O governo federal não entendeu nada do recado dado pelas ruas. A afirmativa é do senador Aécio Neves (PSDB-MG), que criticou hoje (2/07), em Brasília, o envio feito pelo governo ao Congresso Nacional de uma proposta de reforma política, por meio de plebiscito, sem antes fazer o debate necessário com a sociedade e com as oposições.
O senador destacou que o projeto de reforma política estava esquecido há dois anos na gaveta da ampla base do governo e que é apresentado agora, de improviso, na tentativa de desviar a atenção da opinião pública, que reclama por melhores serviços de saúde, educação, transporte e estradas.
“A presidente da República quer dizer aos brasileiros que aquilo que os levou às ruas foram as propostas que interessam ao PT na reforma política, e não a calamidade da saúde pública, a falência da mobilidade urbana, em especial o transporte público, o aumento da criminalidade. Mais uma vez o governo mostra que não entendeu absolutamente nada do que a população brasileira quis dizer”, disse o senador.
Aécio Neves considerou um erro do governo o envio ao Congresso de uma proposta de plebiscito para realização da reforma sem antes debater os temas com representantes das oposições. Ele destacou que mais da metade dos brasileiros são hoje representados por governadores do PSDB e de partidos de oposição que foram ignorados pela presidente Dilma.
“Nas últimas eleições, as oposições, somadas no primeiro turno, venceram as eleições, com os votos de Marina Silva e José Serra. No segundo turno, José Serra teve 44% dos votos dos brasileiros. A presidente da República vir a público falar em um grande pacto sem convidar a oposição para dialogar é um desrespeito para com metade da população brasileira, que, nos estados, já é governada por governadores da oposição, em especial do PSDB. Acho que é mais um gravíssimo equívoco do governo federal”, afirmou Aécio Neves.
O senador acrescentou que a presidente Dilma Rousseff parece acordar de um sono profundo e comparou a proposta enviada hoje ao Congresso ao naufrágio do navio Titanic.
“A presidente da República acorda de um sono profundo e apresenta ao Congresso alguns temas de reforma política que, se necessários são, e eu concordo que são, não respondem às demandas da população. Na verdade, o que a presidente busca fazer é convidar o Congresso Nacional para um passeio de primeira classe numa cabine do Titanic”, afirmou.
Presidente Dilma não gosta de diálogo
Aécio Neves criticou também a dificuldade da presidente Dilma Rousseff para conversar com governadores, prefeitos e com setores da sociedade que não dependem do governo. Ele citou as reuniões convocadas pela presidente após os protestos da população nas ruas, mas, nas quais, apenas ela falou.
“A presidente, me parece, não gostar do diálogo. Prefere o monólogo. E, para isso, fez uma reunião com governadores e prefeitos constrangendo a todos porque apenas ela falou. Fez outras reuniões com setores da sociedade já cooptados, boa parte deles pelo governo com verbas públicas, e acha que está dando alguma resposta à sociedade. Não está. A agenda que interessa ao Brasil está sendo adiada pelo governo”, afirmou.
O senador voltou a defender a redução de gastos federais por meio do corte dos atuais 39 ministérios e de cargos públicos sem concurso (22 mil).
“Defendemos acabar com metade desses ministérios que atendem apenas aos companheiros. Acabar com metade dos 22 mil cargos comissionados para dar um exemplo ao Brasil. Enterrar o projeto do trem bala que custará R$ 50 bilhões investindo esses recursos nos metrôs das principais centros urbanos. Garantir os 10% dos recursos para a saúde. Garantir os 10% do PIB para a educação. São essas as respostas que o Brasil clama”, cobrou Aécio.
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