Aécio Neves – Estado de Minas – 16/04/2016
Amanhã o Brasil tem um encontro marcado com a história.
Caso se confirme a esperada autorização da Câmara dos Deputados para a abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, em absoluto respeito aos trâmites constitucionais, os brasileiros poderão dar um passo importante rumo à necessária reconstrução do país.
Vivemos horas de tensão compreensível, mas também de saudável esperança. Afinal, podemos estar próximos do fim de um ciclo de poder nefasto para a vida brasileira. Depois de tantos erros, desvios e descalabro administrativo, a presidente da República e o seu governo não apresentam mais as mínimas condições de conduzir o país.
O seu legado é indefensável. Enquanto a economia desce ladeira abaixo, deixando em seu rastro empresas falidas, milhões de desempregados nas ruas, famílias endividadas e sonhos soterrados, a agenda oficial só tem espaço para manobras cujo objetivo é o já tradicional salve-se quem puder, a sobrevivência, a todo custo e a qualquer preço, no poder.
Com o país à deriva, desgovernado, adensa-se o desastre anunciado: a pior recessão da história. Mas não é o caso, apenas, de uma administração fracassada.
A presidente mentiu reiteradamente à nação e cometeu crimes de responsabilidade inaceitáveis. O tamanho da tragédia provocada pela deterioração avassaladora da credibilidade do Brasil diante do mundo ainda está para ser medido em toda a sua extensão. Os responsáveis por esse caos precisam assumir as consequências de suas decisões.
As razões jurídicas para o impeachment – instrumento legal e legítimo da democracia – já são mais que conhecidos e reconhecidos, embora o PT insista em tratar o tema apenas por um equivocado viés político, esvaziando, com isso, o conteúdo desse importante debate. Essa é a forma que o partido encontrou para tentar se transformar em vítima das instituições e do povo.
Ainda que desgastante, o impeachment poderá dar ao Brasil uma oportunidade de se salvar desse atoleiro de erros. Os fundamentos do desastre já estavam colocados desde a ascensão do ideário petista ao poder, mas o que a atual gestão conseguiu fazer, nos últimos anos, é algo sem similar na história da República. O país não suporta mais esse estado de coisas. Não aceita o desrespeito à Constituição. Basta, é preciso mudar. E com urgência.
Se o impeachment for aprovado, o PSDB não será o beneficiário do processo de encerramento do mandato da presidente. Mas acreditamos que poderão ser criadas novas bases de governança, capazes de começar a tirar o país da UTI, ao mesmo tempo em que caberá ao novo governo criar uma plataforma sólida de medidas estruturantes.
Há uma agenda mínima a ser trabalhada, envolvendo reformas importantes e sempre adiadas. O Estado precisa ser profissionalizado, a máquina pública tem de ser enxugada, os desperdícios têm que ser contidos e é preciso criar condições efetivas para que o país volte a crescer, com regras claras, em ambiente de confiança. Para tanto, a solidez fiscal precisa ser restabelecida.
O Brasil precisa respirar novos ares, novas esperanças. Por tudo isso, a maioria esmagadora dos brasileiros deseja que, amanhã, os parlamentares cumpram os seus compromissos com o país que é de todos, e não de poucos.
Precisamos salvar o Brasil. E a hora é agora.