“O Brasil está deixando de ser uma Federação. Isso gera todo tipo de problemas. Atrasos, desvios, incompetência”, diz o senador
O senador Aécio Neves (PSDB/MG) criticou a postura do governo federal de não dividir recursos e responsabilidades com estados e municípios. Em entrevista, o senador disse que o centralismo do governo tem gerado atrasos em obras e investimentos importantes para o País.
As críticas do senador foram feitas ao comentar os anúncios de obras para Minas Gerais feitos recentemente pela presidente Dilma Rousseff. Aécio Neves afirmou esperar que os investimentos anunciados saiam do papel, embora sejam promessas já feitas pelo ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, mas que não foram cumpridas.
“Quem hoje tem condições de fazer investimentos é o governo central, que concentra mais de 60% de tudo que se arrecada no Brasil. Isso tem sido perverso para o Brasil. Venho alertando para isso: o atraso para a tomada de decisões, a dificuldade que o governo federal tem em transferir para os estados essas responsabilidades. Esse centralismo decisório faz mal ao país. O Brasil está deixando de ser uma Federação, estamos nos transformando quase em um estado unitário, tamanha a concentração de receitas e de poder nas mãos da União. Isso gera todo tipo de problemas. Atrasos, desvios, incompetência. O governo federal apresenta poucos resultados e evita descentralizar, delegar a estados e municípios, algo que já poderia ter feito”, afirmou o senador.
BR 381 e Anel Rodoviário
Dos R$ 4 bilhões prometidos pela presidente para obras de infraestrutura em Minas – a maior parte rodoviária – apenas R$ 17 milhões foram autorizados até o momento. Uma dessas obras é a duplicação da BR-381, no trecho entre Belo Horizonte e Governador Valadares. No entanto, as melhorias da chamada “Rodovia da Morte” ainda não tiveram projeto iniciado.
“São os mesmos compromissos reeditados, e com muito atraso. Eu, com o próprio ex-presidente Lula, conversei sobre isso inúmeras vezes. Estamos aí com o lançamento de um projeto, pelo menos um conjunto de boas intenções, que respeitamos, mas que precisa ser acompanhada a par e passo, porque as experiências que temos com o governo federal são de muitos anúncios e poucas obras. Esse projeto é algo para daqui a cinco, seis anos, estar efetivamente em obras”, disse.