O Amanhã

Aécio Neves – Folha de S. Paulo – 18/04/2016

Escrevo este artigo com a televisão ligada e, assim como milhões de brasileiros, aguardo a decisão final da Câmara dos Deputados em relação à admissibilidade do processo de impedimento da presidente da República.

Independente do resultado final que, acredito, será pelo afastamento, a hora é de serenidade e responsabilidade. Não há lugar para vencidos ou vencedores. Há um país que precisa se reencontrar com seu destino, que precisa ser reconstruído.

Todo processo de afastamento de um presidente acirra tensões e provoca desgastes na sociedade. Ainda assim, diante da gravidade da crise que vivemos, tais danos são menos dolorosos do que o prolongamento da agonia que paralisa o país.

A tarefa de reconstrução não será breve, pois estamos diante da maior recessão da nossa história. O setor produtivo precisa voltar a produzir, os trabalhadores querem de volta seus empregos, as famílias sonham com a queda da inflação e juros menores para pagar suas dívidas. As contas públicas têm de ser reequilibradas. É muita coisa a ser feita. Urge que se comece já. Mas sem ilusões.

Não se conserta um país sem um projeto claro e sem coragem para implementá-lo. O que o momento recomenda é uma distensão no ambiente, de tal ordem que permita a retomada de um debate de alto nível, envolvendo toda a população em torno de questões centrais.

A sociedade pautou este caminho. Seja nas ruas, em junho de 2013, ao cobrar melhores serviços públicos, ou durante toda a investigação da Operação Lava Jato e, mais recentemente, ao longo de todo o processo impeachment. E não há volta.

É hora de apresentarmos ao Brasil uma nova e vigorosa agenda. É hora de enfrentarmos o desequilíbrio da Previdência, fazermos a simplificação do nosso sistema tributário e fortalecermos o papel das agências reguladoras (independência e meritocracia), requalificando de forma definitiva a administração pública.

Além disso, uma maior abertura comercial ocasionaria a recuperação da confiança, o aumento da taxa de investimento e a consequente recuperação do emprego. Só assim teremos recursos para garantir e ampliar os programas sociais colocados em risco pela incapacidade desse governo.

Não há clima para desordem ou radicalismos. A transição que se inicia merece nossas melhores expectativas. A oposição, que não é beneficiária do processo de impeachment, não fugirá à sua responsabilidade e dará sua contribuição para enfrentarmos e vencermos essa crise sem precedentes, na qual a irresponsabilidade dos sucessivos governos do PT nos mergulhou.

Neste momento grave da vida nacional, o PSDB estará onde sempre esteve.

Ao lado do Brasil.

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Presidente Dilma repete velhas promessas não cumpridas em mensagem ao Congresso, critica Aécio

O senador Aécio Neves afirmou, nesta terça-feira (2), que a presidente Dilma Rousseff repetiu velhas promessas não cumpridas no discurso feito esta tarde, na reabertura do ano legislativo no Congresso. Para o senador, a presidente não apresentou propostas consistentes para ajudar o Brasil a superar a grave recessão econômica causada pelos erros cometidos pelo governo e pelo PT nos últimos anos.

“Ela repete as mesmas propostas constantes das outras mensagens enviadas ao Congresso Nacional e que jamais foram cumpridas. Um ano atrás a presidente dizia da necessidade que o governo teria de controlar a inflação ou controlar as contas públicas. O Brasil foi rebaixado por duas agências internacionais e a inflação continua sem controle. Lamentavelmente, o que nós assistimos aqui foi mais do mesmo, repetição de promessas vazias de uma presidente da República que já não demonstra qualquer condição de tirar o Brasil do gravíssimo atoleiro no qual ela própria nos mergulhou”, afirmou Aécio, presidente nacional do PSDB.


Não à CPMF

Aécio Neves também criticou a presidente Dilma Rousseff por propor na mensagem ao Congresso a volta da cobrança da CPMF. Na avaliação do senador, a presidente quer que a sociedade brasileira pague o rombo nas contas públicas provocado pela irresponsabilidade fiscal do governo. Ele ressaltou que o PSDB lutará para que a população não seja penalizada com a recriação do imposto.

“O que ela buscou hoje foi o apoio do Congresso Nacional para o aumento da carga tributária, e não vejo nela condições de pedir qualquer outro sacrifício à sociedade brasileira. A presidente foi incapaz de fazer mínima mea culpa que fosse, mostrando ao país de forma de clara que reconhece os erros que cometeu ao longo do seu primeiro mandato. A oposição, e o PSDB em especial, estará vigilante para impedir que o aumento de carga tributária aprofunde ainda mais a recessão na qual o governo da presidente Dilma e do PT mergulhou o país”, ressaltou Aécio.


Vaias no plenário

O senador avaliou que a ausência de propostas concretas e a repetição de promessas foram os motivos das vaias contra a presidente na reabertura do Congresso.

“Parecia que a presidente estava assumindo hoje, e não que o seu partido estivesse há 13 anos no poder sem encaminhar nenhuma das reformas que hoje ela se propõe a fazer. A presidente veio em busca de uma cena, de uma foto no Congresso Nacional. E ela, aqui, pode perceber o sentimento de boa parte do Congresso Nacional de repulsa à mentira, às promessas vazias e ao aumento da carga tributária”, criticou.

O senador disse ainda que a falta de credibilidade da presidente Dilma fará com que 2016 seja mais um ano difícil para os brasileiros.

“Confiança e credibilidade, quando se perde, é muito difícil de se reconquistar. E a presidente da República, a presidente Dilma Rousseff, infelizmente, jogou fora todo crédito que tinha para poder liderar o processo de recuperação do país”, afirmou.


Zika vírus

Durante a entrevista, o senador Aécio Neves voltou a criticar o uso de cargos no Ministério da Saúde feito pela presidente Dilma para atender a partidos políticos. Ele disse que ao fazer uso político de uma área de fundamental importância para a população, a presidente perdeu a autoridade até mesmo para liderar uma campanha de combate ao mosquito Aedes Aegypti, transmissor da dengue, da febre chikungunya e do zika vírus.

Aécio destacou que ceder cargos importantes em troca de apoio no Congresso, a presidente mostrou sua falta de compromissos com saúde dos brasileiros.

“Que autoridade tem a presidente da República para liderar esse processo de combate ao zika vírus, tendo ela distribuído os principais cargos e próprio Ministério da Saúde a aliados seus? Única e exclusivamente para ter alguns votos, para se manter no poder”, lamentou Aécio Neves.

Visita da presidente Dilma ao Congresso

“A presidente Dilma veio em busca de uma cena, de uma foto no Congresso Nacional. E, aqui, ela pode perceber o sentimento de boa parte do Congresso Nacional de repulsa à mentira, às promessas vazias e ao aumento da carga tributária. O PSDB, em especial, estará vigilante para impedir que o aumento de carga tributária aprofunde ainda mais a recessão na qual o governo da presidente Dilma e do PT mergulhou o país”, diz senador Aécio Neves, hoje, em coletiva, após a abertura do ano legislativo, onde senadores e deputados ouviram à execução do Hino Nacional e, em seguida, a presidente da República leu a mensagem do governo.

George Gianni

George Gianni

Aécio Neves – Entrevista sobre o discurso da presidente Dilma no Congresso

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta terça-feira (02/01), em Brasília. Aécio falou sobre o discurso da presidente Dilma Rousseff no Congresso, reformas, Zika Vírus, CPMF e DRU.

Leia a transcrição da entrevista do senador:
O que vimos hoje no Congresso Nacional foi uma presidente da República muito mais em busca de uma fotografia do que de um resgate de sua própria credibilidade. Ela repete as mesmas propostas constantes das outras mensagens enviadas ao Congresso Nacional e que jamais foram cumpridas. Um ano atrás a presidente dizia da necessidade que o governo teria de controlar a inflação ou controlar as contas públicas. O Brasil foi rebaixado por duas agências internacionais e a inflação continua sem controle.

O que ela buscou hoje foi o apoio do Congresso Nacional para o aumento da carga tributária, e não vejo nela condições de pedir qualquer outro sacrifício à sociedade brasileira. A presidente foi incapaz de fazer mínima mea culpa que fosse, mostrando ao país de forma de clara que reconhece os erros que cometeu ao longo do seu primeiro mandato.

Parecia que a presidente estava assumindo hoje, e não que o seu partido estivesse há 13 anos no poder sem encaminhar nenhuma das reformas que hoje ela se propõe a fazer.

A presidente da República busca no Congresso a solidariedade, essa necessária, ao combate ao zika vírus. Há que haver sim uma mobilização grande, não apenas do Congresso, não apenas do poder público, mas de toda a sociedade no combate desta epidemia que assola o país. Mas que autoridade tem a presidente da República para liderar esse processo de combate ao zika vírus, tendo ela distribuído os principais cargos e próprio Ministério da Saúde a aliados seus, única e exclusivamente para ter alguns votos, para se manter no poder? Não vejo que a presidente da República tenha ajudado, ela própria, a melhorar e aumentar a sua confiança. Mais um tempo perdido.


Reformas

Quero dizer, como presidente do PSDB, que qualquer discussão em relação às reformas, mais uma vez aqui anunciadas pela presidente da República, só serão discutidas por nós no momento em que elas vierem com o apoio da sua base de apoio, pois ela fala em reforma da Previdência no mesmo instante em que o seu partido PT diz que ela é desnecessária.

Lamentavelmente, o que nós assistimos aqui foi mais do mesmo, repetição de promessas vazias de uma presidente da República que já não demonstra qualquer condição de tirar o Brasil do gravíssimo atoleiro no qual ela própria nos mergulhou.


A oposição também faz a análise de que esfriou o impeachment?

O impeachment será decorrência de um clímax que há na sociedade brasileira. Acho que a presidente ou os seus aliados não deveriam comemorar esse arrefecimento porque o que estamos percebendo é que haverá uma agonização, haverá uma piora nos indicadores econômicos. E o Brasil já está mergulhando em uma gravíssima crise social, terá essa crise, infelizmente, atingindo ainda uma parcela maior da sociedade brasileira.

O fato concreto, e o sentimento que nós da oposição temos, é o de que a presidente da República não tem mais condições de liderar o Brasil na saída dessa crise. Ela transfere responsabilidades, hoje comemora a melhoria do índice dos reservatórios como se pudesse ter sido o seu governo responsável pelo aumento das chuvas, mas sem assumir qualquer responsabilidade pelo desastre da sua intervenção no setor elétrico, pelo desastre na condução macroeconômica do país e a sua responsabilidade para com a situação pela qual passam hoje milhões de brasileiros.


E as vaias durante o discurso?

Acho que esperadas. A presidente veio em busca de uma cena, de uma foto no Congresso Nacional. E ela, aqui, pode perceber o sentimento de boa parte do Congresso Nacional de repulsa à mentira, às promessas vazias e ao aumento da carga tributária. A oposição, e o PSDB em especial, estará vigilante para impedir que o aumento de carga tributária aprofunde ainda mais a recessão na qual o governo da presidente Dilma e do PT mergulhou o país no último ano e, infelizmente, continuará mergulhando por este e pelo próximo ano.


A presidente não vai ter o apoio da oposição na criação da CPMF, mas e em relação à DRU?

Para que a oposição possa discutir qualquer uma dessas propostas, a presidente tem que apresentá-las com apoio da sua base de sustentação. O que temos assistido corriqueiramente é a presidente e determinados ministros falarem uma coisa e a sua base aqui dizer o contrário, como se pudesse ter vários governos em um só.

Portanto, confiança e credibilidade quando se perde é muito difícil de se reconquistar. E a presidente da República, a presidente Dilma Rousseff, infelizmente, jogou fora todo crédito que tinha para poder liderar o processo de recuperação do país. Vou dizer não apenas como líder da oposição, mas como um senador da República e um homem público de muitos anos de mandato nesta Casa, achei a figura da presidente da República e as reações ao discurso dela um momento patético para ela própria e para o seu mandato.