“O governo da presidente Dilma, que apresentou o país a grande marca da faxina, não tem primado por uma preocupação em dar exemplo da punição”, diz Aécio
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) lamentou, nesta quarta-feira (28/11), que a base governista no Congresso esteja atuando para impedir que envolvidos no novo escândalo de corrupção no governo federal prestem esclarecimentos aos parlamentares. Segundo o senador, o governo federal deveria agir para esclarecer e punir desvios, e não para abafar denúncias.
“O governo da presidente Dilma Rousseff, que apresentou o país a grande marca da faxina, não tem primado por uma preocupação em dar exemplo da punição daqueles que agiram de forma irregular nos cargos públicos. É muito pouco o que foi feito. A demissão é natural, é óbvia. Mas a investigação para que possamos compreender quais os danos ao Erário, se eles ocorreram, é uma obrigação do governo em primeiro lugar”, afirmou.
O senador destacou que as oposições conseguiram aprovar, na Comissão de Infraestrutura do Senado, convite para ouvir apenas o diretor afastado da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) Rubens Vieira, mas não a ex-chefe do escritório da Presidência da República em São Paulo, Rosemary Noronha, denunciada pela Polícia Federal por corrupção e tráfico de influência.
Aécio Neves considerou insuficiente a demissão da Rosemary. A ex-chefe do escritório e ex- secretária do ex-ministro Jose Dirceu tem ligação histórica com o PT. Em 2008, as oposições tentaram, sem sucesso, convocá-la para prestar esclarecimentos sobre o uso irregular de cartões corporativos na Presidência da República, em Brasília. A base do governo impediu.
“Já houve uma tentativa, no passado, para que a senhora Rosemary estivesse aqui no Congresso prestando depoimentos. Talvez se tivesse vindo há dois anos teria se evitado esse tráfico de influência, que não é uma denúncia da oposição, é uma denúncia da Polícia Federal. O que queremos é que todos os esclarecimentos sejam dados”, afirmou o senador Aécio.
Mais investigações são necessárias
Aécio Neves lamentou que o governo federal considere a demissão dos suspeitos de corrupção como suficiente para a opinião pública, sem que as denúncias sejam investigadas a fundo. Para o senador, a falta de punição para os frequentes desvios denunciados pela imprensa e pela Polícia Federal incentivam a prática de corrupção no governo.
“A ação do governo não tem sido pedagógica. O simples afastamento do titular de determinado cargo não sana o problema, ao contrário. O que me parece é que a falta de punição a esses acusados é que tem levado ao estímulo, a que outros possam cometer irregularidades”, disse.
Falta de critério
Aécio Neves voltou a criticar a falta de critérios de qualificação para as indicações políticas feitas no governo da presidente Dilma e a ausência de fiscalização e de controle interno nos órgãos federais.
“Infelizmente, a presidente Dilma aceitou sem muitos critérios indicações ou nomeações feitas pelo governo anterior e apenas age no momento em que a denúncia ocorre. Não há uma preocupação do governo de, ele próprio, buscar através dos órgãos de controle, investigar os eventuais desvios ocorridos dentro da máquina pública”, afirmou Aécio Neves.