Para senador, Itamar Franco nasceu para servir ao povo brasileiro e liderou mudanças definitivas na vida política e econômica do País
O senador Aécio Neves (PSDB/MG) prestou hoje homenagem ao ex-colega e amigo Itamar Franco, durante sessão solene do Congresso realizada em memória do ex-presidente da República, falecido em dois de julho. Aécio destacou a trajetória de Itamar ao longo de sua vida pública, na qual cumpriu mandatos também como vereador, prefeito, deputado federal e governador de Minas. A cerimônia, realizada a pedido de Aécio, ocorreu no Plenário do Senado e contou com a presença das filhas de Itamar, Fabiana e Georgiana, do presidente da Casa, senador José Sarney, do governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia, do ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, representando a Presidência da República, e do deputado federal Rodrigo de Castro (PSDB), que representou a Câmara dos Deputados, e do presidente do PSDB-MG, deputado Marcus Pestana.
Para Aécio Neves, Itamar Franco dedicou sua vida à defesa dos interesses dos mineiros e do povo brasileiro, sendo sempre um verdadeiro representante dos anseios populares, além de um dos mais importantes nomes da política nacional.
“Itamar nasceu para servir a seu povo e serviu enquanto viveu. Protagonista de uma das mais brilhantes gerações de homens públicos brasileiros, veio para ser líder numa bancada em que, pela oposição democrática, pontificavam nomes como os de Marcos Freire, Paulo Brossard e, pouco depois, Teotônio Vilela, no Senado; Ulysses Guimarães, Tancredo Neves e Alencar Furtado, na Câmara. Itamar rapidamente se transformaria numa das mais respeitadas vozes que, do bastião civilista de Minas, clamavam pela redemocratização do País. E, nesse aspecto, seu histórico é impecável: jamais faltou ao dever de fiel representação da vontade popular”, disse o senador em seu pronunciamento.
Segundo Aécio Neves, o legado construído pelo ex-presidente é responsável por avanços percebidos ainda hoje na vida política e na economia do País. Ele destacou que, em 1992, Itamar Franco assumiu a Presidência da República após o impeachment de Fernando Collor de Melo e assegurou ao país a estabilidade necessária para superar a uma das mais graves crises políticas vividas pelos brasileiros.
“Itamar pôde mostrar que a grandeza se revela na adversidade e que o verdadeiro valor se prova somente ante o desafio. E, no mais curto mandato presidencial após o Golpe de 1964 – apenas dois anos e três dias, construiu um legado político e administrativo definitivo, que até hoje contribui com o destino do Brasil”, afirmou Aécio.
O senador lembrou que, na Presidência, coube a Itamar Franco a decisão de levar adiante o Plano Real, programa de medidas responsável pelo controle dos altos índices de inflação à época e pela estabilização da moeda brasileira. Aécio Neves destacou que o Plano Real beneficiou principalmente as camadas mais pobres da população.
“Foi obra sua a construção de uma coalizão parlamentar que soube pacificar a vida política e consolidar o processo de amadurecimento democrático-institucional entre nós. Foi obra sua, principalmente, a decisão de materializar – sob a competente condução de seu sucessor, o presidente Fernando Henrique – uma corajosa proposta de estabilização da moeda brasileira, o Plano Real. Esse foi o momento em que foram lançadas bases para que o processo de desenvolvimento econômico pudesse, doravante, combinar-se sempre com as premissas básicas do progresso social. Desse dia em diante, nunca mais o Brasil seria o mesmo”, disse Aécio.
Falta reconhecimento do País a Itamar
O senador enfatizou que a última grande homenagem recebida pelo ex-presidente Itamar Franco foi prestada pelos eleitores mineiros que o elegeram, ano passado, ao Senado Federal. Aécio Neves afirmou que a votação recebida pelo ex-presidente e ex-governador de Minas demonstrou o reconhecimento dos mineiros de sua importância para o Brasil. Para Aécio, no entanto, o País deve ainda um reconhecimento maior ao legado de Itamar.
“A cultura política brasileira ainda não valorizou suficientemente o legado do presidente Itamar Franco, tanto na área política, quanto na prática administrativa. Não fosse isso, é certo que entenderíamos melhor o modo adequado de combinar a honestidade intransigente com as exigências concretas da governabilidade. Esse dia chegará para todo o Brasil, como já chegou para Minas, que soube honrar Itamar ao conduzi-lo ao cargo de governador do Estado e, mais recentemente, ao Senado da República – reconhecendo assim o seu imenso valor pessoal, e assim reverenciando a sua honrada biografia”, afirmou.
Aécio Neves lembrou também o apoio fundamental que recebeu do então governador de Minas nas eleições de 2002, quando foi eleito para sucedê-lo no comando do Executivo estadual. O senador revelou a colaboração do ex-governador para que a recuperação econômica de Minas Gerais fosse realizada pela nova equipe de governo com a implantação do Choque de Gestão.
“Foi uma honra e um privilégio sucedê-lo à frente do Executivo mineiro, dele obtendo, inclusive, incondicional apoio naquela eleição. Dele recebi a compreensão e a solidariedade necessárias para que juntos fizéssemos o Choque de Gestão e então vencêssemos a gravíssima crise financeira do Estado, agravada pela conjuntura econômica adversa daquela hora”, lembrou Aécio.
Coração de Minas
Aécio Neves comparou a morte de Itamar à queda de um jequitibá, árvore com tronco que raramente se rompe, em razão de suas grandes dimensões. Para o senador, Itamar Franco possuía a coragem e o coração de Minas.
“Nós podemos dizer que a morte de Itamar é como a queda de um grande jequitibá, árvore soberana da Mata Mineira, a que pertence Juiz de Fora. É árvore que não se curva sob o vento e raramente se quebra. Assim caiu Itamar, com a sua visão honrada da política e do tempo, com a renascida disposição para a luta, como se, do alto do Caparaó, olhasse o Brasil e o mundo com os olhos limpos de Minas, com a inteligência de Minas, a coragem e o coração de Minas”, afirmou o senador.