“Não queremos centrais sindicais a serviço de um projeto de poder. Queremos os sindicalistas construindo a nova e inadiável agenda brasileira”, diz Aécio
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou, nesta sexta-feira (27/04), que o PSDB quer a colaboração dos sindicatos para a agenda que o partido vai apresentar ao país. A declaração foi dada durante o 1º Congresso Sindical do PSDB, realizado em São Paulo. Aécio Neves frisou que o partido não deseja sindicatos submissos a um projeto de poder, e sim parceiros no debate dos problemas estruturais do Brasil.
“Não queremos centrais sindicais a serviço de um partido político ou de um projeto de poder. Queremos os sindicalistas construindo ao nosso lado a nova e inadiável agenda brasileira. Hoje, o PSDB fica mais forte, mais robusto e mais identificado com aquilo que é essencial para que o Brasil avance, gerando bem-estar para a sua gente, o respeito e a defesa dos trabalhadores brasileiros”, disse Aécio.
O senador afirmou que a reaproximação com o sindicalismo reafirma a identidade social democrata do PSDB. Ele considerou o encontro de hoje como um dos mais importantes para o partido.
“Estamos participando de um dos mais importantes eventos realizados pelo PSDB ao longo da sua história. Não só pelas lideranças presentes, não só pelo que significa nossa aproximação do movimento sindical. Estamos retornando às nossas origens. Não existe em nenhuma parte do mundo partido social democrata sem forte inserção no movimento sindical”, observou.
Empregos e desindustrialização
Aécio defendeu a participação de trabalhadores na discussão de políticas para as áreas da educação, saúde e segurança, e sobre a qualidade dos empregos gerados no país. Ele disse que a ampliação da agenda sindical faz parte da modernização desses movimentos.
“O sindicalismo moderno pressupõe não apenas defesa de melhores salários, de melhores condições de trabalho, da pauta específica do trabalhador, mas a opinião do trabalhador na discussão da qualidade da saúde, da própria qualidade do emprego, a questão educacional. Queremos isso, esse núcleo sindical participando da formulação do novo programa do PSDB”, afirmou.
E acrescentou: “Vejo o governo federal comemorar com muito entusiasmo os índices de emprego gerados no país. Agora, já não comemora tanto, porque deixaram de ser gerados com muito vigor. Mas a grande verdade é que mais de 90% dos empregos gerados no Brasil nos últimos dez anos foram até dois salários mínimos. O que está havendo é uma troca perversa de empregos mais qualificados por emprego de menor qualificação”, disse Aécio.
O senador criticou também a omissão do governo federal no enfrentamento dos problemas que estão levando o país a uma crescente desindustrialização.
“Estamos acompanhando com enorme preocupação o gravíssimo processo de desindustrialização por que passa o Brasil. O governo sempre com medidas paliativas, sem entrar na questão estrutural, que passa pelo câmbio sobrevalorizado, pela altíssima carga tributária, pela absoluta ausência de infraestrutura adequada para escoamento da produção brasileira, além da competição extremamente perversa que ainda sofremos em relação a produtos importados. O governo gasta muito e gasta mal”, disse.
PSDB Sindical
Cerca de duas mil pessoas estiveram presentes na abertura do congresso, que contou com a participação do presidente nacional do PSDB, deputado federal Sérgio Guerra, do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin e do presidente do Conselho Político do partido e pré-candidato a prefeito de SP, José Serra. Também presentes os presidentes da Força Sindical, deputado federal Paulinho; do PSDB Sindical, Antônio Ramalho; do PSDB Sindical de Minas, Rogério Fernandes, e dirigentes de sindicatos.
O núcleo sindical do PSDB está organizado em todos os estados do país e tem coordenadores nas cinco regiões do Brasil. Reúne hoje representantes de cerca de 200 sindicatos. As centrais sindicais União Geral dos Trabalhadores (UGT), Força Sindical e Nova Central concentram maior número de filiados.
Os temas em discussão no encontro são: mudanças na política econômica, redução dos juros, desenvolvimento do país, distribuição de renda, fortalecimento do mercado interno, política educacional, jornada de trabalho e salário para mulheres em condições de igualdade com os homens.