O senador Aécio Neves declarou que as últimas revelações sobre os incidentes registrados nessa quinta-feira (19/06), na Venezuela, deixam claro que o governo de Dilma Rousseff tem parcela de responsabilidade na ação do regime de Nicolás Maduro que impediu a visita da comissão de senadores brasileiros da oposição aos presos políticos mantidos presos em Caracas.
Aécio citou declaração do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, que falou ontem a um grupo de parlamentares que houve determinação do governo brasileiro para que o embaixador do país na Venezuela deixasse de acompanhar a delegação dos senadores.
“A responsabilidade pela exposição da delegação brasileira é, sim, também do governo brasileiro”, disse Aécio em pronunciamento no Senado, em aparte à fala do senador Aloysio Nunes (PSDB-SP). O senador também contestou a omissão do governo Dilma ao crescimento da violência e do autoritarismo no país vizinho.
Aécio anunciou que o PSDB apoiará a proposta do senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) para a convocação do ministro Mauro Vieira à Comissão de Relações Exteriores do Senado, presidida pelo senador Aloysio Nunes, para que sejam feitos os esclarecimentos sobre a conduta do governo do PT em relação aos episódios de violência e de intolerância política ocorridos na Venezuela.
Papel do Congresso
O presidente do PSDB lembrou que a visita dos senadores à Venezuela não cumpriu somente uma tarefa humanitária, mas também de monitorar o respeito à democracia em um país com o qual o Brasil possui relações diplomáticas.
“Nós, do Congresso, somos responsáveis por ratificar os acordos binacionais firmados pelo Brasil. E, a partir do momento em que somos signatários, também somos responsáveis pela fiscalização”, disse. Tanto Aécio quanto Aloysio Nunes lembraram da cláusula do Mercosul que determina, a todos os países que integram o bloco, a proibição de regimes autoritários.
Aécio contestou afirmações que classificaram a visita dos senadores à Venezuela como uma missão ‘não-oficial’ e composta somente por membros da oposição. Ele lembrou que havia integrantes de partidos da base aliada no grupo e que os parlamentares viajaram em um avião da Força Aérea Brasileira.
“Era uma delegação oficial do Congresso Nacional e, ali, a questão partidária deveria ter sido irrelevante”, apontou.
Solidariedade internacional
Ao criticar a omissão do governo federal em relação às violações na Venezuela, Aécio destacou que a presidente Dilma Rousseff, durante o regime militar brasileiro, foi presa política. E recordou que, quando o Brasil vivia sob o autoritarismo, manifestações de líderes internacionais foram fundamentais para fortalecer a mobilização dos que lutavam pelo retorno às liberdades democráticas.
“Não fomos à Venezuela para derrubar o regime. Fomos à Venezuela defender aqueles que, como ocorreu como a presidente, no passado, por expressarem as suas posições, estavam com a liberdade cerceada”, apontou.