Entrevista coletiva

“A presidente Dilma não tem hoje autoridade e credibilidade, pelas mentiras infinitas que lançou ao Brasil inteiro, de dialogar com as oposições. Não há alteração de um milímetro sequer na posição do PSDB. Continuaremos a combater com todo vigor esse governo que levou o Brasil à mais grave crise econômica e social da nossa história contemporânea, continuaremos apoiando a fundo as investigações da Operação Lava Jato e discutiremos sim as propostas que venham do governo desde que venham com apoio do PT e da base do governo”, afirmou o presidente nacional do PSDB, Aécio Neves, após reunião da bancada de senadores tucanos e o presidente do Senado para discussão da pauta de projetos que as oposições e a base do governo se preparam para votar no Senado.

George Gianni

George Gianni

Aécio Neves – Entrevista coletiva sobre a pauta de votações do Senado

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta terça-feira (16/02), em Brasília. Aécio falou sobre a pauta de votações do Senado, previdência, projetos do PSDB, isenção para empresas de saneamento e CPMF.

Leia a transcrição da entrevista do senador:
Sobre proposta do PSDB para pauta do Senado.

A proposta que fiz ao senador Renan, e que hoje se concretiza com essa reunião, é que, compreendendo, por um lado um ano atípico, um ano eleitoral, onde teremos certamente um calendário legislativo mais curto, e, por outro lado, em face do agravamento da crise econômica, fiscal e social por que passa o país, é necessário que o Senado dê a sua contribuição, e a sugestão que fiz, acatada pelo presidente Renan e por todos os líderes, é que estabeleçamos desde já, ouvidos os blocos partidários, as prioridades de cada um desses blocos. Hoje, às 15h30, vamos receber na Liderança do PSDB, o presidente Renan, e vamos apresentar a ele aquelas propostas que, do nosso ponto de vista, deveriam ser votadas ainda este ano. E nos disporemos também a estar discutindo em plenário propostas que sejam de interesse da base ou de interesse do próprio governo.

Além das propostas já ditas, do novo marco das estatais, do senador Tasso (Jereissati), a questão também da revisão do modelo de partilha proposto pelo senador (José) Serra, além de propostas que apresentei em relação a uma nova governança dos fundos de pensão para que eles sejam despartidarizados. Estaremos incluindo também uma proposta apresentada por nós desde 2010, encampada pela presidente Dilma durante a campanha eleitoral, e como é regra nas propostas dela, também não cumprida, aquela que fala da desoneração das empresas de saneamento, para que elas possam investir mais em saneamento, e essa seria mais uma contribuição do Congresso Nacional ao enfrentamento dessa epidemia causada pelo zika vírus, que toma conta de todo o país. Portanto, essa proposta do senador Aloysio também será elencada por nós como prioritária.

Mas quero dizer de forma absolutamente enfática, em face de notícias que li hoje nos jornais. Não há alteração de um milímetro sequer na posição do PSDB. Continuaremos a combater com todo vigor esse governo que levou o Brasil à mais grave crise econômica e social da nossa história contemporânea, continuaremos apoiando a fundo as investigações da Operação Lava Jato e discutiremos sim as propostas que venham do governo – e esta é uma questão central – desde que venham com apoio do PT e da base do governo.


Sobre a reforma da previdência.

Me refiro de forma específica em relação à questão previdenciária. Na campanha eleitoral já falávamos da necessidade de fazer uma reforma da Previdência. Fui acusado na época de pessimista, de alguém que quer fazer maldade para com os aposentados brasileiros. Ao contrário, o que nós queríamos era garantir a sobrevivência de uma Previdência em benefício dos seus beneficiários.

É preciso que o governo, além do jogo de cena habitual, apresente ao Congresso Nacional uma proposta com apoio da sua base, e em especial do seu partido. Porque no momento em que nós assistimos a presidente da República, em uma mensagem, com a sua própria presença aqui, no Congresso Nacional, falar da necessidade dessa reforma, dias depois nós ouvimos o ministro da área, o ministro do Trabalho e da Previdência dizer que isso não é prioridade para o governo. O que sabemos hoje é que esse governo tem apenas uma prioridade, e essa é nefasta, ela é contrária aos interesses da sociedade brasileira, que é o aumento da carga tributária, com a recriação da CPMF.

O PSDB será contra esta proposta e cobra do governo atitude, formulações, e não apenas a transferência, mais uma vez, para as costas dos trabalhadores, da sociedade brasileira, das consequências da sua ineficiência e da sua irresponsabilidade. Portanto, é preciso que o governo apresente com seriedade qual é a sua proposta, mas que ela chegue no Congresso Nacional com apoio da sua base. Aí sim o PSDB e as oposições estão dispostas a sentar na mesa e discutir aprimoramentos ou até mesmo apoio a essa proposta. Sem isso, na verdade, é mais uma das inúmeras peças de marketing desse governo que tem nos trazido esse estado de absoluta calamidade e desesperança no seio de todas as famílias brasileiras.


Na reunião ontem, no Palácio do Planalto, entre os líderes partidários da base da presidente Dilma, ela chegou a dizer que iria procurar a oposição e chegou a citar nominalmente o senador Tasso para conversar. O Sr. também estaria disposto a conversar com a presidente Dilma?

O diálogo que a presidente tem que propor é ao Congresso Nacional, que apresente propostas. A presidente não tem hoje autoridade e credibilidade, pelas mentiras infinitas que lançou ao Brasil inteiro, de dialogar com as oposições. As propostas que estamos dispostos a discutir serão aquelas encaminhadas pelo governo, pela base de apoio e que venham com a sustentação dessa mesma base. Porque não é aceitável que em um momento de agravamento da crise como estamos vivendo – e, infelizmente, essa crise se aprofundará nos próximos meses –, termos um governo que não controla, não diria nem a sua base, mas o seu próprio partido.

Se o seu partido não apoia algumas dessas propostas, como pode ser cobrado da oposição um apoio a algo que ela não consegue construir nem na sua própria base? Cabe à presidente da República – até para que no futuro possa se colocar em condições de dialogar com as oposições – dialogar com a sua própria base e convencer seu próprio partido da necessidade dessas reformas. Sem isso, repito, é mais um jogo de cena, como muitos daqueles que estamos assistindo ao longo de todos esses anos e que nos trouxeram a essa crise sem precedentes.


O projeto de saneamento é de autoria da oposição? Ele está onde?

Essa proposta é do senador Aloysio [Nunes]. Ela já está, a meu ver, em condições de ir a plenário. Foi colocada pelo senador Serra em 2010, foi reiterada por mim. Consta no programa de governo que apresentamos em 2014 ao país, e que desonera as empresas de saneamento do PIS/Cofins.

Hoje o conjunto de empresas de saneamento de todo país paga mais em impostos do que investem em saneamento. Portanto, também não é aceitável que a presidente da República fale de um déficit histórico de saneamento – e nisso posso até concordar com ela – dizendo que seu governo prioriza saneamento. Se priorizasse teria cumprido com esse compromisso que ela assumiu durante a campanha eleitoral. Essa proposta inicial do senador Aloysio Nunes está, a meu ver, em condições, se houver consenso, de ir a plenário.


Sobre a agenda comum ao Senado.

Apenas para que fique bem claro, o que estamos acertando é que os seis blocos partidários estabeleçam as suas prioridades. Caberá ao presidente Renan [Calheiros] definir o conjunto, o número de propostas que cada bloco poderia apresentar, obviamente respeitada aí uma certa proporcionalidade. Não teremos, obviamente, acerto de mérito na votação dessas propostas, mas de procedimento. Não haveria, por exemplo, obstrução. Seria garantido espaço para eventualmente destacar alguns pontos desses projetos. E, se pudéssemos ousar um pouco – fiz também essa proposta – definiríamos o tempo para o debate de cada uma dessas propostas. Um, dois, três dias, uma semana inteira, dependendo do tema, como o do petróleo, por exemplo, que poderia ser, o primeiro deles. Com isso, desde já, ou nos próximos dias, já saberíamos qual a pauta dos próximos quatro meses.

A proposta do governo, se o governo quiser trazer, por exemplo, a CPMF para o plenário, discutiremos a CPMF. Não vamos obstruir. Vamos votar contra. Vamos mostrar que a CPMF amplia, aprofunda a recessão no país. Não ajuda em nada a superação da crise. Da mesma forma esperamos que eles possam votar o novo regime de gerência das estatais, dos fundos de pensão que apresentei na Comissão de Constituição e Justiça. E a questão da partilha que, me parece, já sensibiliza alguns setores da própria base do governo.


Sua proposta foi aceita? O presidente do Senado é quem vai dar a palavra final e a definição é no voto no plenário?

A prerrogativa de estabelecer a pauta é do presidente. Mas quando isso não é feito consensualmente você abre espaço para a obstrução. Ficamos nas últimas semanas aqui discutindo pauta sem entrar no mérito de matérias importantes durante horas e horas. O que é novidade deste processo. O presidente vai ouvir os blocos partidários. Ouvirá o PSDB e agradeço a deferência hoje, às 15h30. Vamos apresentar a eles as nossas propostas. Ele deve fazer isso nos próximos dois ou três dias. Disse que ouvirá a própria presidente da República e acho lícito que ela também apresente as propostas que considere mais relevantes e, a partir daí, nosso compromisso de procedimento: não haverá obstrução. Vamos debater essas propostas. Vamos apresentar eventualmente emendas a elas e vamos votar.

Acho que esta é a contribuição do Congresso Nacional e o Senado da República, em especial, pode dar ao país para ajudar a minimizar os efeitos danosos e dramáticos dessa crise da qual o governo da presidente Dilma mergulhou o Brasil.

Não há alteração de um milímetro sequer na posição do PSDB em relação ao governo, garante Aécio Neves

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, ressaltou, nesta terça-feira (16/02), que o partido não irá retroceder em sua posição de combate ao governo Dilma Rousseff. Após a reunião com o presidente do Senado, Renan Calheiros, dando início a definição de uma agenda de votações do Senado este ano, Aécio Neves, que foi autor da proposta de organização de uma pauta de prioridades das bancadas, disse que as oposições apoiarão as medidas consideradas importantes para a população, mas permanecerão trabalhando no combate aos erros do governo e no apoio às investigações de corrupção nas estatais.

“Não há alteração de um milímetro sequer na posição do PSDB. Continuaremos a combater com todo vigor esse governo que levou o Brasil à mais grave crise econômica e social da nossa história contemporânea. Continuaremos apoiando a fundo as investigações da Operação Lava Jato e discutiremos sim as propostas que venham do governo, desde que venham com apoio do PT e da base do governo”, afirmou o senador, em entrevista.

O presidente nacional do PSDB também criticou Dilma Rousseff por transferir para a sociedade o alto custo dos erros cometidos pelo governo na condução da economia nos últimos anos e reiterou que as bancadas tucanas votarão contra a nova cobrança da CPMF. Na avaliação de Aécio, a volta do imposto aumenta a carga tributária e terá como efeito o agravamento da crise econômica e social no país.

“Se o governo quiser trazer a CPMF para o plenário, nós discutiremos a CPMF, não vamos obstruir, mas vamos votar contra. Vamos mostrar que ela amplia, aprofunda, a recessão no país, não ajuda em nada a superação da crise. Da mesma forma que nos esperamos que eles possam votar o novo regime de gerência das estatais, dos fundos de pensão que apresentei na Comissão de Constituição e Justiça e a questão da partilha do pré-sal, que, me parece, já sensibiliza alguns setores da própria base do governo”, afirmou.

Aécio Neves disse também que a presidente da República precisa convencer a sua base no Congresso a votar as medidas de interesse do governo. O senador citou como exemplo da falta de apoio dos deputados do PT para a reforma da Previdência. A reforma foi prometida pela presidente Dilma na reabertura do ano legislativo, mas, em seguida, foi rechaçada pelo próprio ministro da área.

Aécio Neves afirmou ainda que a pauta de projetos de interesse do governo deve ser encaminhada ao Congresso, e não às oposições.

“O diálogo que a presidente tem que propor é ao Congresso Nacional, que apresente as propostas. A presidente não tem hoje autoridade e credibilidade, pelas mentiras infinitas que lançou ao Brasil inteiro, de dialogar com as oposições. As propostas que estamos dispostos a discutir serão aquelas encaminhadas pelo governo, pela base de apoio e que venham com a sustentação dessa mesma base. Porque não é aceitável que em um momento de agravamento da crise como estamos vivendo – e, infelizmente, essa crise se aprofundará nos próximos meses –, termos um governo que não controla, não diria nem a sua base, mas o seu próprio partido”, criticou o senador Aécio Neves.


Acordo para votações

A reunião dos líderes partidários na presidência do Senado foi uma proposta sugerida pelo senador Aécio Neves ao presidente da Casa, Renan Calheiros, para dar agilidades aos projetos considerados importantes para a população. A proposta do presidente do PSDB é que os partidos façam um acordo de procedimentos e criem um calendário de temas para votação, afim de evitar perda de tempo em plenário com discussões sobre que o será discutido e votado.

“A proposta que fiz ao senador Renan, e que hoje se concretiza com essa reunião, é que, compreendendo, por um lado um ano atípico, um ano eleitoral, onde teremos certamente um calendário legislativo mais curto, e, por outro lado, em face do agravamento da crise econômica, fiscal e social por que passa o país, é necessário que o Senado dê a sua contribuição, e a sugestão que fiz, acatada pelo presidente Renan e por todos os líderes, é que estabeleçamos desde já, ouvidos os blocos partidários, as prioridades de cada um desses blocos”, explicou o senador Aécio Neves.

De acordo com o presidente do PSDB, a proposta visa melhorar o desempenho do Senado num momento de grave recessão econômica e não prevê, obviamente, acerto de mérito nas votações. “O que estamos acertando é que os seis blocos partidários estabeleçam as suas prioridades. Caberá ao presidente Renan [Calheiros] definir o conjunto, o número de propostas que cada bloco poderia apresentar, obviamente respeitada aí uma certa proporcionalidade. Não teremos, obviamente, acerto de mérito na votação dessas propostas, mas de procedimento. Não haverá obstrução. Vamos debater essas propostas. Vamos apresentar eventualmente emendas a elas e vamos votar”, ressaltou.

Entrevista sobre a criação da CPMF

Em entrevista do Senado Federal, o senador Aécio Neves garantiu que o PSDB manterá posição contrária à volta da cobrança da CPMF e criticou o governo federal por insistir na criação de novos impostos para cobrir o rombo de R$ 120 bilhões previsto para o Orçamento de 2016.

Entrevista sobre a criação da CPMF

Em entrevista do Senado Federal, o senador Aécio Neves garantiu que o PSDB manterá posição contrária à volta da cobrança da CPMF e criticou o governo federal por insistir na criação de novos impostos para cobrir o rombo de R$ 120 bilhões previsto para o Orçamento de 2016.

PSDB anuncia que vai apoiar prorrogação da DRU

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, de Minas Gerais, anunciou nesta quarta-feira, que o PSDB vai votar a favor da proposta de emenda à Constituição que prorroga a Desvinculação de Receitas da União, a chamada DRU, que permite o governo utilizar livremente 20% dos recursos do Orçamento. Aécio garantiu que o seu partido irá apoiar propostas que beneficiem o equilíbrio fiscal do país.

Sonora do senador Aécio Neves
“É uma demonstração clara de que nas questões que dizem interesse ao equilíbrio fiscal do país, portanto, a retomada do crescimento e dos empregos, os brasileiros encontrarão no PSDB permanente apoio. Da mesma forma nos oporemos à criação de novos impostos ou aumento de alíquota dos atuais, pois acreditamos que isso não melhora a vida dos brasileiros. Portanto, é uma sinalização clara de que nós estamos dando, de que nas questões que interessam a vida dos brasileiros, tão prejudicada pelas irresponsabilidades e incompetência do governo do PT, o PSDB se colocará favoravelmente”.


Ao comentar a previsão de especialistas de que o país terá um crescimento negativo da economia em 3% no ano de 2016, Aécio Neves voltou a criticar a condução econômica do governo de Dilma Rousseff. O presidente tucano disse que o partido manterá posição contrária à CPMF e ao aumento de impostos.

Sonora do senador Aécio Neves
“Em relação a questão de criação de impostos, o governo na verdade não fez o seu dever de casa. Anunciou, em mais uma ilusão aos brasileiros, um conjunto de medidas de cortes que na prática não ocorreram. Sequer os cargos comissionados anunciados que seriam extintos ou cortados não foram na sua integridade. Portanto, não vemos nesse governo autoridade política ou mesmo moral para cobrar novos sacrifícios da população brasileira. Cada uma das propostas do ajuste será discutida por nós intensamente, na busca de caminhos para que o Brasil possa superar as dificuldades de hoje”.


A PEC da DRU ainda precisa ser votada em uma comissão especial, que terá prazo de até 40 sessões para elaborar um texto final a ser votado no plenário da Câmara em dois turnos. Caso seja aprovada, a PEC segue para análise do Senado. De Brasília, Shirley Loiola.

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