Aécio Neves critica relação política do PT com os partidos da base de apoio

O senador Aécio Neves criticou, hoje, a relação política mantida pelo governo do PT com os partidos que compõem a base de apoio. Para ele, a crise que atinge os trabalhos do Congresso Nacional é resultado de uma ação autoritária por parte do governo federal que busca apenas vantagens eleitorais, e não a construção de um projeto para o Brasil.

 

Segue trecho de entrevista do senador Aécio Neves em Brasília:

É a primeira vez que falo objetivamente dessa questão. Mas é impossível não falar sobre ela porque contaminou o Congresso Nacional, paralisou as discussões na Câmara dos Deputados. E essa crise é consequência daquilo que anunciávamos há muito tempo, de um governo autoritário que não quer aliados, quer vassalos. Um governo que não quer partidos para compartilhar um projeto de Brasil, quer aliados para vencer as eleições. Isso tudo é consequência da arrogância com que o PT vem conduzindo o governo até aqui, e agora colhe esses frutos.

Não tenho dúvida de uma questão: todo esse esforço do governo, a custas de cargos públicos e dinheiro público, especialmente através de emendas, para manter o PMDB na base, pode ter um ganho para o governo, que são os minutos a mais no tempo de televisão. Porque a base do PMDB, do PMDB histórico, do PMDB da resistência, do PMDB da democracia, do PMDB que quer ver avanços no Brasil, essa o PT já perdeu. Tenho andado pelo Brasil e tenho uma percepção muito clara de que já houve um descolamento claro das bases do PMDB, ou de grande parte das bases do PMDB, desse projeto que está aí vivendo os seus estertores.

Na verdade existem dois Brasis. O Brasil virtual, da propaganda virtual, onde distribui-se fotografias com sorrisos da presidente, do ex-presidente da República, e o Brasil real, aquele em que a presidente da República foge do povo, como fugiu no carnaval e pretende, ou de alguma forma prepara-se, para aparecer camuflada nos jogos da Copa do Mundo. Esses dois Brasis serão colocados frente a frente na propaganda eleitoral.

O que é preciso são propostas, uma discussão séria sobre a crise no setor elétrico, sobre o crescimento pífio da nossa economia, sobre a tragédia da nossa segurança pública, com a omissão e a passividade do governo, a crise na saúde. Não há espaço no Brasil para essa discussão mais. A agenda do governo é a agenda eleitoral única e exclusivamente. É ela que toma conta da presidente da República. E o Brasil tem problemas seríssimos a serem enfrentados que, infelizmente, não vêm tendo a atenção que deveriam estar tendo por parte do governo. Infelizmente, como disse, é um final triste de um governo que perdeu a capacidade de ousar e de transformar para se contentar única e exclusivamente com um projeto de poder.

O PSDB vai discutir propostas e acho que, no caminhar dessas discussões, quando elas ficarem públicas, quando houver maior espaço sua divulgação, uma parcela do PMDB, como de outros partidos e da própria sociedade brasileira, que sempre teve uma grande identidade conosco, se aproximará. Se aproximará de quem tem propostas, porque o divórcio que existe hoje no Brasil é entre, repito, o Brasil da propaganda oficial, das fotografias sorridentes, e o Brasil real, onde a presidente da República pretende, pelo que eu li nos jornais, parecer quase que camuflada nos jogos da Copa do Mundo.

 

Ouça o áudio da entrevista:

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