Pronunciamento durante reunião da Comissão de Relações Exteriores do Senado Federal

O senador Aécio Neves participou, nesta quinta-feira (20/08), de audiência pública promovida pela Comissão de Relações Exteriores para ouvir o jornalista venezuelano Miguel Otero, que denunciou o desrespeito do governo de Nicolás Maduro à liberdade de expressão. O senador sugeriu que a comissão faça um pedido formal à Organização dos Estados Americanos (OEA) para que envie observadores para acompanhar as eleições parlamentares na Venezuela, previstas para dezembro próximo.

Leia o pronunciamento do senador:
Serei bastante breve, mas o tema democracia e liberdade na América Latina, e em especial na Venezuela, é um tema que hoje tem espaço importante nos debates, não apenas no Congresso Nacional, mas na sociedade brasileira.

ALOYSIO NUNES: Se me permite, presidente: mesmo na campanha presidencial em que Vossa Excelência conduziu com brilhantismo a luta da oposição, o senhor colocou com muita clareza a necessidade de uma mudança na política externa brasileira para que ela pudesse realmente se alicerçar no princípio fundamental previsto pela Constituição, que é a da prevalência dos direitos humanos. E a questão da Venezuela foi colocada também durante a nossa campanha presidencial. Devolvo a palavra a Vossa Excelência, me perdoe a interrupção.

Agradeço a contribuição sempre oportuna de Vossa Excelência. E com a legitimidade de ter sido o meu grande parceiro nessa caminhada, como candidato à Vice-Presidência da República na minha chapa, para honra minha pessoal e de todos os nossos companheiros.

Mas a verdade é que a presença do senador Aloysio na presidência dessa comissão permitiu que esse tema fosse objeto de debates mais intensos no Congresso Nacional, com a presença de lideranças políticas da oposição aqui no Senado, com María Corina, talvez a primeira e mais expressiva delas, depois as esposas dos presos políticos Leopoldo Lopez, Caprilles, enfim, esse tema não é um tema estranho a esta Casa, que culminou com a nossa visita, ou a nossa tentativa de visita, à Venezuela, como tantas outras lideranças democráticas de outras partes – não apenas da América Latina, mas do mundo – lá fizeram. O desfecho Vossa Senhoria certamente dele tem conhecimento. Fomos impedidos de avançar em uma agenda pacífica, em uma agenda oficial do Senado Federal, e, da mesma forma que lá não pudemos cumprir esta agenda, aqui fomos acusados por alguns apoiadores do atual governo, que é solidário ao governo Maduro, de uma indevida interferência em assuntos internos da Venezuela. Disse, e já dizia na campanha eleitoral, repeti na nossa visita à Venezuela, e reitero aqui hoje – e fiz questão de, em outros fóruns internacionais dos quais participamos de dizer a mesma coisa.

Quando se trata de democracia, quando se trata de liberdade, não há que se respeitar fronteiras, porque todos nós acabamos por ser contaminados para o bem, quando os ventos da democracia, de alguma forma, chegam a determinados países, de alguma forma eles alcançam países vizinhos, mas também quando há o cerceamento da liberdade. Nós já assistimos na nossa história latino-americana essa contaminação perversa também ocorre. Por isso, uma preocupação hoje de todos nós, em relação às próximas eleições na Venezuela. E a questão que indago à Vossa Excelência é que assistimos, não sei se poderia chamar de distensionamento, mas alguns gestos, até mesmo pela pressão interna e externa, pela absoluta falência daquele modelo político e econômico. Tivemos alguns desses presos políticos, ainda não todos, em especial Leopoldo, retornando às suas casas.

E o anúncio da data das novas eleições parlamentares para o final do ano. A questão que se impõe é a seguinte: pelo que sabemos até agora não há uma demanda por parte do governo venezuelano oficial para que uma comissão da OEA, ou seja de outro organismo internacional ali se faça presente para acompanhar essas eleições. E a grande dúvida que fica. A Venezuela está em condições de fazer hoje uma eleição que represente, que expresse a vontade livre do povo venezuelano ou temos que nos preocupar ainda com qualquer tipo de manipulação em relação a essas eleições. Porque a questão essencial nesse instante que está às nossas mãos ou pelo menos ou pelo menos às nossas vistas é a possibilidade, de pela decisão democrática da população venezuelana, termos um resultado que corresponda à efetiva vontade desse povo.

Portanto, a nossa demanda ou talvez as duas questões essenciais que levamos e vossa excelência lá ao nosso lado disse isso com muita clareza, buscávamos nos solidarizar com os presos políticos na busca da sua liberdade e na garantia de eleições livres na Venezuela. Essa era a enxuta pauta que levamos na Venezuela. E Vossa Senhoria certamente, melhor do que nós, poderia dizer, em que condições se apresentam as próximas eleições, a sua preparação é motivo de preocupação crescente? Alguma outra ação Vossa Senhoria consideraria importante no sentido de que organismos internacionais ou delegações de países vizinhos possam de alguma forma se articular, seja através da Unasul, do Mercosul, para se fazerem presente, porque esta é a preocupação central que temos hoje. Porque está é uma oportunidade que efetivamente não pode ser perdida.

Segunda parte

…de observadores da OEA, mas há um dispositivo na Constituição da OEA, que, em casos extremos, em casos onde a democracia é ameaçada efetivamente, pode o Secretário-Geral daquela organização constituir uma comissão representativa para fazer este acompanhamento. Digo isso, porque acho que essa deveria ser a nossa ação pontual neste instante, além da solidariedade que, obviamente, jamais deixamos de expressar. Mas, quem sabe até por iniciativa desta comissão, em contato com outras comissões de relações exteriores de outros países vizinhos, uma moção à OEA, para que a OEA, que ainda também não tomou esta iniciativa, possa decidir por enviar uma comissão.

Obviamente, saberá fazer as tratativas com o governo venezuelano, mas como uma decisão do organismo, para que não percamos a oportunidade de ver essas eleições acompanhadas adequadamente. Acho que essa pode ser uma ação pensada depois por nós aqui, para que tenhamos pelos menos alguma tranquilidade de que essas eleições terão como resultado a vontade majoritária do povo venezuelano. Acho que é uma iniciativa que Vossa Excelência poderia eventualmente conduzir.

Comissão de Relações Exteriores

O senador Aécio Neves participou, nesta quinta-feira (20/08), de audiência pública promovida pela Comissão de Relações Exteriores para ouvir o jornalista venezuelano Miguel Otero, que denunciou o desrespeito do governo de Nicolás Maduro à liberdade de expressão. O senador sugeriu que a comissão faça um pedido formal à Organização dos Estados Americanos (OEA) para que envie observadores para acompanhar as eleições parlamentares na Venezuela, previstas para dezembro próximo.

George Gianni

George Gianni

Aécio Neves saúda definição da data de eleições legislativas na Venezuela e fim da greve de fome de López

Em discurso que centralizou as atenções do plenário do Senado nesta terça-feira (23/06), o senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB, comemorou a definição das eleições parlamentares na Venezuela, marcadas para dezembro, e o fim da greve de fome do opositor Leopoldo López, quatro dias após a viagem de senadores brasileiros a Caracas.

“Sucesso maior não poderia ter tido essa missão. Se pudéssemos na ida pensar numa forma de transformar aquela missão em exitosa, não imaginaríamos que, poucas horas depois de pisarmos o solo sagrado da pátria brasileira, teríamos a notícia da definição da data das eleições parlamentares naquele país fixada no dia seis de dezembro deste ano.  Certamente, não apenas a nossa visita, mas o conjunto de pressões vindas do exterior, que mobilizou países vizinhos, que mobilizou países da Europa, que mobilizou a ONU, através da sua comissão de direitos humanos, organizações como a OEA, possibilitaram a definição mais rapidamente da data”, disse o senador em pronunciamento nesta tarde.

Aécio Neves voltou a lamentar a violência sofrida pelo grupo de senadores brasileiros em Caracas, onde foram impedidos de se locomover por diferentes ações do militantes do regime de Nicolas Maduro, mas considerou que o alcance de duas das reivindicações feitas pela retomada da democracia no país representa um importante avanço.

O senador leu trecho da nota emitida pelo presidente da OAB em solidariedade aos senadores brasileiros e anunciando a organização de uma comitiva de advogados para avaliar as denúncias de violação aos direitos humanos nas prisões de oposicionistas ao regime Maduro. As informações são de que Venezuela mantém mais de 80 presos políticos.

“Recebi com muita alegria uma manifestação do sr. Marcus Vinícius Furtado Coelho, presidente da OAB nacional, que prestava sua solidariedade aos parlamentares que estiveram na Venezuela e dizia que a OAB está articulando uma comitiva internacional de advogados para que visitem a Venezuela, avaliem as condições dos presídios e busquem acesso aos autos dos processos contra políticos detidos naquele país”, disse Aécio Neves.

 

Carta de Maria Corina

O senador recebeu hoje carta da deputada Maria Corina Machado em agradecimento à visita dos senadores brasileiros. Em nome dos venezuelanos, ela agradeceu a solidariedade recebida dos parlamentares brasileiros e classificou as agressões feitas à missão oficial do Senado como “um dos mais graves erros cometidos por Maduro”.

A esposa de Lopez, Lilian Tintori, que também recebeu a comitiva de senadores em Caracas, telefonou pela manhã ao presidente do PSDB, comunicando o encerramento da greve de fome de Lopez após 30 dias de protesto. Uma das agendas previstas pela comitiva brasileira era uma visita ao presídio onde Lopez é mantido preso.

 

Postura do governo

Aécio reiterou as críticas à omissão do governo brasileiro frente às violações de direitos humanos cometidas pelo regime de Maduro.

“Não faz muito tempo que aqui mesmo no Brasil, presos políticos acossados, atemorizados por uma ditadura que vigorou por mais de 20 anos em nosso solo. Tenho certeza que consideravam quase que como um bálsamo de esperança as manifestações de países democráticos e de lideranças desses países pela sua soltura, pela sua liberdade e pelo fim das trevas do autoritarismo em nosso país”, comparou.

Viagem de Senadores à Venezuela

O senador Aécio Neves saudou, hoje (23/06),  o alcance de duas das reivindicações feitas pelos parlamentares brasileiros que foram a Caracas em missão oficial na semana passada: a definição da data das eleições legislativas na Venezuela e o fim da greve de fome de 30 dias do líder oposicionista Leopoldo Lopez, em protesto por sua prisão pelo regime de Nicolas Maduro.

O senador Aécio Neves lamentou, mais uma vez, o uso da violência contra a missão do Senado brasileiro, e atribuiu a definição das eleições legislativas no país como resultado da soma de esforços internacionais, da União Europeia, da OEA e da ONU em favor da retomada das práticas democráticas na Venezuela.

 

Veja os principais trechos do pronunciamento do senador Aécio Neves:

Na última quinta-feira, dia 18, um grupo de senadores cumprindo uma determinação do plenário do Senado Federal, portanto do conjunto dessa Casa, em missão oficial, se dirige à Venezuela para em primeiro lugar cumprir uma missão humanitária, expressar a nossa solidariedade a presos políticos, a homens que, por divergirem do governo, por se oporem à forma como a Venezuela vem sendo governada,  foram privados da sua liberdade. Não faz muito tempo que aqui mesmo no Brasil, presos políticos acossados, atemorizados por uma ditadura que vigorou por mais de 20 anos em nosso solo. Tenho certeza que consideravam quase que como um bálsamo, um bálsamo de esperança as manifestações de países democráticos e de lideranças desses países pela sua soltura, pela sua liberdade e pelo fim das trevas do autoritarismo em nosso país.  Não foram poucas as lideranças que se manifestaram em favor dos perseguidos políticos no Brasil. Inclusive, lideranças democráticas da Venezuela que visitamos.

Por isso, de toda essa conturbada viagem, o que fica para mim mais claro e mais incompreensível é a omissão e a fragilidade das posições do governo brasileiro em relação ao ocorrido em solo venezuelano. Não fomos à Venezuela armados. Não fomos atentar contra um presidente da República eleito. Fomos sim, legitimamente, cumprir o papel de parlamentares de nos solidarizarmos não apenas com os presos que eram o objetivo no primeiro momento, mas com todas as outras lideranças da oposição, e ouvimos dessas lideranças relatos pessoais em relação ao que vem ocorrendo na Venezuela.

Talvez, tivesse havido respeito ao Congresso brasileiro por parte do governo venezuelano, essa visita não teria tido a repercussão que teve. Cumpriríamos a nossa missão de paz, nos reuniríamos em uma mesa de unidade democrática que reúne mais de 10 partidos de oposição. Estaríamos com o candidato derrotado das eleições venezuelanas, Capriles. E provavelmente retornaríamos ao Brasil fazendo dessa tribuna um relato da nossa missão.

Mas o que ocorreu foi absolutamente surpreendente. Fomos impedidos de chegar ao nosso destino. Não com argumentos, mas com violência. O que me constrange nesse instante é saber, quando voltamos ao Brasil, que aqui desta tribuna, além da solidariedade que recebemos de senadores, como a senadores Ana Amélia, entre outros, ouvimos reparos, ouvimos críticas de colegas nosso à nossa postura.

Todos têm no regime democrático direito a se manifestar da forma que achar a mais adequada. Não podem tirar o nosso. Sucesso maior não poderia ter tido essa missão. Se pudéssemos na ida pensar numa forma de transformar aquela missão numa missão exitosa, não imaginaríamos que poucas horas depois de pisarmos o solo sagrado da pátria brasileira teríamos a notícia da definição da data das eleições parlamentares naquele país fixada no dia seis de dezembro deste ano.  Certamente, não apenas a nossa visita – vamos ser absolutamente claros – mas o conjunto de pressões vindas do exterior, que mobilizou países vizinhos, que mobilizou países da Europa, que mobilizou a ONU através da sua comissão de direitos humanos, organizações como a OEA, certamente, ao lado da nossa missão, possibilitaram a definição mais rapidamente daquela data.

E hoje pela manhã recebi, tomo a liberdade aqui de externar a cada um dos senhores, um telefonema de Lilian Tintori, esposa de Leopoldo López, que me informava que dentro de poucas horas estaria dando conhecimento de uma carta do preso político Leopoldo que aqui vou pedir que seja registrada nos anais desta Casa, e que depois de 30 dias encerrava sua greve de fome. E pedia Leopoldo à sua esposa Lilian que agradecesse de forma muito, mas muito especial, a presença em solo venezuelano da delegação brasileira, que, segundo palavras de sua esposa, teve para ele um efeito motivador porque ele sabe que conseguiu fazer o que era essencial: chamar atenção do mundo democrático para o que vem acontecendo na Venezuela.

Em nenhum momento fomos lá atiçar, fomos lá cobrar a derrubada de um presidente da República eleito. Fomos, sim, cobrar aquilo que cobraremos daqui até o dia das eleições: transparência nas eleições que estão por vir. Nada mais nos motiva do que termos aqui próximo a nós um povo irmão da Venezuela vivendo em paz, vivendo em segurança e buscando construir seu desenvolvimento econômico e social a partir da vontade da sua gente.

Quero registrar que recebi com muita alegria, como recebi  dos demais membros dessa delegação, uma manifestação do sr. Marcus Vinícius Furtado Coelho, presidente da OAB nacional que prestava sua solidariedade aos parlamentares que estiveram na Venezuela e dizia que, passo a ler o texto do sr. Marcus Vinícius, “que devido a suspeitas  sobre desrespeito a direitos humanos e ao devido processo legal, a OAB está articulando uma comitiva internacional de advogados para que visitem a Venezuela, avaliem as condições dos presídios e busquem acesso aos autos dos processos contra políticos detidos naquele pais”.

Portanto, era uma causa que deveria unir os democratas deste país. Não vou aqui me ater mais uma vez, até porque sexta-feira já falamos de forma extremamente detalhada, sobre o ocorrido, sobre a participação maior ou menor que deveria ter havido do corpo diplomático brasileiro naquele país, para me ater à questão central: eram duas as demandas que levávamos à Venezuela. A demarcação da data das eleições  e a soltura dos presos políticos. E um apelo que lá fizemos, todos nós, pelo encerramento da greve de fome por parte de Leopoldo López. E isso ocorreu.

Encerra-se essa greve e nós teremos mais um grave combatente das oposições daquele país, em condições de conquistar aquilo que é essencial, a sua liberdade e a partir dela, democraticamente, apoio junto à população daquele país.

Portanto, o que fizemos, um conjunto de senadores de oposição e também da base governista, foi exercer uma prerrogativa fundamental de parlamentares eleitos. O que ocorreu na Venezuela não merece solidariedade por parte daqueles que eleitos pelo voto popular querem exatamente o que nós queremos. Uma missão de paz num país que se diz democrático não pode ser recebida como foi recebida a comissão brasileira. Porque naquele mesmo instante, muitos ou poucos dias antes  lideranças importantes da Venezuela, do governo venezuelano, como o presidente da Assembleia Nacional, foi recebido aqui, mesmo sem agenda pré-fixada, pela presidente  da República, pelo ex-presidente da República, e nós não fizemos nenhuma objeção a isso.

Portanto, para que fique aqui absolutamente claro. Eu quero cumprimentar cada um dos senadores que nos acompanharam, quero cumprimentar todos aqueles que votaram pela criação dessa comissão, pois a omissão, a grave omissão do Brasil nessa questão  foi suprida pela presença firme e corajosa  e altaneira dos senadores brasileiros.

Aécio Neves – Viagem de Senadores à Venezuela

O senador Aécio Neves saudou, hoje (23/06),  o alcance de duas das reivindicações feitas pelos parlamentares brasileiros que foram a Caracas em missão oficial na semana passada: a definição da data das eleições legislativas na Venezuela e o fim da greve de fome de 30 dias do líder oposicionista Leopoldo Lopez, em protesto por sua prisão pelo regime de Nicolas Maduro.

O senador Aécio Neves lamentou, mais uma vez, o uso da violência contra a missão do Senado brasileiro, e atribuiu a definição das eleições legislativas no país como resultado da soma de esforços internacionais, da União Europeia, da OEA e da ONU em favor da retomada das práticas democráticas na Venezuela.

 

Veja os principais trechos do pronunciamento do senador Aécio Neves:

Na última quinta-feira, dia 18, um grupo de senadores cumprindo uma determinação do plenário do Senado Federal, portanto do conjunto dessa Casa, em missão oficial, se dirige à Venezuela para em primeiro lugar cumprir uma missão humanitária, expressar a nossa solidariedade a presos políticos, a homens que, por divergirem do governo, por se oporem à forma como a Venezuela vem sendo governada,  foram privados da sua liberdade. Não faz muito tempo que aqui mesmo no Brasil, presos políticos acossados, atemorizados por uma ditadura que vigorou por mais de 20 anos em nosso solo. Tenho certeza que consideravam quase que como um bálsamo, um bálsamo de esperança as manifestações de países democráticos e de lideranças desses países pela sua soltura, pela sua liberdade e pelo fim das trevas do autoritarismo em nosso país.  Não foram poucas as lideranças que se manifestaram em favor dos perseguidos políticos no Brasil. Inclusive, lideranças democráticas da Venezuela que visitamos.

Por isso, de toda essa conturbada viagem, o que fica para mim mais claro e mais incompreensível é a omissão e a fragilidade das posições do governo brasileiro em relação ao ocorrido em solo venezuelano. Não fomos à Venezuela armados. Não fomos atentar contra um presidente da República eleito. Fomos sim, legitimamente, cumprir o papel de parlamentares de nos solidarizarmos não apenas com os presos que eram o objetivo no primeiro momento, mas com todas as outras lideranças da oposição, e ouvimos dessas lideranças relatos pessoais em relação ao que vem ocorrendo na Venezuela.

Talvez, tivesse havido respeito ao Congresso brasileiro por parte do governo venezuelano, essa visita não teria tido a repercussão que teve. Cumpriríamos a nossa missão de paz, nos reuniríamos em uma mesa de unidade democrática que reúne mais de 10 partidos de oposição. Estaríamos com o candidato derrotado das eleições venezuelanas, Capriles. E provavelmente retornaríamos ao Brasil fazendo dessa tribuna um relato da nossa missão.

Mas o que ocorreu foi absolutamente surpreendente. Fomos impedidos de chegar ao nosso destino. Não com argumentos, mas com violência. O que me constrange nesse instante é saber, quando voltamos ao Brasil, que aqui desta tribuna, além da solidariedade que recebemos de senadores, como a senadores Ana Amélia, entre outros, ouvimos reparos, ouvimos críticas de colegas nosso à nossa postura.

Todos têm no regime democrático direito a se manifestar da forma que achar a mais adequada. Não podem tirar o nosso. Sucesso maior não poderia ter tido essa missão. Se pudéssemos na ida pensar numa forma de transformar aquela missão numa missão exitosa, não imaginaríamos que poucas horas depois de pisarmos o solo sagrado da pátria brasileira teríamos a notícia da definição da data das eleições parlamentares naquele país fixada no dia seis de dezembro deste ano.  Certamente, não apenas a nossa visita – vamos ser absolutamente claros – mas o conjunto de pressões vindas do exterior, que mobilizou países vizinhos, que mobilizou países da Europa, que mobilizou a ONU através da sua comissão de direitos humanos, organizações como a OEA, certamente, ao lado da nossa missão, possibilitaram a definição mais rapidamente daquela data.

E hoje pela manhã recebi, tomo a liberdade aqui de externar a cada um dos senhores, um telefonema de Lilian Tintori, esposa de Leopoldo López, que me informava que dentro de poucas horas estaria dando conhecimento de uma carta do preso político Leopoldo que aqui vou pedir que seja registrada nos anais desta Casa, e que depois de 30 dias encerrava sua greve de fome. E pedia Leopoldo à sua esposa Lilian que agradecesse de forma muito, mas muito especial, a presença em solo venezuelano da delegação brasileira, que, segundo palavras de sua esposa, teve para ele um efeito motivador porque ele sabe que conseguiu fazer o que era essencial: chamar atenção do mundo democrático para o que vem acontecendo na Venezuela.

Em nenhum momento fomos lá atiçar, fomos lá cobrar a derrubada de um presidente da República eleito. Fomos, sim, cobrar aquilo que cobraremos daqui até o dia das eleições: transparência nas eleições que estão por vir. Nada mais nos motiva do que termos aqui próximo a nós um povo irmão da Venezuela vivendo em paz, vivendo em segurança e buscando construir seu desenvolvimento econômico e social a partir da vontade da sua gente.

Quero registrar que recebi com muita alegria, como recebi  dos demais membros dessa delegação, uma manifestação do sr. Marcus Vinícius Furtado Coelho, presidente da OAB nacional que prestava sua solidariedade aos parlamentares que estiveram na Venezuela e dizia que, passo a ler o texto do sr. Marcus Vinícius, “que devido a suspeitas  sobre desrespeito a direitos humanos e ao devido processo legal, a OAB está articulando uma comitiva internacional de advogados para que visitem a Venezuela, avaliem as condições dos presídios e busquem acesso aos autos dos processos contra políticos detidos naquele pais”.

Portanto, era uma causa que deveria unir os democratas deste país. Não vou aqui me ater mais uma vez, até porque sexta-feira já falamos de forma extremamente detalhada, sobre o ocorrido, sobre a participação maior ou menor que deveria ter havido do corpo diplomático brasileiro naquele país, para me ater à questão central: eram duas as demandas que levávamos à Venezuela. A demarcação da data das eleições  e a soltura dos presos políticos. E um apelo que lá fizemos, todos nós, pelo encerramento da greve de fome por parte de Leopoldo López. E isso ocorreu.

Encerra-se essa greve e nós teremos mais um grave combatente das oposições daquele país, em condições de conquistar aquilo que é essencial, a sua liberdade e a partir dela, democraticamente, apoio junto à população daquele país.

Portanto, o que fizemos, um conjunto de senadores de oposição e também da base governista, foi exercer uma prerrogativa fundamental de parlamentares eleitos. O que ocorreu na Venezuela não merece solidariedade por parte daqueles que eleitos pelo voto popular querem exatamente o que nós queremos. Uma missão de paz num país que se diz democrático não pode ser recebida como foi recebida a comissão brasileira. Porque naquele mesmo instante, muitos ou poucos dias antes  lideranças importantes da Venezuela, do governo venezuelano, como o presidente da Assembleia Nacional, foi recebido aqui, mesmo sem agenda pré-fixada, pela presidente  da República, pelo ex-presidente da República, e nós não fizemos nenhuma objeção a isso.

Portanto, para que fique aqui absolutamente claro. Eu quero cumprimentar cada um dos senadores que nos acompanharam, quero cumprimentar todos aqueles que votaram pela criação dessa comissão, pois a omissão, a grave omissão do Brasil nessa questão  foi suprida pela presença firme e corajosa  e altaneira dos senadores brasileiros.

Discurso na Tribuna do Senado

O senador Aécio Neves saudou hoje (23/06) o alcance de duas das reivindicações feitas pelos parlamentares brasileiros que foram a Caracas em missão oficial na semana passada: a definição da data das eleições legislativas na Venezuela e o fim da greve de fome do líder oposicionista Leopoldo Lopez, que durante 30 dias em protesto por sua prisão pelo regime de Nicolas Maduro.

O presidente do PSDB lamentou, mais uma vez, o uso da violência contra a missão do Senado brasileiro, e atribuiu a definição das eleições legislativas no país como resultado da soma de esforços internacionais, da OEA e da ONU em favor da retomada das práticas democráticas na Venezuela.