Aécio Neves – Entrevista coletiva sobre a reunião com o vice-presidente Michel Temer

O senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB, concedeu entrevista coletiva após a reunião com o vice-presidente Michel Temer, nesta terça-feira (03/05).

Leia trechos da entrevista do senador:

Como foi a conversa?

O vice-presidente nos convidou para um almoço, a mim e aos líderes Cássio Cunha Lima (Senado) e Antônio Imbassahy (Câmara). Apresentamos a ele o documento que é a síntese do que o PSDB pensa em relação a princípios e a valores e a propostas para um governo de emergência nacional, como temos chamado o futuro governo de Michel Temer. São questões que começam pela reforma política, passam pelas questões na área econômica, chega a questões na área social. Portanto, acho que é um belo roteiro, emergencial para com as dificuldades que vive o Brasil. Reiteramos ao vice-presidente da República a partir da reunião que tivemos hoje com todos os governadores do PSDB, sem exceção, e depois, com toda a Executiva Nacional, que o PSDB não tem interesse e disposição neste instante em indicar nomes para o governo.

Nos sentimos mais confortáveis em dar esta contribuição, desta forma, para que ele possa ter a absoluta liberdade de montar um governo no nível das expectativas da sociedade brasileira. Disse ao presidente Michel Temer que, no caso dele e do seu governo, a primeira impressão é a única que existe. É preciso que logo na largada, não apenas na constituição do governo, mas também das propostas que ele deverá apresentar ao país, é importante que elas gerem esperança, o otimismo que vem faltando ao Brasil para superar esta crise. Fizemos, portanto, nosso papel institucionalmente. O documento foi entregue. O nosso apoio congressual será absoluto, mas ele não precisa do ponto de vista de ocupação de cargos se preocupar com o PSDB.


Se ele escolher alguns nomes do PSDB, os senhores vão se opor?

Não vamos criar dificuldades ao vice-presidente Michel Temer. Cabe ao presidente da República, em um regime presidencialista, montar seu governo. Ele deverá buscar, na nossa avaliação, na palavra que ele deu ao líder Cássio Cunha Lima e ao líder Imbassahy, que busque fazer o melhor. Sabemos que existem amarras, que existem também comprometimentos partidários, mas é muito importante que nesse momento esta lógica se altere um pouco, para que ele possa buscar os melhores dentro de partidos. Não é impossível que ele os encontre, mas fora de partidos também. Não há necessidade, na nossa avaliação, de seguir-se aquela lógica de compartimentalização de ministérios a partir do conjunto de partidos que o apoiam. O essencial é que ele consiga constituir o apoio congressual para que essa agenda seja aprovada. Não há tempo a perder. O vice-presidente Michel Temer, em assumindo a presidência da República, a meu ver, deve assumir já com um conjunto de medidas a serem propostas ao Congresso Nacional logo no primeiro dia.


A primeira impressão é de fisiologismo? É essa a reclamação do PSDB?

Não cabe a nós determinarmos quem serão os ministros ou condenarmos essa ou aquela nomeação. Cabe a nós alertarmos, como parceiros que queremos ser dessa fase da vida nacional, para a necessidade de que o futuro ministério atenda minimamente às expectativas do país. Não pode ser uma simples baldeação de um governo que finda para um que inicia. O vice-presidente não tem tempo para errar. Viemos aqui como brasileiros, de forma absolutamente desprendida, nós sabemos que qualquer apoio gerará desgastes, estamos absolutamente prontos para ele porque, por outro lado, seria impensável e injustificável que nós simplesmente virássemos as costas para um governo eventual, circunstancial, em um momento de crise como esse. Não vamos. A bancada na Câmara está aqui para dizer que apoiará integralmente esse conjunto de medidas, a bancada do Senado da mesma forma e a direção nacional do partido também. Mas é importante que ele próprio compreenda que é preciso que, nessa largada, ele mostre ao Brasil que também as práticas políticas mudaram.

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