Aécio Neves – Entrevista sobre a reunião da bancada do PSDB na Câmara e Fundos de Pensão

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, concedeu entrevista coletiva, nesta quarta-feira (24/02), em Brasília. Aécio falou sobre a reunião da bancada do PSDB da Câmara, projetos das estatais, fundos de pensão e pesquisa CNT/MDA.

Leia a transcrição da entrevista do senador:

Sobre o encontro da bancada.

Vamos fazer reuniões periódicas com a nossa bancada garantindo a unidade de estratégia do PSDB nesse momento crucial da vida nacional. O PSDB tem que se fortalecer enquanto a principal alternativa de poder a esse modelo petista que tanta infelicidade vem trazendo ao Brasil e o nosso papel também é agir em conjunto com os outros partidos de oposição. Ontem, fizemos uma conversa importante com os presidentes e líderes de todos os partidos de oposição. Definimos nos engajar nesse movimento conduzido por lideranças da sociedade civil, pelas manifestações do próximo dia 13. Vamos botar sim a nossa cara e dizer basta a tudo isso que vem acontecendo com o Brasil. Há uma constatação das pessoas e dos cidadãos comuns de que com este governo, com a presidente Dilma, o Brasil não vai conseguir reiniciar o seu processo de retomada do crescimento.

Vamos continuar combatendo o governo e nos dispondo a votar matérias que sejam estruturantes e de interesse do país. Hoje mesmo no Senado vamos discutir e votar a proposta do senado Serra que retira a obrigatoriedade da Petrobras ser a operadora única dos postos de petróleo do pré-sal. Na sequência, um importantíssimo projeto do senador Tasso que faz uma revolução na governança das estatais está pautado. Em seguida, outro projeto, que eu relato, do senador Paulo Bauer, que fala da governança dos fundos de pensão que foram assaltados durante este período em prejuízos dos seus financiadores que são os funcionários de empresas estatais. Outro que trata da profissionalização dos cargos comissionados para acabar com esta farra da companheirada na ocupação de cargos públicos.


Sobre o Seminário do PSDB.

Vamos agora, dia 10 de março, fazer um grande encontro, em Brasília, para discutir os projetos na área social. O PSDB quer debater com o governo e com o PT as políticas sociais que estão em curso no Brasil, respeitando aquelas que tiveram efetivamente ou que trouxeram efetivamente ganhos para a população, mas apresentando alternativas a essa visão, a meu ver atrasada, arcaica e conservadora de compreender a pobreza apenas na dimensão da ausência de renda. Ela precisa ser compreendida em uma dimensão muito maior.

Debater com o governo trazendo para o Congresso Nacional um conjunto de propostas, e esse debate será com a base do governo aqui. Muitos tiveram ascensão social, sobretudo no início do governo do presidente Lula, em grande parte pelas medidas tomadas anteriormente, no governo do presidente Fernando Henrique. A principal delas foi a estabilidade da moeda. Não houve até hoje, no Brasil contemporâneo, nenhuma medida de maior alcance social do que o fim da inflação, que o PT infelizmente nos traz de volta, porque ela retira o mais perverso imposto que pune os que menos têm, os que não têm como se defender, por exemplo, em um sistema financeiro. E, infelizmente, algo que achávamos já enterrado retorna pela leniência e pela irresponsabilidade do PT.

Vamos mostrar ao TSE a importância de o mais rapidamente possível analisar as contundentes provas que lá estão. Vamos para as ruas nos manifestar contra o governo que aí está, e vamos aqui apresentar uma pauta, já que o governo não existe. O governo não existe como propositor de políticas públicas, o governo não existe como propositor aqui no Congresso de projetos que possam minimizar os efeitos dessa crise. Há um vácuo, um vácuo gravíssimo hoje no país de poder, e quem vem pagando a conta são os brasileiros mais pobres.


O senhor vai às ruas dia 13?

Estou avaliando essa possibilidade, já estive nas últimas manifestações, é bem possível que sim.


Sobre resultados da pesquisa CNT.

É uma pesquisa obviamente positiva para as oposições, se você de alguma forma contabilizar os números da oposição a diferença é maior ainda, mas é questão de momento. O PSDB tem que estar preparado para o embate com o PT quando ele vier a se dar. Se for em 2018 – tenho dúvidas se o governo tem capacidade para chegar lá – que seja em 2018. Se isso por alguma razão for antecipado, se esse calendário for antecipado, que o PSDB tenha responsabilidade – não é com seus membros, com a sua bancada, é com o Brasil – de atualizando o programa que nós apresentamos no ano passado ao Brasil nos apresentarmos como aquele agrupamento político que tem as melhores condições não apenas de vencer as eleições – essas eleições são uma etapa – mas dar ao Brasil, de novo, esperança.

Ontem, recebendo a vice-presidente da Argentina, nós comentávamos como a esperança é hoje um ativo importante até mesmo na economia, até mesmo para modificar perspectivas, para sinalizar positivamente até mesmo do ponto de vista de investimentos. Bastou a mudança de governo na Argentina para que os sinais na economia melhorassem e melhorassem muito. O Brasil precisa de novas perspectivas, e lamentavelmente para todos os brasileiros, sem exceção, o governo que foi eleito, o governo da presidente Dilma, perdeu essas condições. Isso nós estamos vendo todos os dias.

O governo da presidente Dilma tem hoje duas propostas. Não tem uma terceira. A primeira delas, o primeiro dos projetos da presidente Dilma, é se manter no poder o maior tempo possível ainda, tentando chegar ao final do seu mandato. E a segunda é aprovar mais um imposto que recairá sobre as costas dos trabalhadores brasileiros.


O PSDB vai aprovar proposta de federalização das estatais?
Nós não discutimos ainda isso. Temos que discutir o que significa efetivamente cada uma delas. O que nós queremos é dar transparência, profissionalismo à gestão das estatais. Existem projetos que se combinam. O do Tasso (Jereisatti), e outro, que eu estou relatando, que trata da gestão dos fundos de pensão, e temos esse da gestão das estatais. Isso é prioritário: darmos às estatais a transparência que elas não têm hoje, metas que elas não têm hoje para serem alcançadas e dar aos fundos de pensão o profissionalismo que eles não tiveram.


Sobre projeto que muda regras para conselhos dos fundos de pensão.

Queremos desaparelhar, queremos tirar do alcance dos amigos do poder a gestão dos fundos de pensão, porque todos eles, sem exceção, apresentam hoje déficits bilionários, e quem vai pagar a conta não são os dirigentes indicados pelo PT, não é a presidente da República que indicou esses dirigentes. Quem paga a conta dessa gestão temerária da maioria dos fundos de pensão das empresas estatais são aqueles que contribuem para esses fundos e que dependem deles para sobrevivência sua e de suas famílias. O que nós queremos é retirar das garras do petismo e do governo a gestão dos fundos de pensão. Eu pretendo, na semana que vem, ter esse projeto já colocado em pauta para votar no Senado.

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