Aécio Neves -Visita a Manaus

Depois de visitar a fábrica da Moto Honda e participar do Encontro Regional do PSDB da Amazônia Ocidental, o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, teve mais um dia de visitas em Manaus, no sábado. Ele foi até o Mercado Municipal, um dos patrimônios da capital amazonense, acompanhado do prefeito tucano, Artur Virgílio, e lideranças do partido. O senador teve uma recepção calorosa com talentos do folclore de Parintins. Depois, foi conhecer o porto de cargas de Manaus e fez o percurso de barco pelas águas do Rio Negro.

Aécio Neves – Entrevista em Manaus

O presidente do PSDB, senador Aécio Neves chegou, na tarde desta sexta-feira, a Manaus (AM), onde foi recebido por lideranças tucanas e concedeu uma entrevista à imprensa. Para os jornalistas, o senador  falou sobre a importância da viagem à região amazônica, sobre as obras inacabadas do governo federal,  sobre a agenda que será apresentada pelo PSDB e sobre as eleições de 2014.

 

Leia a transcrição da entrevista do senador:

 

Sobre viagem a Manaus

Vim aqui hoje conversar com companheiros de Manaus, da região amazônica, na busca da construção de um novo projeto ético, eficiente do ponto de vista da gestão, ousado e responsável na condução da economia e que possa permitir que o Brasil volte a crescer de forma sustentável e o restabeleça a confiança hoje perdida em relação ao Brasil. O Brasil se tornou um grande cemitério de obras inacabadas e é preciso que esse ciclo se encerre para que outro possa se iniciar.

 

Sobre recomendação do TCU para paralisação de obras

O Brasil é um cemitério de obras inacabadas não por culpa do TCU, mas por culpa da ausência de planejamento, de projetos que não são feitos adequadamente. As grandes obras, os grandes eixos de integração nacional estão todos eles com sobrepreços enormes. O governo do PT quer nos fazer crer que é natural planejar uma obra e apresentar um projeto absolutamente distante daquilo que vai ser executado. A paralisação dessas obras é fruto da incapacidade gerencial do governo. Vemos um governo que não tem o que entregar, ansioso pelo final da presidente.

 

Sobre agenda a ser apresentada pelo PSDB em dezembro

Vamos discutir aquilo que consideramos essencial para o país. Seja no campo econômico, para retomarmos um crescimento vigoroso. O Brasil crescerá esse ano apenas mais que a Venezuela na América do Sul. Do ponto de vista da gestão, uma agenda onde o setor privado não seja visto como inimigo do governo, mas como um parceiro necessário. Queremos no campo social muito mais do que o PT, que parece se contentar com a administração da pobreza. Queremos medidas que permitam efetivamente a sua superação. E vamos também falar de políticas regionais, obviamente, também da região amazônica. Avanços potenciais enormes que temos aqui, o avanço da infraestrutura, seja em rodovias, seja em hidrovias.

Minhas viagens têm muito esse objetivo. Colher subsídios, informações com aqueles que vivem os problemas e têm, a partir de suas experiências, propostas para apresentar. Poderia deixar para o ano que vem, mas resolvi antecipar e apresentar à discussão da sociedade conjunto de ideias que chamo hoje de agenda para o futuro.

 

Eleições 2014

Estamos em um momento da construção da nossa unidade. Ela é real hoje. Há um sentimento claro no PSDB, um ânimo que não se via em outros momentos do partido, porque temos uma responsabilidade enorme. Confio firmemente nisso. Para o bem do Brasil, temos que encerrar esse ciclo de governo do PT. Mais quatro anos de governo do PT farão muito mal ao Brasil. O PT abdicou de ter um projeto de transformação de país para ter exclusivamente um projeto de poder. O PSDB terá na hora certa um candidato, mas nesse momento considero mais produtivo que o PSDB apresente ao Brasil o que o diferencia do atual governo, deixe claro seu pensamento em relação à Federação, por exemplo, que está aniquilada.

Quando à questão estadual, o PSDB tem a tradição da descentralização e da autonomia da direção estadual do partido para decidir, tomar as decisões.

 

Resultados de pesquisas

Existe hoje no Brasil quase que um monólogo. Só quem fala é a presidente da República, com uma campanha milionária e presença maciça nos meios de comunicação. Estamos a praticamente um ano da eleição. Hoje o que há de relevante, o que é isonômico, você encontra em todas as pesquisas, é que mais de 60% das pessoas não querem votar na atual presidente da República nas próximas eleições. Mesmo ela tendo 100% de conhecimento e essa exposição avassaladora, com uso, a meu ver, impróprio de cadeia de rádio e televisão, quando lhe convém, para fazer propaganda de governo, algo que não existia antes. Fui governador do meu estado por duas vezes. Para você ter uma posição confortável para a reeleição, a presidente tinha que estar em uma posição com muitos pontos superiores ao que está hoje.

Aécio Neves – Entrevista em Manaus

O presidente do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista à imprensa, em Manaus (AM), na sexta-feira, e falou sobre a necessidade de o Brasil encerrar o ciclo de governo do PT. Segundo Aécio Neves, o atual governo perdeu a capacidade de ousar e de construir algo novo.

Aécio Neves – Segunda parte da Entrevista em São José do Rio Preto

O senador Aécio Neves concedeu entrevista, nesta sexta-feira (25/10), em São José do Rio Preto, onde participou de encontro com lideranças do PSDB. Ele falou sobre as condições da saúde no Brasil, sobre a necessidade de refundação da Federação e sobre os últimos dados das pesquisas eleitorais.

 

Leia, abaixo, mais alguns trechos da entrevista do senador Aécio Neves:
Sobre Mais Médicos

Não é um programa apenas que vai resolver o problema da saúde no Brasil. Pode até resolver o problema de marketing do governo. Até me assustei, ontem na propaganda eleitoral do PT, os médicos sendo usados para fazer campanha para o PT, recém-chegados aqui. Acho que inclusive é uma ilegalidade. Há no mínimo um abuso, uma falta de limites. O PT tem uma enorme dificuldade em separar aquilo que é público, daquilo que é privado, que é partidário.

A saúde pública no Brasil precisa de mais solidariedade do governo federal. Há 10 anos, o governo federal participava com 56% de todo financiamento de saúde no Brasil, do total do que se gastava com saúde pública no Brasil. Hoje gasta apenas 45%. Nós precisamos é de gerenciamento na saúde, de generosidade do governo para aprovar aquilo que ele não deixou sua base aprovar que era 10% das receitas brutas serem investidas na saúde. Foi a base do governo, orientada pela presidente da República, que impediu que nós tivéssemos mais recursos para a saúde pública. O Mais Médicos é um programa, mas tratar o Mais Médicos como uma solução para os problemas no país é desrespeitar os brasileiros. Estamos vendo as situações das Santas Casas, a precariedade dos municípios para ampliar o atendimento básico de saúde.

Sobre perda de autonomia dos municípios e da Federação

Federação é hoje é uma palavra solta em uma folha de papel. O governo do PT está transformando o Brasil num estado unitário, colocando estados e municípios cada vez mais dependentes, com pires na mão. Isso não é justo com o Brasil. Precisamos tomar medidas claras e termos uma agenda de medidas necessárias para restabelecer a capacidade de municípios e estados, eles próprios, enfrentarem suas dificuldades.

Minha história política é feita ao lado dos municípios. Governei por oito anos o estado que tem o maior número de municípios brasileiros. E os prefeitos de Minas querem sair pelo Brasil dizendo o que nós fizemos, as parcerias que construímos que nos permitiram ter hoje a melhor educação básica do Brasil, segundo o MEC, a melhor saúde pública do Sudeste, segundo o Ministério da Saúde.

O governo federal não atende, não acata nenhuma das propostas em discussão no Congresso Nacional que os fortaleça os municípios, seja a PEC da senadora Ana Amélia que aumenta em 2% os recursos do IPI e do IR que compõem o Fundo de Participação, seja uma PEC de minha autoria que impede a continuidade das desonerações nas parcelas de recursos dos estados e municípios. Nada disso anda no Congresso Nacional. Porque a presidente prefere ter ela o comando dos recursos e atender politicamente aqueles que obviamente estão ao seu lado. Isto não é correto com o Brasil.

Sobre pesquisa Ibope

Esses dados vistos agora são vistos de forma extemporânea até porque o nível de conhecimento dos candidatos é muito distante. Mas todas as pesquisas trazem algo incomum, que a meu ver é o mais relevante e que deve ser observado com muita atenção: 60% ou mais da população brasileira não querem votar na atual presidente da República, não querem dar à presidente Dilma mais um mandato. É isso que as pesquisas mostram. Tendo ela 100% de conhecimento, uma exposição midiática quase que diária, uma campanha bilionária dos órgãos do governo. Mesmo assim 60% da população ou mais não quer dar à ela o segundo mandato. Para estar segura e tranquila, ela precisaria estar tendo uma avaliação muito melhor que a avaliação que está tendo. Agora, campanha é no ano que vem.

Sobre candidatura do PSDB

No ano que vem, fevereiro ou março, é um bom momento para essa decisão ser tomada. Não tem uma data certa. E a partir da nossa unidade, apresentarmos ao Brasil a melhor alternativa.

O PSDB é a melhor alternativa para nós retomarmos o crescimento econômico com qualidade, de forma sustentável, avançando no fortalecimento da Federação, estados e municípios.

Aécio Neves – Entrevista coletiva em Curitiba

O senador Aécio Neves comentou, hoje (28/09), sobre a proposta do Encontro Regional do PSDB na região Sul, a formação de novos partidos políticos, a inflação, as eleições em 2014 e a palestra que fará em Nova York, na semana que vem, para investidores internacionais.

 

Leia a entrevista:

Sobre o encontro do PSDB em Curitiba

O PSDB faz um conjunto de reuniões pelo Brasil, para construir a sua proposta. Para dar as linhas finais a um projeto antagônico a este que está aí. Estamos aqui iniciando este caminho. Estivemos no Nordeste, na semana passada, hoje aqui em Curitiba, pela importância do Paraná na construção deste projeto, pela extraordinária liderança do governador Beto Richa. Pela presença hoje entre nós, para grande alegria minha, do senador e ilustre colega, líder do Senado, Álvaro Dias. Hoje, é um momento de convergência, de reencontro do PSDB com a sua própria história e, cada vez mais, de forma afirmativa, vamos dizer ao Brasil que este ciclo de governo do PT, em benefício dos brasileiros, merece ser encerrado.

Vamos contrapor a nossa visão da meritocracia na administração pública ao aparelhamento da máquina pública feita pelo PT. A nossa visão de política externa pragmática, em favor dos interesses nacionais, vamos contrapor a este alinhamento ideológico que tem orientado a política externa brasileira. Vamos falar de ética e de eficiência para nos contrapormos aos desvios éticos que este governo do PT tem mostrado ao Brasil e, ao mesmo tempo, a ineficiência como a sua principal marca.

Portanto, é um momento, muito vigoroso do PSDB. E começando pelo Paraná nos dá segurança de que teremos grande êxito, como temos tido aqui o PSDB no estado do Paraná ao longo dos últimos anos.

Sobre formação de novos partidos

Condenamos, lá atrás, a portabilidade, a possibilidade de alguém levar o seu tempo de televisão, o parlamentar eleito por um partido, levar a sua proporcionalidade no tempo, na constituição do fundo partidário. Houve uma decisão, a meu ver equivocada, do Supremo Tribunal Federal. O governo federal se apropriou e se aproveitou desta decisão e estimulou com as benesses que tem, oferecendo espaços de governo, estimulou que parlamentares migrassem da oposição para o governo. E depois quis impedir que isso acontecesse na direção oposta. É aquela velha história do menino que pega a bola, faz um gol e quer levar a bola para casa. Defendemos que nesta legislatura houvesse um tratamento isonômico seja para Marina criar seu partido, seja para que outras forças também se consolidassem. Mas eu defendo que encerrado este prazo de filiações partidárias haja, por parte do Congresso Nacional, uma rediscussão deste tema para que o mandato conquistado por um partido político pertença a aquele partido político. Apenas neste processo, não podíamos permitir que se liberasse a criação de partidos apenas no campo governista contra a oposição. Por isso, apoiamos a criação do Solidariedade, único partido que foi criado fora das benesses do governo.

Esse partido deve apoiar sua candidatura?

O tempo vai dizer. Temos agora de fazer uma conexão com a sociedade. O que temos feito nessas nossas andanças, é falando com o Brasil. É falando que o Brasil pode muito mais do que está tendo. Vamos crescer este ano apenas mais que a Venezuela aqui na América do Sul. A inflação de alimentos já ultrapassa 10%. Isso não é justo com os brasileiros. O PSDB tem a responsabilidade, não é nem a opção, não é nem a possibilidade, é a responsabilidade de apresentar este projeto. E lá na frente vamos ver quais serão os nossos aliados. Tenho absoluta convicção que vamos chegar, no momento certo, extremamente competitivos. O Brasil vai querer algo novo, algo que seja eficiente, que seja ético, e que seja ousado. Esta é a marca do PSDB

Sobre importância dos encontros regionais para campanha do ano que vem.

Estou aqui como presidente nacional do PSDB. As candidaturas, até porque a lei assim determina, devem surgir no ano que vem. E surgirão com muita naturalidade. Tenho muita confiança de que o PSDB vai estar unido. Outras forças vão se somar a nós. Isso é extremamente importante. E vamos chegar  lá na frente dando muito trabalho. E dizendo ao Brasil o seguinte: chega de ineficiência, chega de aparelhamento, o Brasil precisa avançar muito mais. Porque o mundo está indo, nós estamos ficando no final da fila. O resultado dos últimos processos de concessão mostram isso. Uma enorme descrença, uma enorme desconfiança em relação ao Brasil.

Sobre convite para palestra em Nova York

Faço, na semana que vem, uma palestra em Nova York, para cerca de 800 investidores na América Latina, e  a pauta que me chega é essa. Quando vai parar a intervenção do governo federal nos contratos assinados? Quando vai parar a mudança permanente das regras no jogo administrativo no Brasil? Essa semana passada muda-se mais uma vez as regras para concessão de aeroportos. Já tinham mudado há 15 dias atrás, e que já eram outras há 30 dias atrás. Isso gera uma enorme insegurança jurídica. Enquanto isso, outros países estão avançando e levando investimentos que poderiam estar chegando no Brasil.

Sobre pesquisa Ibope divulgada

O que essas pesquisas mostram para mim, de forma muito consistente, é que, em todas elas a mesma leitura, entre 60 e 65% da população brasileira não quer votar na atual presidente da República mesmo com essa mídia fantástica que ela tem. E nessa última pesquisa publicada ontem, do Ibope, em sete quesitos de avaliação do governo, seis avaliações extremamente negativas. Cerca de 80% da população acha que a gestão do atual governo em relação à saúde é muito ruim, em relação à educação, cerca de 70%, em relação à segurança, mais de 70% acham que é muito ruim. Apenas para citar alguns exemplos. Isso que é concreto.

Não dá para você comparar hoje, alguém que tem 100% de conhecimento, já disputou eleição presidencial, está todos os dias na mídia, com pessoas que não são ainda conhecidas. O dado consistente e que deve preocupar muito o governo é esse. Porque na minha avaliação, quem for para o segundo turno com a atual presidente da República, ganha as eleições. E eu espero que seja o PSDB.

Aécio Neves – Entrevista sobre a proposta da Reforma Política e o posicionamento da oposição

O senador Aécio Neves falou com a imprensa sobre a proposta de reforma política, o plebiscito, a agenda do Brasil real e a queda da popularidade da presidente Dilma.

 São Paulo – SP – 1º de julho de 2013

 

Sobre proposta de reforma política

Eu me lembro que a última vez em que a presidente da República falou sobre a reforma política foi no dia da posse no Congresso Nacional em seu discurso. Foi até muito aplaudida, inclusive por nós. Nesses dois anos e meio este tema não esteve na agenda do governo. É saudável até que ele esteja agora. Mas isso tem de ser feito com muita responsabilidade. O que estamos percebendo é o governo perdendo o rumo. No afã de dar respostas rápidas à sociedade brasileira, o governo está perdendo o foco mais uma vez. As oposições apresentaram uma agenda para o governo. O governo sequer se dispôs a comentá-la, o que mostra que realmente não há disposição de conversar com as oposições.

 

Houve convite às oposições?

Até agora não houve. Acho que neste instante até perdeu um pouco o sentido. Mostra que até nisso o governo federal tem dificuldades de tomar uma posição. Anunciou-se que haveria um convite às oposições, mas ela já conversou com todos aqueles que costumam concordar com as suas posições. Talvez até pelas oposições terem uma posição divergente da presidente, talvez por isso não tenhamos sido convidados.

 

O convite ao sr. não foi feito? 

Não foi feito a mim. Não foi feito às lideranças e, repito, acho que perdeu um pouco o sentido. Porque nós apresentamos uma pauta ao governo que passa pelo corte de metade dos cargos em comissão e metade dos ministérios poderiam ser extintos; investimentos na saúde poderiam ser aprovados no Congresso Nacional, assim como na educação; o fim do programa mirabolante, eu diria patético, do trem bala que custará R$ 50 bilhões aos cofres públicos. Poderia se substituído por investimentos nos metrôs das capitais.
Esta é a agenda que a oposição apresentou. Infelizmente o que estamos vendo é o governo mais uma vez dando respostas laterais e tentando, com este plebiscito de reforma política, abster-se da sua responsabilidade.

 

O sr. está dizendo é que se houvesse o convite não seria aceito de qualquer maneira?

Até estávamos dispostos a aceitar, mas no momento em que parece que a presidente já teve o amém ou a aquiescência daqueles que costumam aquiescer com as posições da presidente, nós temos dúvidas sobre para quê seria esta reunião. Se for para discutir esta pauta, uma pauta que interesse efetivamente ao Brasil, acho que poderíamos aceitar o convite. Mas se for para tirar mais uma fotografia ao lado da presidente da República, acho que ela certamente tem coisas mais relevantes a fazer.

 

Para discutir plebiscito ou referendo, por exemplo, valeria a reunião?

Acho que não porque esta é a pauta criada pelo governo e que o Congresso deve definir. Defendemos que o Congresso tenha uma agenda rápida para votar a reforma política e que depois seria submetida a um referendo. Isso me parece o mais razoável. Fazendo um plebiscito sobre matérias que não são de opções apenas sim ou não. São de opções múltiplas. É na verdade tentar tirar o foco da questão central. O governo tem fazer o pacto da reforma do Estado, cortando pela metade os ministérios e cargos públicos, até para justificar investimentos em outras áreas.
Fazer um pacto com o Congresso para que tenhamos 10% das receitas líquidas do governo investidas em saúde. 10% do PIB em educação. Projetos de mobilidade, sobretudo nos grandes centros, como as obras do metrô que não foram feitas durante este governo. Esta é a agenda do Brasil real. Esta é parte pelo menos da agenda que levou tantos brasileiros às ruas. A questão da reforma política é necessária, mas tem de ser feita com responsabilidade e, a meu ver, pelo Congresso Nacional.
Temos que ver qual é o objetivo desse plebiscito. Se for esclarecer a população para que ela possa opinar e tomar medidas adequadas, obviamente precisaremos de um prazo maior para que as pessoas compreendam o que é sistema eleitoral, como é feita a questão do financiamento público, o que é coligação proporcional, suas vantagens e desvantagens. Temos que debater a questão do mandato, eventualmente passar para cinco anos sem reeleição. Então, um conjunto de medidas que tradicionalmente, em qualquer parte do mundo, não são submetidas a um plebiscito. Não temos essa tradição, pela complexidade das questões. Se é para fazer com seriedade, é preciso, no mínimo, um tempo razoável para que as pessoas saibam no que vão esta votando. Me parece, mais uma vez, uma manobra, como foi a da constituinte exclusiva, que colocava em risco a ordem jurídica vigente no Brasil. Apenas um instrumento para tirar o foco das questões centrais. A má administração do país, a falta de resposta às questões que são concretas. Da mobilidade urbana, da baixíssima qualidade da educação, da falência do sistema de saúde, do aumento da criminalidade. É isso que as pessoas querem ouvir da presidente da República. Se ela acha que transferindo para o Congresso a responsabilidade de convocar um plebiscito estará de alguma forma abafando tirando do centro essas aflições dos brasileiros, acho que mais uma vez ela se enganará.

 

Como o sr. vê a queda de popularidade do presidente, mas também do PSDB e de governos do PSDB.
Na verdade, foi um recado claro a toda classe política. Em especial, aos governantes. Como temos no Brasil um centralismo muito grande, vivemos quase que em um Estado unitário, onde o poder central pode tudo, no momento da dificuldade, também, as pessoas tendem a responsabilizar o governo federal. Por isso, a queda da presidente foi maior. E ficou claro que o Brasil cor-de-rosa da propaganda oficial, do Brasil sem miséria, do Brasil de serviços públicos de altíssima qualidade, não existe. O governo federal teve que se confrontar com o Brasil real, onde as pessoas querem empregos de melhor qualidade, querem uma educação de maior qualidade, querem serviços públicos dignos. E se o governo insistir em não dar resposta a essas questões pode ser que a popularidade da presidente continue caindo.

 

Qual seria uma resposta à altura?

Eu faria algumas coisas simbólicas. O governo paquidérmico que tem hoje o Brasil é uma das motivações dessas manifestações. Eu cortaria pela metade o número de ministérios, metade dos mais de 25 mil cargos comissionados. Cancelaria o programa, por exemplo, do trem-bala, que custará R$ 50 bilhões, enquanto os metrôs das grandes capitais brasileiras precisam de investimentos.
Garantiria o apoio da base, que faltou até aqui, para que 10% das receitas líquidas da União fossem para a saúde, 12% dos estados já vão e 15% dos municípios já vão. Aprovar aquilo que propõe o Plano Nacional da Educação – 10% do PIB investido em educação – a médio, longo prazo, com metas, gestão eficiente no Brasil. Enfim, existe um conjunto de ações que o governo poderia tomar até do ponto de vista simbólico. Quem sabe a presidente da República vir a público dizer que espera que o Supremo Tribunal Federal conclua rapidamente o processo do mensalão e aqueles, eventualmente condenados, seja punidos. É isso, é por isso que clamou a população brasileira. Vejo a presidente da República tratando lateralmente essas questões.

 

O sr. acredita que esse clima de insatisfação no Congresso, dentro do próprio PT, da base aliada, as discussões sobre fim, ou não, de reeleição, podendo ser tradadas ainda para 2014, o sr. acha que favorece o clima de volta Lula?

Esse é um problema que não é nosso. O PT já está vivendo. O instituto da reeleição, ele quase que te obriga à reeleição, ele é quase que compulsório. A não candidatura de alguém que está no cargo é, no mínimo, a falência daquele governo. Ela vem com um atestado de, enfim, incapacidade de enfrentar os problemas. Mas esse é um problema que não quero comentar, vamos deixar que o PT  o resolva no tempo certo.
A nossa preocupação agora é cobrar ações para agenda real do Brasil. E não é essa que o governo busca apresentar ao país, apenas a questão da reforma política. Transferindo à população uma decisão sobre algo que a própria Presidência da República não tem posição. Não seria natural que ela dissesse ao Brasil qual reforma política que acha adequada? Fim de coligações, voto distrital misto, lista fechada, financiamento público? Porque, cada vez mais, vejo confundir-se com a pauta da Presidência da República a pauta do seu partido, do PT. Não podemos fazer uma reforma que seja para perpetuar, ou ampliar, o tempo de permanência do PT no governo. Temos que fazer uma reforma para dar maior representatividade aos partidos políticos, para dar mais eficiência ao processo político. E, obviamente, mais conexão dele com a sociedade.

 

O PSDB faz alguma autocrítica, considerando as últimas pesquisas.

Todos nós, de alguma forma, recebemos um sinal muito claro. A população brasileira quer respostas. Não foi um sinal apenas a um partido. Mas aquele que está no poder central, que arrecada hoje e que mantém cerca de 70% de tudo do que é arrecadado hoje sobre seu controle, obviamente, sobre ele há uma cobrança maior. Mas temos que ter humildade para reconhecer esse recado que, repito, é a toda classe política brasileira.