr. Raul Machado Neto, e a Especialista de Estratégias Institucionais, Dra. Débora Botéquio Moretti.

O Butantan, através de seu diretor Dimas Covas, demonstrou grande interesse em receber os especialistas da OMS, considerando esse intercâmbio fundamental para que o instituto possa produzir no Brasil vacinas, sem a necessidade de importação do IFA, hoje um dos entraves para  aumento de escala da produção nacional.

Foto: Reuters/Amanda Perobelli

 

Leia aqui a Carta à OMS

Aécio defende licença compulsória de vacinas e insumos contra COVID-19

O licenciamento compulsório para produção de vacinas, insumos e medicamentos contra a COVID-19, com a flexibilização temporária das patentes durante o enfrentamento da pandemia, foi a proposta apresentada hoje (08/04) pelo deputado Aécio Neves na abertura da reunião da Comissão Geral da Câmara dos Deputados destinada a debater a quebra das patentes dos imunizantes de combate à COVID.

Aécio é autor do Projeto de Lei 1247/2021 que prevê o licenciamento em caráter provisório dos direitos de propriedade enquanto perdurar o estado de emergência e presidiu a reunião da comissão geral realizada durante toda a manhã dessa quinta-feira. O debate reuniu parlamentares, médicos, especialistas e representantes de laboratórios e entidades, como a Organização Pan-americana de Saúde (OPAS), Organização Mundial da Saúde (OMS), Médicos sem Fronteiras e Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI).

Aécio Neves destacou a extrema gravidade da pandemia no Brasil e no mundo e destacou que a ampliação na produção e oferta de vacinas em todos os países é uma emergência humanitária.

“O avanço da Covid-19 é a maior tragédia sanitária do século, incomparável do ponto de vista de outras ocorrências no campo da saúde pública. Já são 2,8 milhões mortos no mundo. O Brasil é hoje o epicentro da pandemia no planeta, com um saldo inimaginável de um terço das mortes diárias. O combate ao vírus precisa ser feito em várias frentes hoje exaustivamente conhecidas, mas o único remédio realmente eficaz é a vacinação em massa da população”, afirmou o deputado.

Ele acrescentou sobre as novas variantes em circulação.

“Como se sabe, mundialmente, já foram detectadas quase mil variantes do novo coronavírus – uma média de 60 a 100 circulam no Brasil. No epicentro mundial da pandemia, acabamos nos transformando também em um verdadeiro caldeirão de mutações, nos alertam os principais infectologistas do país e de fora do país. Há, portanto, uma situação de emergência geral, de caráter internacional, para as novas variantes e cepas originárias no Brasil e em outros países – mais contagiosas, mais graves e muito mais letais”, disse.

Aécio destacou que o licenciamento compulsório encontra seus fundamentos na Constituição Federal de 1988, na qual as patentes são consideradas direitos de propriedade, mas com validade condicionada e limitada pela sua função social. São, portanto, válidas enquanto social, econômica e tecnologicamente úteis para o país.

“Flexibilizar temporariamente suas normas é a maneira de manter tal contribuição no cenário atual e atender à função social da inovação”, afirmou o deputado, que como presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados tem debatido a flexibilização das patentes.

Aécio já se reuniu com o diretor-geral da OMS, Tedros Adanhom, e com os ministros das Relações Exteriores, Carlos França, e da Saúde, Marcelo Queiroga.

“O Brasil já foi líder mundial nas iniciativas de conciliar os compromissos de respeito à propriedade intelectual com as obrigações de zelar pela saúde pública de sua população. Quanto mais demoramos para vacinar a população mundial, maiores as chances de desenvolvimento de cepas do vírus resistentes às vacinas”, alertou o deputado.

A reunião da Comissão Geral foi sugerida pela deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) e por representantes de sete partidos.

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Fotos: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

Segue a íntegra do pronunciamento do deputado Aécio Neves, como presidente da Comissão Geral (virtual) para debate de patentes.

O avanço da Covid-19 é, sem dúvida alguma, a maior tragédia sanitária do século, incomparável do ponto de vista de outras ocorrências no campo da saúde pública.

Já são 2 milhões e 800 mil mortos no mundo. Mais de 550 mil nos Estados Unidos, 341 mil no Brasil, 166 mil na Índia.

O Brasil é hoje o epicentro da pandemia no planeta, com um saldo inimaginável de um terço das mortes diárias por Covid-19 no planeta vem acontecendo no Brasil, mesmo o Brasil possuindo apenas 3% da população mundial.

Houve mais mortos no Brasil no mês passado, março, do que na pandemia inteira em 109 países, que, juntos, somam 1,6 bilhão de habitantes.

Como se sabe, o combate ao vírus precisa ser feito em várias frentes hoje exaustivamente conhecidas, mas o único remédio realmente eficaz é a vacinação em massa da população.

O agravante, no nosso caso, são as novas variantes que se apresentam.

Como se sabe, mundialmente, já foram detectadas quase mil variantes do novo coronavírus – uma média de 60 a 100 circulam no Brasil. No epicentro mundial da pandemia, acabamos nos transformando também em um verdadeiro caldeirão de mutações, nos alertam os principais infectologistas do país e de fora do país.

Há, portanto, uma situação de emergência geral, de caráter internacional, para as novas variantes e cepas originárias no Brasil e em outros países – mais contagiosas, mais graves e muito mais letais.

Pelo menos três delas originárias no Brasil vem chamando a atenção do mundo: a P1 (de Manaus), a P2 (do Rio de Janeiro) e agora a N9.

A primeira já é internacionalmente classificada como uma “variante de preocupação” (ou Variant of Concern -VOC, na sigla em inglês). Isso porque as pesquisas indicam que é altamente transmissível e poderia deflagrar casos muito mais graves. As outras duas linhagens brasileiras estão classificadas no patamar de “variante de interesse”, porque são potencialmente perigosas, mas ainda falta comprovação científica.

Ontem mesmo, uma nova e potencialmente perigosa variante do coronavírus foi detectada na minha cidade natal, Belo Horizonte, por cientistas da UFMG, aqui vale um parêntese, que tem se dedicado com extrema competência, não apenas a detectar novas variantes, mas a buscar também novas vacinas. Portanto, é um trabalho que merece o reconhecimento de todos nós.

Essa nova cepa tem uma combinação de 18 mutações nunca anteriormente descritas no Sars-CoV-2. Entre essas mutações estão algumas compartilhadas com as variantes brasileiras P1 (originada em Manaus) e P2 (Rio de Janeiro), com a sul-africana B.1.1.351 e com a britânica B.1.1.7. — todas associadas a uma maior transmissão.

Essas variantes representam, na prática, um risco efetivo de novos ciclos de contágio no mundo e até de comprometimento das populações já vacinadas contra as cepas originais.
Faço essas primeiras considerações para alertar que além de agirmos para controlar a propagação do vírus entre nós, que avança de forma alarmante, temos o dever de nos preparar para novos desafios que poderão surgir à frente.

E o Congresso Nacional tem o dever de agir para enfrentar não apenas o colapso da saúde; mas também o colapso funerário; o destroçamento da economia brasileira; o desemprego em escala vertiginosa e a volta da fome entre os mais pobres. Tempos muitos duros nos aguardam pela frente.

Portanto, precisamos agir. Propor. Ousar. Ir além das críticas já exaustivamente feitas, para uma solução inteligente e articulada, construindo uma grande convergência de propósitos no país.

Só para registrar: as Nações ricas e de renda média alta, com 1/5 da população mundial, já adquiriram, por contrato, 6 bilhões de doses de vacinas. Três em cada quatro doses de vacinas aplicadas hoje são produzidas nos países desenvolvidos.

Países em desenvolvimento só conseguiram adquirir 2,6 bilhões de doses, das quais, 1,1 bilhão por meio do consórcio COVAX da OMS. Se a proporção de distribuição de vacinas e o ritmo de imunização da população se mantiverem nos níveis atuais, especialistas estimam que a vacinação de 70% da população em países mais pobres pode levar muito mais que dois anos, em alguns casos, até uma década.

Como presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, estive semana passada em reunião virtual com o embaixador da China e, juntamente com a senadora Kátia Abreu, presidente da mesma comissão no Senado, de reunião com o diretor geral da OMS, doutor Tedros Adhanom.

Fizemos nesse encontro a proposta objetiva de mudança nos critérios de distribuição da vacina do Consórcio COVAX Facility, que passaria a levar em consideração não apenas a questão populacional, mas o agravamento da pandemia e a velocidade de expansão do vírus. Tivemos também, por parte do dr. Tedros, o compromisso de enviar ao Brasil duas equipes da OMS para contribuir com os técnicos brasileiros para o avanço da fabricação de vacinas em território nacional. E esse, acredito, deva ser o ponto central da discussão que vamos iniciar hoje.

Um último tema desse encontro foi exatamente a questão que nos traz aqui hoje. O dr. Tedros Adhanom, como outros especialistas no mundo inteiro, é um entusiasta da possibilidade de flexibilização temporária de patentes das vacinas contra a Covid 19 como forma de se acelerar a imunização, não apenas no Brasil, mas em todo o mundo.

O Brasil já foi líder mundial nas iniciativas de conciliar os compromissos de respeito à propriedade intelectual com as obrigações de zelar pela saúde pública da população. Em 2000, a diplomacia brasileira logrou convencer os EUA a retirarem o questionamento que haviam levado à OMC contra artigos da lei brasileira de Propriedade Intelectual que permitem a licença compulsória de medicamentos.

No ano seguinte, lideramos, ao lado da Índia e da África do Sul, o movimento que culminou com a Declaração de Doha sobre Saúde Pública e o Acordo TRIPS, que propiciou a adoção do artigo 31bis e permitiu a produção e exportação de medicamentos produzidos sob licença compulsória, em casos de ameaças à saúde pública. O Brasil é igualmente reconhecido pela ONU, OMC, OMS como exemplo no uso responsável das flexibilidades do acordo TRIPS como no caso do combate ao vírus HIV.

A escala mundial da pandemia de COVID-19, no entanto, supera em larga medida as flexibilidades hoje existentes no Acordo TRIPS. Estamos numa corrida contra o tempo: quanto mais demorarmos para vacinar a população mundial, maiores as chances de desenvolvimento de cepas do vírus mais resistentes que as atuais.

O Vírus não respeita fronteiras. Não adianta anunciar o início da vacinação de adultos acima de 16 anos, como pôde fazer o presidente Joe Biden, enquanto profissionais de saúde na linha de frente da pandemia em países na África, por exemplo, ainda não foram sequer foram vacinados. Como bem lembra a OMS, só vamos vencer essa pandemia juntos. De forma solidaria. E essa mesma solidariedade que cobramos em relação ao Brasil, devemos praticar em relação a regiões mais pobres do mundo. Seja por questões humanitárias o que já seria suficiente ou mesmo por questão pragmática, pois enquanto o vírus não estiver controlado em todas as regiões do mundo ninguém estará seguro.

A proposta da Índia e da África do Sul apresentada na OMC defende uma moratória temporária nos direitos de propriedade intelectual para equipamentos e medicamentos, inclusive vacinas, relacionados ao combate à COVID-19. Mais de 100 países apoiam essa medida na OMC. O Diretor Geral da OMS é um deles, a agência da ONU para AIDS (UNAIDS), e diversas organizações não governamentais, como o Médicos Sem Fronteiras e a Anistia Internacional também têm defendido a medida. Os países que se opõem abertamente, além do Brasil, pelo menos até aqui, são os EUA, União Europeia, Suíça, Reino Unido, Noruega e Japão.

A proposta não obriga os países a implementarem, em seus regimes nacionais, a suspensão de direitos de propriedade intelectual. Cada país terá discricionariedade para adotar ou não a moratória. O que a medida proporciona é um respaldo, ao abrigo da OMC, para aqueles que decidam fazer uso do instrumento para combater a pandemia.

Diferentemente das flexibilidades existentes no Acordo TRIPS, que requerem um procedimento específico para cada licença compulsória implementada, por produto, a moratória trará agilidade para que fabricantes nacionais em diferentes partes do mundo possam atuar na produção de medicamentos e equipamentos para enfrentar a COVID-19.

Trata-se de uma medida temporária que visa a facilitar e agilizar o licenciamento compulsório e permitir o aumento da oferta de produtos para enfrentar a pandemia.

No Brasil, o licenciamento compulsório encontra seus fundamentos na Constituição Federal de 1988 – da qual tive a honra de participar -, na qual as patentes são consideradas direitos de propriedade, mas sua validade é condicionada e limitada pela sua função social (Artigo 5º., incisos XXIII e XXIV). São, portanto, válidas enquanto social, econômica e tecnologicamente úteis para o país. Sua previsão específica se encontra amparada na lei de Propriedade Industrial.

O sistema de proteção aos direitos de propriedade industrial foi pensado para contribuir com o desenvolvimento dos países, por meio do incentivo ao investimento em novas tecnologias. Portanto, flexibilizar temporariamente suas normas é a maneira de manter tal contribuição no cenário atual e atender à função social da inovação.

Resistências é claro ocorrerão, é certo, aliás já vem ocorrendo de forma bastante organizada, mas não há nada mais urgente hoje do que o combate à pandemia. O Brasil poderá, se assim decidir, utilizar a licença compulsória para garantir que as vacinas sejam aplicadas rapidamente em toda a população.

Apresentei recentemente um projeto de lei nesse sentido, propondo licença compulsória de imunizantes, medicamentos, produtos médicos, ingredientes farmacêuticos ativos (IFA) e outros insumos, bem como de qualquer tecnologia, que possam ser utilizados no combate a agentes causadores de surtos durante períodos de estado de emergência em saúde.

O Projeto de Lei 1247/2021 prevê a licença de uso em caráter provisório enquanto perdurar o estado de emergência. Todo fabricante com capacidade técnica poderá produzir vacinas em território nacional, desde que cumpridas as exigências sanitárias estabelecidas.

Temos capacidade industrial pública e privada que pode ser adaptada para ampliar essa produção. No setor público cito aqui a Fiocruz, o Butantan, cito a Funed, em meu estado, Minas Gerais, como exemplo de unidades de excelência. Outras unidades públicas podem se incorporar a este esforço além, claro, o parque industrial privado. Não se trata apenas de disponibilizar as fórmulas das vacinas, mas assegurar que as empresas públicas e privadas no Brasil adquiram a tecnologia e os insumos para produzi-las.

Para tanto, no lugar de “quebrar” patentes, a proposta que trago para o debate é a de flexibilizar temporariamente as patentes, com transferência de tecnologia, mediante, inclusive, pagamento de royalties por doses aplicadas.

A nossa tese é intermediária e implicaria em posicionamento menos radical – no lugar da quebra de patentes, a sua flexibilização temporária.

Conversei nos últimos dias com os novos ministros da Saúde e Relações Exteriores e acredito que após as mudanças ocorridas em ambos os ministérios podemos ter um novo espaço para avançarmos nesta proposta ou em qualquer outra que venha na mesma direção e nos permita alcançar os mesmos objetivos.

Esse tema não comporta qualquer ação de viés político. Não se trata de ser contra ou a favor de quem quer que seja, mas de salvar o país. Poucas vezes na nossa história foi cobrada da nossa elite política tamanha responsabilidade e coragem.

As estatísticas sobre esta tragédia jamais conseguirão retratar a realidade de milhares de famílias enlutadas, desfeitas, e as milhares de perdas humanas irreparáveis.

A hora é agora e a história nos julgará pelas nossas ações ou pela nossa omissão.

PL de Aécio prevê licença compulsória para vacinas, remédios e insumos durante estado de emergência em saúde

Projeto de lei do deputado Aécio Neves propõe licença compulsória de imunizantes, medicamentos, produtos médicos, ingredientes farmacêuticos ativos (IFA) e outros insumos, bem como de qualquer tecnologia, que possam ser utilizados no combate a agentes causadores de surtos durante períodos de estado de emergência em saúde.

O Projeto de Lei 1247/2021 prevê a licença de uso em caráter provisório enquanto perdurar o estado de emergência. Pela proposta do deputado, todo fabricante em território nacional com capacidade técnica estaria autorizado para produção, desde que cumpridas as exigências sanitárias estabelecidas.

Como presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, Aécio Neves tem liderado o debate na Casa sobre a suspensão temporária das patentes das vacinas contra a Covid-19. Nessa quinta-feira, a chamada quebra de patentes será debatida com especialistas na Câmara.

“O cenário é desolador por todo território nacional. A maior esperança para interrompermos o avanço do SARS-Cov-2 é, sem sombra de dúvida, a vacinação em massa e mais célere possível. Temos no país laboratórios que são referência mundial na saúde na produção de imunizantes e de medicamentos. Precisamos ter leis que assegurem amparo para situações emergenciais e hoje vivemos a maior delas já ocorrida”, disse o deputado.

Semana passada, Aécio defendeu junto à Organização Mundial de Saúde (OMS) a proposta de suspensão temporária das patentes das vacinas. Em reunião com diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, o deputado assumiu o compromisso de apoio no Congresso à proposta já em discussão na entidade desde o ano passado. Na reunião foi acordado o envio de equipes da OMS ao Brasil para discussão da produção de vacinas no Brasil.

Conheça aqui o projeto de lei de Aécio Neves

Aécio e Kátia Abreu pedem à OMS revisão da entrega de vacinas

Como presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional (CREDN), da Câmara dos Deputados, o deputado Aécio Neves (PSDB-MG) pediu hoje, em reunião virtual com o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, apoio da entidade para revisão do cronograma de entrega de vacinas do Consórcio Covax Facility para o Brasil em razão da gravidade da atual fase da pandemia no país.

Aécio propôs que a OMS considere os critérios de velocidade da transmissão e gravidade dos casos, além do populacional, para revisão do cronograma estabelecido.

“Tivemos uma longa conversa na tarde de hoje com o dr. Tedros, que é o diretor-geral da OMS, e com toda sua equipe, e contou também com a participação da dra. Carissa (Etienne), presidente da OPAS, a Organização Pan-Americana de Saúde. Demonstramos a angústia do brasileiro e a nossa enorme preocupação com o atraso do fornecimento das vacinas, seja pelos laboratórios contratados, mas também por parte da própria OMS. Uma parcela daquilo que estava previsto para março ainda não chegou e não há ainda, infelizmente, uma garantia da entrega daquilo que estava previsto para maio”, afirmou Aécio.

A reunião foi conjunta com a senadora Kátia Abreu (MDB-TO), presidente da Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado. Os dois manifestaram ao dirigente da OMS a preocupação do Congresso com a atual gravidade da pandemia no país. A média nacional de mortes registrada ontem no país foi de 3.869 mortes em 24 horas.

Quebra de patentes

Aécio propôs ainda à OMS a vinda de equipes da OMS ao Brasil e acenou com a possibilidade de apoio por parte do Congresso à proposta em discussão na entidade de quebra temporária de patentes com objetivo de permitir a mais países a produção de imunizantes.

“Eu e a senadora Kátia vamos discutir esse assunto internamente nas nossas comissões para que o Brasil possa evoluir da sua posição inicial contrária à quebra de patentes. Essa poderia ser uma forma de agilizar a produção, seja em território brasileiro. Temos aqui uma indústria, tanto pública quanto privada, em condições de acelerar a produção, quanto em nações mais pobres do que as nossas, e que dependem hoje de doações de vacinas para imunizar a sua população”, disse.

OUÇA AQUI A ENTREVISTA 

Leia abaixo a íntegra da entrevista

Tivemos uma longa conversa na tarde de hoje com o dr. Tedros Adhanom, que é o diretor-geral da OMS, Organização Mundial da Saúde, e com toda sua equipe, e contou também com a participação da dra. Carissa (Etienne), que vem a ser a presidente da OPAS, a Organização Panamericana de Saúde. Vamos temas extremamente relevantes para o Brasil foram discutidos. Participamos eu como presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, e a senadora Kátia Abreu, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado.

Demonstramos a angustia do brasileiro e a nossa enorme preocupação com o atraso do fornecimento das vacinas, seja pelos laboratórios contratados, mas também por parte da própria OMS. Uma parcela daquilo que estava previsto para março ainda não chegou e não há ainda, infelizmente, uma garantia da entrega daquilo que estava previsto para maio. O dr. Tedros alega que os laboratórios produtores mundiais estão também com seus cronogramas de produção atrasados por uma série de fatores.

E nós apresentamos, essa é uma questão central, uma proposta, eu e a senadora Kátia Abreu, de que possa ser levada a Acelerador ACT que é um organismo que reúne várias organizações, inclusive a OMS, na busca de definição de critérios justos e adequados para a distribuição de vacinas ao redor do mundo. Propusemos que, além do critério populacional, fosse incluído nesse momento o critério gravidade da crise porque o Brasil vem se transformando realmente em uma preocupação global. Essa proposta foi aceita pelo dr. Tedros que ficou de imediatamente levar esse tema à ACT. E a proposta objetiva é que se inclua o critério da gravidade da crise, número de casos, velocidade da transmissão e para com isso o Brasil possa antecipa o recebimento de vacinas antes destinado a outras regiões onde a pandemia não adquiriu os níveis de gravidade do Brasil.

Coloquei também a ele a necessidade de a OMS ajudar o Brasil na negociação com países como Estados Unidos e Canadá, por exemplo, e alguns da União Europeia onde há excesso de vacinas. Já há uma contratação de vacinas acima da demanda e da necessidade desses países para que, rapidamente, essas vacinas possam ser direcionadas ao Brasil. Ele assumiu o compromisso também de se dedicar a esse tema.

Por fim, uma questão central que eu coloquei que é a questão relativa ao apoiamento do Brasil e consultei sobre a posição da OMS à quebra temporária de patentes, uma proposta da Índia e da África do Sul em discussão na Organização Mundial do Comércio que possibilitaria temporariamente, em caráter emergencial, com base em uma cláusula do acordo TRIPs, que trata de propriedade intelectual. Existe uma cláusula em que essa propriedade poderia ser flexibilizada ou mesmo quebrada em casos emergenciais e não há uma emergência maior que esta. Isso foi dito por nós e pelo dr. Tedros.

Eu e a senadora Kátia vamos discutir esse assunto internamente nas nossas comissões para que o Brasil possa evoluir da sua posição inicial contrária à quebra de patentes. Essa poderia ser uma forma de agilizar a produção, seja em território brasileiro. Temos aqui uma indústria, tanto pública quanto privada, em condições de acelerar a produção, quanto em nações mais pobres do que as nossas, e que dependem hoje de doações de vacinas para imunizar a sua população.

Ficamos de manter esses canais de interlocução absolutamente abertos. Ele mostrou um grande conhecimento em relação à realidade do Brasil. Conhece o Brasil. Elogiou muito o SUS brasileiro, mas reiterando que além da ampliação da oferta de vacinas que é necessária, ele e a sua equipe insistem muito na manutenção de quatro precauções, segundo ele absolutamente fundamentais e que devem ser tratadas com a mesma relevância e com a mesma importância com que é tratada a questão da vacina. E ele fala da utilização de máscaras, o distanciamento que ele não chama de social, mas o distanciamento físico das pessoas, ventilação em todos os ambientes com medida preventiva, e a higienização, sempre que possível, das mãos.

São questões básicas, mas eles fizeram questão de ao longo dessas duas horas, por inúmeras vezes, reiterar que essas medidas são extremamente importantes, que ao lado da ampliação da vacinação, permitir que essa curva crescente e dramática de óbitos e de casos novos diagnosticados no Brasil possa ser invertida. E possamos ao invés de aumentar, diminuir rapidamente o número de casos.

Aécio se reúne com embaixador da China em esforço por insumos e mais vacinas

O embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, assegurou ao deputado federal Aécio Neves, presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, que não haverá atraso no envio para o país do IFA (Insumo Farmacêutico Ativo).

O IFA é a base utilizada na produção das vacinas contra a Covid e tanto a Fiocruz como o Instituto Butantan dependem dele para a produção dos imunizantes no país. A garantia foi dada a Aécio durante audiência virtual realizada com o embaixador nessa quarta-feira (31/03).

“Tratamos de questões extremamente relevantes em relação à oferta por parte da China de vacinas e, principalmente, de insumos ao Brasil. Nos garantiu o embaixador que não haverá qualquer atraso na oferta dos insumos necessários à fabricação, seja pelo Butantan ou pela Fiocruz, de imunizantes produzidos aqui no Brasil. Tratamos também de uma transferência de tecnologia em que o Brasil possa adquirir a capacidade de produzir, em território nacional, esses insumos extremamente importantes”, anunciou Aécio.

A audiência foi realizada a pedido do embaixador após a eleição de Aécio para presidência da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara (CREDN).

“A parceria com a China é estratégica nesse momento para o Brasil, em razão de serem eles o país que mais exporta vacinas dentre todos aqueles que a produzem no mundo”, disse o deputado.

Agenda com OMS, EUA e União Europeia por mais vacinas

Como presidente da Comissão, Aécio anunciou ter encontros previstos também com o embaixador dos Estados Unidos e com representantes da União Europeia e da Organização Mundial da Saúde (OMS).

“Nosso papel agora é somar esforços com o governo federal, o Congresso, os empresários, a sociedade brasileira, para que, o mais rapidamente possível, possamos chegar a um número em torno de 1 milhão e meio de pessoas vacinadas diariamente no Brasil. Da mesma forma, como presidente da Comissão, temos encontro marcado com o embaixador dos Estados Unidos na busca por transferência de excedentes de vacinas que já existem nos Estados Unidos e que estão chegando ao México e Canadá. E ainda conversas com representantes da União Europeia para garantir que a produção da Pfizer, feita na Noruega, possa, sem qualquer tipo de entrave, chegar nos prazos estabelecidos ao Brasil”, afirmou Aécio.

Na semana passada, o deputado e a senadora Kátia Abreu, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, assinaram uma carta conjunta à direção da OMS pedindo esforços para acelerar a vacinação de brasileiros. Aécio ressaltou que o atraso na vacinação contribui para o surgimento de novas variantes do vírus.

“Só a ampliação e a aceleração no processo de vacinação permitirão ao Brasil fazer regredir essa curva crescente de casos de infectados e também de óbitos que nos angustia a todos. Já temos, para a próxima semana, encontro virtual marcado com o diretor-geral da OMS para que possamos demonstrar que atender prioritariamente ao Brasil hoje significa salvar vidas de brasileiros, mas também impedir que novas variantes possam alcançar outras regiões do mundo”, alertou.

Novo chanceler

O deputado ressaltou as expectativas de mudança no relacionamento do Brasil com o mundo a partir da troca no comando do Ministério das Relações Exteriores, com a posse do novo chanceler Carlos França.

A CREDN aprovou ontem requerimento de Aécio convidando o novo ministro para uma audiência pública na Câmara. Outro requerimento apresentado pelo deputado prevê audiência com o novo ministro da Defesa Nacional, Walter Braga Netto.

“Esse tem sido nosso trabalho. Convidamos para estar conosco na Comissão de Relações Exteriores, através de requerimento de minha autoria, o ministro de Estado de Defesa, general Braga Neto, que recém assume o ministério, e também o embaixador Carlos França, novo chanceler, novo ministro das Relações Exteriores, para tratarmos, dentre tantas questões, fundamentalmente da importação mais ágil, mais célere, em quantidades maiores de vacinas e insumos e também da logística para a ampliação da sua aplicação no território nacional”, concluiu.

Aécio aprova pedido de audiências com novo chanceler e ministro Braga Netto

Como presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados (CREDN) e da Comissão Mista de Controle de Atividades de Inteligência, o deputado Aécio Neves teve aprovado, hoje (31/03), dois requerimentos convidando para audiências públicas na Casa os ministros Carlos Alberto França (Relações Exteriores) e Walter Braga Netto (Defesa Nacional). Ambos os ministros são os novos titulares das pastas, anunciados nessa terça-feira. Os convites foram aprovados por unanimidade pelos membros presentes na reunião da CREDN.

“Considero da maior relevância e urgência a aprovação para que (o chanceler) possa discutir conosco as questões relativas à nossa política externa. Há uma grande expectativa de qual será a postura do novo ministro em relação a várias questões que serão levantadas pelos membros desta comissão sobre questões relacionadas à pandemia e ao papel do Ministério das Relações Exteriores na ampliação do acesso do Brasil e dos brasileiros a insumos e vacinas. Da mesma forma, é absolutamente necessário para essa comissão que possamos conhecer também as diretrizes e as perspectivas da área de defesa. Uma área essencial à vida nacional e à qual essa comissão pretende dar atenção muito especial”, afirmou Aécio ao defender seus requerimentos.

O deputado lembrou que já estava marcada para o próximo dia 7 a audiência pública com o ex-ministro da Defesa Fernando Azevedo.

“Com a troca do ministério fiz questão de apresentar outro requerimento de convite ao ministro Braga Netto para que ele possa estar conosco e, de forma ampla, serena, mas absolutamente profunda, debater questões afeitos à pasta da Defesa”, disse o presidente da CREDN.

Embaixador da China

Nesta quarta-feira, Aécio tem audiência (virtual) marcada com o embaixador da China no Brasil, Yang Wanwing. O pedido da reunião foi feito pelo embaixador e será o primeiro encontro da agenda deste ano de Aécio como presidente da Comissão.

Ontem, em declaração feita após o anúncio do novo titular do Ministério das Relações Exteriores, Aécio reiterou a importância de que ocorram mudanças na relação do Brasil com o mundo para o necessário estímulo da economia e, em especial, para o enfrentamento da pandemia da COVID-19.

“Depois de um período de grandes turbulências em nossa política externa, espero que possamos restabelecer os preceitos que marcaram por décadas a nossa política externa: respeito, tolerância e equilíbrio, sem qualquer alinhamento automático ou preconceitos de ordem ideológica. A Comissão de Relações Exteriores da Câmara está pronta para dar sua contribuição na busca desses objetivos”, afirmou.

Ele acrescentou haver boa expectativa com o novo chanceler Carlos França. “Tenho recebido testemunhos de sua correta trajetória profissional, tendo servido como chefe de Gabinete do conceituado embaixador Rubens Barbosa, em Washington, e se especializado no importante tema da integração energética”, disse.

31-03-21 - Aécio Credn2